Uruguai, Pequeno Gigante
O Uruguai não é, nem de longe, nosso primeiro pensamento
quando se trata de importantes nações vitivinícolas. Especialmente a partir de
uma visão da Europa continental, onde raras serão as oportunidades de contato
com os produtos deste país.
Falamos aqui de um país de pequenas dimensões, mesmo para os
padrões europeus, com uma população de 3,4 milhões de pessoas e 12,3 milhões de
cabeças de gado! Isso mesmo, 4 cabeças de gado para cada habitante. A pecuária
é indubitavelmente a grande vocação nacional, com a produção de algumas das
melhores carnes do mundo, mas os vinhos vêm a cada dia ganhando mais espaço nas
melhores adegas e mesas mundo afora.
A área total de vinhedos é ainda modesta, com cerca de
7.000ha, menos do que algumas vinícolas individuais dos vizinhos Chile e
Argentina, fornecendo uvas para cerca de 200 vinícolas. Com a posse da terra
nas mãos de mais de 1750 pequenos proprietários, a média das propriedades é de
cerca de 5ha.
A história do vinho no Uruguai é relativamente recente,
mesmo quando comparado com outros países do Novo Mundo, que iniciam sua
caminhada nos séculos XVI e XVII; a produção em maior quantidade só tem início
na década de 1870, período em que uma leva de imigrantes italianos e bascos
abraçam a vitivinicultura como atividade econômica. É justamente nesta década
que o basco Pascal Harriague, originário do sudoeste francês, introduzo no país
a casta Tannat, que saída do Madiran, tornou-se hoje a casta emblemática em
terras cisplatinas, em função de sua perfeita adaptação ao clima e solos
locais. Aliás, Harriague é um sinônimo local da Tannat.
O clima do país é muito diferente dos outros grandes
produtores sul-americanos, Argentina e Chile, que tem climas muito mais secos,
marcados também pela altitude e pela proximidade de suas zonas produtoras com a
Cordilheira dos Andes.
Aqui temos uma forte influência do Oceano Atlântico, gerando
condições mesoclimáticas usualmente comparadas àquelas de Bordeaux, ainda que
os índices pluviométricos e as temperaturas sejam maiores. Com metade da população
concentrada na capital, Montevidéu, as margens do rio de la Plata, no sul do
país, as plantações acabam também concentradas no sul, especialmente nos departamentos
de Canelones, San José e Colonia, onde predominam os solos argilo calcáreos
profundos, porém novas áreas de produção vem sendo mais e mais exploradas, nos
solos graníticos dos arredores de Punta del Este, ou nos solos pobres e secos
de Cerro Chapeu, na fronteira com o Brasil ao Norte.
Hoje, 16 dos 19 departamentos que compõem o Uruguai tem
produção de vinhos, com uma atenção cada vez maior das vinícolas as sutilezas e
distinções entre os seus diversos terroirs.
Ainda que o grande símbolo dos vinhos uruguaios seja a
Tannat (49% de todos os tintos), encontramos aqui uma indústria dinâmica e
inovadora, com variedades tão distintas como a Alvarinho, Marselan ou a
Zinfandel ao lado de outras clássicas, como Chardonnay, Merlot, Sauvignon Blanc,
Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon, produzindo vinhos com boa tipicidade,
sempre marcados pelo excelente equilíbrio entre os níveis de álcool e acidez,
proporcionado pelo clima ameno e pelas marcadas amplitudes térmicas durante a
maturação das uvas. Novos vinhedos e novas castas são plantadas a cada dia, o
que só busca ampliar a oferta de vinhos deliciosos e inovadores.
Os principais mercados dos vinhos uruguaios são o Brasil e
os Estados Unidos, o que evidentemente diminui a oferta destes vinhos na
Europa, mas são vinhos de caráter e qualidade, que devem ser mais bem
compreendidos e saboreados, como expoentes da produção do Novo Mundo que são.
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