"Já é fato consumado que empresas
aéreas sempre disponibilizaram um sortimento de bebidas alcoólicas de primeira
linha em suas classes executiva e primeira. Neste contexto, o vinho
muitas vezes ocupa um lugar de destaque, entretanto, para a classe econômica,
também é cada vez maior a oferta de produtos de boa qualidade, em especial no
caso de companhias de países tradicionalmente produtores.
Esta crescente demanda, gera uma
constante preocupação em contar com consultores externos, e muitas vezes
famosos, para a elaboração de suas Cartas de Vinhos. Entre os brasileiros,
temos o Dr. Arthur Azevedo, da ABS São Paulo, há vários anos responsável pela
seleção de vinhos da TAM, e o Chef e Sommelier ítalo-brasileiro Dânio Braga,
responsável pela seleção da portuguesa TAP.
Embora as seleções de vinhos para
classe econômica tenham uma melhora significativa em tempos recentes, são nos
assentos mais caros onde encontramos os melhores produtos e o melhor serviço,
com taças de verdade, que permitem uma adequada degustação. No que se refere à
degustação é importante lembrar que, no ambiente de baixa pressão da cabine de
uma aeronave, nossa percepção olfativa é alterada, o que só reforça a
necessidade de bons vinhos e boas taças, a fim de garantir uma experiência
prazerosa ao passageiro.
Em uma recente (e longa) viagem
ao Japão, sobre a qual falarei um pouco mais em outro artigo, tive a sorte de
por um gentil convite da Qatar Airways, desfrutar do conforto de sua premiada
bussines class em um dos trechos de Doha até São Paulo, e partilho com vocês
algumas impressões, em especial a respeito do serviço e da seleção de vinhos.
Como em geral e padrão em todas
as empresas, aqui o serviço é feito em taças de verdade, e não de plástico, ou
ainda copos baixos de vidro, como é comum. Isso, por si só, já enriquece
significativamente a experiência de degustação. Aliado a isso, a Carta de
vinhos trás uma seleção cuidadosa, com produtos escolhidos das melhores
procedências, e ainda informações completas sobre cada um deles como uvas,
safras e informações sobre os produtores. Existe uma preocupação em cobrir
estilos variados, com vinhos do novo e velho mundo, versáteis o suficiente para
adaptarem-se a uma variedade de pratos e paladares.
Entre meus destaques da Carta da
Qatar Airways, ficam os seus dois Champagnes, Bollinger Brut Rosé e Lanson
Vintage 1999, um belo branco alemão, o Erdener Treppchen Spätlese Riesling do
produtor Dr. Loosen, um Brunello di Montalcino mais maduro, o Castel Giocondo
2003, da Frescobaldi, e um ótimo Porto Colheita 1974, cujo nome, por absoluto e
imperdoável desleixo, não anotei. Além destes, ainda havia um Bordeaux 2006 Cru
Bourgeois de ótima procedência, um belo Sauvignon Blanc neozelandês, entre
outros.
Toda a equipe de bordo estava
devidamente bem orientada em relação à liturgia particular do serviço dos
vinhos, atentando para volume servido, reposição, troca de taças, temperatura e
etc.
Com o constante aumento do
mercado consumidor de luxo, em especial em países em desenvolvimento como o
Brasil, apresentar uma ampla seleção de serviços e produtos diferenciados, é
uma necessidade premente de todas as empresas aéreas que buscam fidelizar
clientes em seus assentos mais caros. Nesta equação, o vinho, produto cada vez
melhor compreendido e respeitado, ocupa, sem dúvida, uma posição de destaque."
Texto publicado originalmente no portal Gastrovia!
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