As castas símbolo aqui são a tinta Baga, e as brancas Bical e Maria Gomes (ou Fernão Pires). O solo é pesado, argiloso, o que resulta em vinhos mais encorpados. Isso somado ao toque rústico natural da Baga resultará em tintos estruturados e com potencial de guarda, muitas vezes até difíceis de degustar quando jovens. Nos dias de hoje, uma série de processos enológicos mais modernos tem resultado em vinhos mais macios e prontos, tendência esta iniciada por pioneiros como Luís Pato, que assumiu como missão a tarefa de “domar” a Baga, tornando-a uma uva mais comercial e acessível.
Entrada da Quinta da Bágeiras |
A Bágeiras é uma vinícola relativamente pequena, familiar, que iniciou suas atividades no fim dos anos 80. O proprietário, Mário Sérgio Alves Nuno, participa de todo o processo, e é atento aos menores detalhes. A Bágeiras produz ótimos tintos e brancos, muito bons mesmo, mas é nos grandes espumantes que está sua grande vocação, vinhos complexos e longevos, cujas provas compartilharei a seguir.
Fomos recebidos primeiramente pelo Bernardo, um moçambicano autointitulado “pau-para-toda-colher”, que nos guiou em uma didática visita pelas caves da Bágeiras, mostrando na prática todo o processo de produção de espumantes pelo Método Clássico.
O "Pau-Para-Toda-Colher" Bernardo |
As leveduras e a mágica da autólise |
Pupitres |
Reserva de safras antigas. Imagina se cai a última garrafinha la de baixo... |
Só para lembrar da "pequena" pressão de 6 atmosferas que se encontra dentro de uma garrafa de espumante. |
Aqui nós comemos o Leitão. Depois desta foto, acabaram minhas pilhas... |
1 – Espumante Brut Reserva 2009
Leve nota de fermentação, fruta branca e leve floral. Ótima mousse, grande frescor, discreto amargor e média longa persistência.
4D+
2 – Espumante Grande Reserva 2003
Mel, frutas secas, leve balsâmico. Excelente frescor, complexo e longo. Já com um pouco menos de gás.
4D+
3 – Espumante Colheita 1989
Um espetáculo, complexo, evoluído, cogumelos, frutas secas, etéreo, bom perlage, embora não muito intenso, cremoso, muito longo, quase um grande Champagne.
5D+
4 – Colheita Branco 2010
Corte de Maria Gomes, Bical e Cercial, com fruta amarela delicada, algo de floral, ótimo frescor, boca cítrica, macio e longo.
3D+
5 – Garrafeira Branco 2009
Corte de Maria Gomes e Bical, com notas marcadas de baunilha e fermento, por conta da fermentação em barricas. Fruta amarela mais madura, cera, bom frescor, fino, longo e harmônico, complexo.
4D+
6 – Reserva Tinto 2008
Corte de Baga e Touriga Nacional, com boa fruta, madura e limpa, algo de floral. Bom frescor, ótima adstringência, com taninos muito finos, longo e equilibrado.
4D+
7 – Garrafeira Tinto 2004
Um Baga maduro, balsâmico, com fruta em compota, estragão e alcaçuz. Grande frescor, finíssimo, longo, muita especiaria no retro olfato. Harmônico, um grande vinho.
5D
Ótimos vinhos, comida de cair o queixo, anfitriões simpáticos e acolhedores, tudo perfeito, um grande encerramento, não é? Pois é, mas ainda faltava um último jantar...
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
Grande abraço e até a próxima.
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