Mesmo agora, faço uma atualização meio preguiçosa, compartilhando com vocês um texto que publiquei na edição nº 17 da Classe A Magazine, daqui de Campinas e região. Espero que gostem!
Grande abraço e até a próxima!
"Você conhece a Zweigelt?
Primeiramente, se você por acaso acompanha meu blog, o
profissaosommelier.com, já deve ter visto por lá um post com este mesmo título.
Mas este não é o mesmo texto, “copiei” de mim mesmo apenas o título, adequado
ao tema aqui escolhido.
Nosso tema hoje são uvas, ou como nos referimos a elas no
mundo do vinho, castas. Mas não quaisquer castas, e sim aquelas menos comuns,
muitas vezes absolutamente desconhecidas do grande público, e que apresentam,
comumente, os mais surpreendentes resultados.
Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Chardonnay, Sauvignon
Blanc, Syrah e Pinot Noir são castas que produzem ótimos vinhos, na verdade,
alguns dos melhores e mais caros do mundo! Porém, o que seria do amarelo se
todos gostassem do vermelho?
Em um mercado cada vez mais padronizado, com produtores em
busca de vendas fáceis, e apresentando vinhos dentro de um perfil dito
“internacional”, a saber, vinhos de bom corpo, macios, frutados, e com uma
sensível dose de madeira, é um mais do que bem vindo refresco quando
encontramos nas prateleiras rótulos que ostentam nomes como Carignan,
Mourvédre, Teroldego, Zweigelt, Bastardo, Caladoc, Vermentino, Plavac Mali, e
etc. etc. etc...
Aqui, temos dois tipos diferentes de vinhos feitos com
estas, e muitas outras, castas; aqueles feitos por enólogos criativos e
ousados, dispostos a experimentar novos sabores em novos terroirs, e aqueles
tradicionais, de regiões e/ou países pouco conhecidos nos mercados
internacionais.
No primeiro grupo, encontramos principalmente vinhos do novo
mundo, Chile, Argentina, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Estados
Unidos, Brasil e Cia., embora haja também curiosas experiências em nações mais
tradicionais, como Portugal, Itália e Espanha. Estes são em geral vinhos de boa
qualidade, modernos, e que buscam exprimir a tipicidade destas pouco usuais
castas em terroirs específicos. São em geral bons vinhos, e que valem muito a
pena pela oportunidade de provar diferentes expressões de países produtores já
conhecidos.
Porém, é no segundo grupo que encontramos as opções mais
curiosas e instigantes! Afinal, falamos aqui de castas cuja origem, estilo e
cultivo estão intimamente ligados às suas respectivas regiões, vinhos
autênticos, típicos, de personalidade. Delícias como as supracitadas Zweigelt
(Áustria), Bastardo (Douro, Portugal), Vermentino (Sardegna, Itália) e Plavac
Mali (Croácia), ou ainda Poulsard, Trousseau e Savagnin (Jura, França),
Encruzado, Antão Vaz e Ramisco (Portugal), Mencía e Bobal (Espanha), Aglianico
e Piedirosso (Itália), Agiorgitiko e Assyrtico (Grécia), Humagne Rouge e Petite
Arvine (Suíça), e tantas outras, que não seria possível mencionar em dez
artigos. Muitas destas castas perderam espaço nos vinhedos, por conta de
questões comerciais, e de um público sempre em busca de nomes conhecidos nos
rótulos. No entanto, com o crescimento do mercado consumidor, e,
principalmente, com o aperfeiçoamento destes consumidores, o interesse pelo
menos óbvio aumenta a cada dia. Regiões e vinícolas que antes atendiam apenas
aos mercados internos, hoje se preocupam com exportações e a conquista de novos
mercados; importadoras, antes focadas nos produtos mais conhecidos, reconhecem
hoje a importância de contar com produtos particulares em seus catálogos.
Você,
que assim como eu é, antes de qualquer coisa, um consumidor, valorize estes
produtos, prove, deguste, divulgue, descubra. Todo novo vinho, todo novo sabor,
toda nova casta é uma descoberta e um aprendizado. Encontrando um nome estranho
e pouco usual nas prateleiras, compre sem medo, e partilhe esta experiência
nova com seus amigos! Nada contra o seu
vinho do dia a dia, seja ele qual for, mas não está na hora de ampliar um pouco
o repertório?"
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