"Nos últimos tempos, tem surgido e, nossas prateleiras
algumas opções de vinhos canadenses; mais até do que isso, o fluxo cada vez
maior de brasileiros ao exterior tem permitido que muitos tenham contato com
estes produtos, já não tão incomuns assim.
No entanto, ao pensarmos em Canadá, a primeira imagem que
nos vem à mente é a de um país frio, quase polar, onde fica bem difícil
imaginar a produção de vinhos finos. Esta é uma meia verdade! De fato, o Canadá
tem um clima predominantemente frio, porém, as áreas mais próximas à fronteira
com os Estados Unidos estão tão próximas do equador quanto à ensolarada
Toscana. O clima, predominantemente continental, permite, em zonas específicas,
verões suficientemente quentes e longos para permitir a maturação de uvas viníferas
de boa qualidade.
A vitivinicultura canadense é definida pela proximidade dos
vinhedos com massas de água, como grandes lagos ou rios, que funcionam como um
alívios às agruras do inverno. A maior parte da produção se concentra nas
províncias de Ontário e British Columbia, respectivamente a leste e a oeste do
país.
Em British Columbia, próximo ao estado americano de
Washington, a produção está forte mente concentrada no Okananga Valley, cortado
pelo rio homônimo. Em especial nos crescentes vinhedos do sul da região, uvas
como a Cabernet Franc, Pinot Noir, Riesling, além de cepas normalmente
plantadas em climas mais quentes, como Cabernet Sauvignon e Syrah, tem
apresentado resultados promissores.
Já em Ontário, localiza-se a principal região produtora do
país, a península de Niágara. Protegida do frio excessivo pelos lagos Ontário,
ao norte, e Erie, ao sul, concentra a maior extensão de vinhedos, e tem obtido
resultados surpreendentes e consistentes com castas como a Riesling, Pinot Noir
e Cabernet Franc. Além das vantagens climáticas, o sucesso da península do
Niágara se deve também a visão dos produtores, que no final dos anos 1980,
foram os primeiros do Canadá a estabelecer regras definindo a qualidade e
procedência de seus vinhos. Vinhos com a sigla VQA (Vintners Quality Alliance)
são, em geral, uma garantia de boa qualidade.
Porém, ainda que a maior volume produzido seja de vinhos
secos, é importante destacar aquele que talvez seja o mais conhecido produto
canadense, em especial por sua ligação íntima a imagem que temos do Canadá como
um país gelado, o Ice Wine, ou vinho do gelo.
Com um clima seco e invernos muito frios, o Canadá tem
condições de produzir vinhos a partir de uvas congeladas todos os anos,
diferente de regiões também consagradas por este produto na Alemanha e Áustria.
A título de informação, o Ice Wine (ou Eswein, na Alemanha e Áustria) é um
vinho produzido com uvas sobre maduras, que ficam nas parreiras até a chegada
do inverno rigoroso, que as congelará, sendo então colhidas e prensadas ainda
congeladas. Deste modo, boa parte da água se separa do restante do mosto,
ficando este muito doce e concentrado. No caso específico do Canadá, a colheita
só pode ser feita com temperaturas de -8 C°, e o vinho resultante deve ter não
menos do que 100gr/l de açúcar residual. São vinhos sedutores, pelos quais é
fácil se apaixonar.
Os melhores exemplares são obtidos com a Riesling, porém, e
esta é outra particularidade canadense, vinhos muito bons são também produzidos
com a casta híbrida Seyval Blanc. Os preços, lá no Canadá, podem variar entre
boas ofertas até custos significativamente mais elevados. Em todo caso, são
vinhos únicos, vibrantes, dos quais vale muito a pena ter-se a experiência de
tê-los provado. Encontrando algum, aqui ou em sua próxima viagem, não perca a
chance de conhecê-lo!"
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