Em primeiro lugar, vale esclarecer que hoje a Ilha da Madeira conta, segundo o Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira (IVBAM), com apenas 7 produtores do Madeira fortificado, embora o número de viticultores seja muito maior. Isto posto, fica claro que, além de um significativo esforço conjunto na divulgação e fortalecimento da marca Vinho da Madeira, cada um há de empreender esforços significativos no sentido de reforçar sua individualidade e particularidade em relação aos demais, fato este que pudemos verificar em nossas duas visitas.
Para começar, Vinhos Barbeito; uma empresa familiar, fundada em 1946, e relativamente pequena. Desde 1991, a Barbeito abdicou da produção e venda de vinhos simples a granel, e passou a dedicar sua atenção a produção e engarrafamento de Madeira de qualidade. Passou também a atuar por meio de uma Joint Venture com a Kinoshita International, importador japonês de vinhos e destilados, o que deu novo fôlego a empresa nesta nova fase, focada mais em qualidade do que em quantidade.

Para começar, Vinhos Barbeito; uma empresa familiar, fundada em 1946, e relativamente pequena. Desde 1991, a Barbeito abdicou da produção e venda de vinhos simples a granel, e passou a dedicar sua atenção a produção e engarrafamento de Madeira de qualidade. Passou também a atuar por meio de uma Joint Venture com a Kinoshita International, importador japonês de vinhos e destilados, o que deu novo fôlego a empresa nesta nova fase, focada mais em qualidade do que em quantidade.
Foram degustados ao todo 17 vinhos, dos mais simples, a base de Tinta Negra Mole, aos varietais mais nobres. A curiosidade ficou por conta de quatro amostras de tanque, da casta Tinta Negra Mole, sendo duas da safra 2010 e duas da safra 2008, onde pudemos verificar a influência de dois diferentes processos de vinificação; a maceração e fermentação em lagares, com a presença das cascas, e a bica aberta, onde o mosto é removido e fermentado sem a presença das cascas. Nas amostras mais jovens, o vinho fermentado em lagar apresenta mais intensidade de aromas e sabores, porém, após dois anos apenas, o vinho obtido pelo método de bica aberta, embora menos frutado, apresenta maiores complexidade, equilíbrio e elegância. Seguem as notas de degustação completas:
Ossos do ofício...
Tinta Negra Mole
1 – Rainwater 5 Anos
Da linha mais simples da casa, meio seco, com notas marcadas de frutas secas e boca limpa. Um bom aperitivo. 3D
2 – Island Rich 5 Anos
Também dos mais simples, agora no estilo doce. Ameixa em compota e tostado, com boa acidez e doçura equilibrada. 3D
3 – Tinta Negra 2010, Tanque 77, Lagar
Coloração rubi, frutado e vinoso, leve empireumático, com alguma presença de taninos, meio doce, alcoólico, com média persistência. 3D
4 – Tinta Negra 2010, Tanque 79, Bica Aberta
Pouco aromático, mais doce, mais ácido. Equilibrado, com maior persistência. 3D
5 – Tinta Negra 2008, Casco 720, Lagar
Chocolate amargo, tostado intenso, alguma fruta, bom frescor, meio seco, agradável, com média persistência. 3D
6 – Tinta Negra 2008, Casco 111, Bica Aberta
Mais complexo, casca de laranja e especiarias, leve amargor, meio doce, equilibrado e longo. 3D+
7 – Single Harvest 2000
Meio seco, com 3.061 garrafas produzidas. Aromas de tostados e cítricos. Fresco, sápido, discreto taninos e média/longa persistência. 3D+
8 – Colheita 2002 Single Cask
Doce, com 1.035 garrafas produzidas. Frutas amarelas em compota, ótima acidez e equilíbrio. 3D+
9 – Colheita 1995 Single Cask
Meio doce, com 988 garrafas produzidas. Coloração mais intensa, com flores e especiarias, ótima acidez e longa persistência. 3D+
Da linha mais simples da casa, meio seco, com notas marcadas de frutas secas e boca limpa. Um bom aperitivo. 3D
2 – Island Rich 5 Anos
Também dos mais simples, agora no estilo doce. Ameixa em compota e tostado, com boa acidez e doçura equilibrada. 3D
3 – Tinta Negra 2010, Tanque 77, Lagar
Coloração rubi, frutado e vinoso, leve empireumático, com alguma presença de taninos, meio doce, alcoólico, com média persistência. 3D
4 – Tinta Negra 2010, Tanque 79, Bica Aberta
Pouco aromático, mais doce, mais ácido. Equilibrado, com maior persistência. 3D
5 – Tinta Negra 2008, Casco 720, Lagar
Chocolate amargo, tostado intenso, alguma fruta, bom frescor, meio seco, agradável, com média persistência. 3D
6 – Tinta Negra 2008, Casco 111, Bica Aberta
Mais complexo, casca de laranja e especiarias, leve amargor, meio doce, equilibrado e longo. 3D+
7 – Single Harvest 2000
Meio seco, com 3.061 garrafas produzidas. Aromas de tostados e cítricos. Fresco, sápido, discreto taninos e média/longa persistência. 3D+
8 – Colheita 2002 Single Cask
Doce, com 1.035 garrafas produzidas. Frutas amarelas em compota, ótima acidez e equilíbrio. 3D+
9 – Colheita 1995 Single Cask
Meio doce, com 988 garrafas produzidas. Coloração mais intensa, com flores e especiarias, ótima acidez e longa persistência. 3D+
Castas Brancas
1 – VB Reserva
Meio seco, com 2.478 garrafas. Pouco usual corte de Verdelho (60%) e Boal (40%). Nariz agradável e austero, menos acidez e mais estrutura, com um discreto amargor. 3D
2 – Verdelho Old Reserve 10 Anos
Quase seco, com chocolate ao leite, nozes e cravo. Sápido, com bom fresco e sensação de boca limpa. 3D+
3 – Boal Old Reserve 10 Anos
Meio doce, com um nariz mais austero, frutas secas e cristalizadas. Leve chocolate em boca, agradável e equilibrado. 3D
4 – Malvasia Old Reserve 10 Anos
Doce. Leve mineral e marcadas notas oxidativas, frutas secas, laranja, boa acidez e persistência. 3D+
5 – Malvasia 2000 Single Cask
Doce, com 980 garrafas engarrafadas em novembro/2010. Mineral bem marcado, com uma doçura gostosa e equilibrada. Média/longa persistência e retro olfato evocando laranjas. 4D
6 – Sercial 1988 Frasqueira
Meio seco, com 900 unidades engarrafas em janeiro/2011. Nariz delicado, com notas florais e oxidativas. Sápido, equilibrado, com longa persistência. 4D
7 – Boal 1978
Meio doce, com 618 unidades engarrafadas em janeiro/2011. Achocolatado, crème anglaise, frutas secas, boca cheia, jovem, longo, com leve adstringência e retro olfato de manga verde. Muito bom. 5D
8 – Malvasia 20 Anos
Meio doce, 874 unidades engarrafadas em novembro/2010. Intenso, etéreo, fresco, equilibrado e harmônico. 5D
Depois desta “pequena” sequência, um rápido almoço a beira mar, com o típico peixe espada preto, acompanhado de um delicado molho de maracujá e banana, todos ingredientes tradicionais da Ilha; e a seguir, Madeira Wine Company.
Para a degustação, 6 vinhos representativos das diversas linhas da casa, conforme segue.
1 – Duke of Clarence Rich
Vinho da linha básica da Blandy’s, feito a partir da casta Tinta Negra Mole, e envelhecido por três anos. Oxidativo marcado, figos e caramelo queimado, correto. 3D
2 – Alvada 5 Years
Nova linha da Blandy’s, com um visual mais moderno, buscando atingir novos consumidores. Doce, com notas de caramelo mais intensas, bem fresco e estruturado, sem deixar de lado o equilíbrio. 3D
3 – Malmsey Single Harvest 2004
Mineral marcado, fresco, equilibrado e longo. 3D
4 – Verdelho 10 Years
Meio seco, com aromas finos, frutas secas e mineral intenso. Equilibrado e longo. 4D
5 – Malmsey Colheita 1994
Doce, cacau, melado de cana, borra de café. Excelente acidez, longo. 4D
6 – Terrantez 1976
21 anos em carvalho, engarrafado em 1997. Feito a partir da mais rara casta da Ilha da Madeira, e historicamente reconhecida por sua qualidade superior. Como já diz um secular verso da Madeira, “As uvas Terrantez, não as comas nem as dês, pois para o vinho Deus as fez”, o que podemos confirmar neste exemplar. Trufa branca, frutas secas, castanhas, amêndoas e especiarias. Bom corpo, sápido e equilibrado. Boca limpa e interminável persistência. 6D
A parte “triste” da visita ficou por conta de algumas garrafas centenárias, como um Boal 1811, um Verdelho 1822 e um Terrantez 1899, que pudemos ver, tocar, abrir e cheirar... mas não provar... Enfim, nada é perfeito.
Meio seco, com 2.478 garrafas. Pouco usual corte de Verdelho (60%) e Boal (40%). Nariz agradável e austero, menos acidez e mais estrutura, com um discreto amargor. 3D
2 – Verdelho Old Reserve 10 Anos
Quase seco, com chocolate ao leite, nozes e cravo. Sápido, com bom fresco e sensação de boca limpa. 3D+
3 – Boal Old Reserve 10 Anos
Meio doce, com um nariz mais austero, frutas secas e cristalizadas. Leve chocolate em boca, agradável e equilibrado. 3D
4 – Malvasia Old Reserve 10 Anos
Doce. Leve mineral e marcadas notas oxidativas, frutas secas, laranja, boa acidez e persistência. 3D+
5 – Malvasia 2000 Single Cask
Doce, com 980 garrafas engarrafadas em novembro/2010. Mineral bem marcado, com uma doçura gostosa e equilibrada. Média/longa persistência e retro olfato evocando laranjas. 4D
6 – Sercial 1988 Frasqueira
Meio seco, com 900 unidades engarrafas em janeiro/2011. Nariz delicado, com notas florais e oxidativas. Sápido, equilibrado, com longa persistência. 4D
7 – Boal 1978
Meio doce, com 618 unidades engarrafadas em janeiro/2011. Achocolatado, crème anglaise, frutas secas, boca cheia, jovem, longo, com leve adstringência e retro olfato de manga verde. Muito bom. 5D
8 – Malvasia 20 Anos
Meio doce, 874 unidades engarrafadas em novembro/2010. Intenso, etéreo, fresco, equilibrado e harmônico. 5D
Depois desta “pequena” sequência, um rápido almoço a beira mar, com o típico peixe espada preto, acompanhado de um delicado molho de maracujá e banana, todos ingredientes tradicionais da Ilha; e a seguir, Madeira Wine Company.
A Madeira Wine Company surgiu em 1913, como Madeira Wine Association, sendo então uma associação comercial, que visava concentrar os esforço comerciais de vários produtores sob uma única bandeira. Com o tempo, mais e mais empresas juntaram-se a associação, que veio a se tornar uma empresa de fato, proprietárias das marcas Blandy’s, Leacock, Cossart-Gordon e Miles, a mais antiga datando de 1760. Desde o princípio dos anos 80 a família Blandy, residente na ilha desde 1811, assumiu o controle da empresa, e constituiu em 1989 uma sociedade com a família Symington, tradicionais produtores de vinho do Porto, o que trouxe um novo impulso as vendas da MWC.
As instalações da MWC são grandes para os padrões da Ilha, contando inclusive com sua própria tanoaria, e uma grande armazém climatizado em “agradáveis” 38°C, a fim de permitir aos vinhos, quer seja em tanques de epóxi, quer seja em cascos de carvalho, desenvolver seu caráter típico.

As instalações da MWC são grandes para os padrões da Ilha, contando inclusive com sua própria tanoaria, e uma grande armazém climatizado em “agradáveis” 38°C, a fim de permitir aos vinhos, quer seja em tanques de epóxi, quer seja em cascos de carvalho, desenvolver seu caráter típico.
Tonéis de vinho envelhecendo a "agradáveis" 38°C
Para a degustação, 6 vinhos representativos das diversas linhas da casa, conforme segue.
1 – Duke of Clarence Rich
Vinho da linha básica da Blandy’s, feito a partir da casta Tinta Negra Mole, e envelhecido por três anos. Oxidativo marcado, figos e caramelo queimado, correto. 3D
2 – Alvada 5 Years
Nova linha da Blandy’s, com um visual mais moderno, buscando atingir novos consumidores. Doce, com notas de caramelo mais intensas, bem fresco e estruturado, sem deixar de lado o equilíbrio. 3D
3 – Malmsey Single Harvest 2004
Mineral marcado, fresco, equilibrado e longo. 3D
4 – Verdelho 10 Years
Meio seco, com aromas finos, frutas secas e mineral intenso. Equilibrado e longo. 4D
5 – Malmsey Colheita 1994
Doce, cacau, melado de cana, borra de café. Excelente acidez, longo. 4D
6 – Terrantez 1976
21 anos em carvalho, engarrafado em 1997. Feito a partir da mais rara casta da Ilha da Madeira, e historicamente reconhecida por sua qualidade superior. Como já diz um secular verso da Madeira, “As uvas Terrantez, não as comas nem as dês, pois para o vinho Deus as fez”, o que podemos confirmar neste exemplar. Trufa branca, frutas secas, castanhas, amêndoas e especiarias. Bom corpo, sápido e equilibrado. Boca limpa e interminável persistência. 6D
A parte “triste” da visita ficou por conta de algumas garrafas centenárias, como um Boal 1811, um Verdelho 1822 e um Terrantez 1899, que pudemos ver, tocar, abrir e cheirar... mas não provar... Enfim, nada é perfeito.
A impressão geral que ficou desta breve visita a Ilha da Madeira foi a de que seus vinhos são um grande tesouro a ser descoberto. Complexo, equilibrados e gastronômicos, com um potencial quase ilimitado de guarda, os Vinhos da Madeira estão, desde algum tempo, indubitavelmente, entre os meus favoritos, de acordo com o estilo para os mais variados momentos da refeição. Se você ainda não provou, prove surpreenda-se com o Vinho da Madeira.
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
No próximo post, voltamos ao continente.
Abraço e até lá.
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
No próximo post, voltamos ao continente.
Abraço e até lá.
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