Allez les Belges!
Às portas do próximo concurso
Best World Sommelier ASI, que será realizado na Bélgica, em Antuérpia, há um
natural aumento da curiosidade pelo país e seus produtos etílicos.
Nesta categoria, natural e
comumente, colocaríamos as cervejas, já uma tradição de longa data e, de certa
forma, a bebida nacional. Mas não só de cervejas vivem os belgas; produz-se
aqui também vinhos!
Os vinhos belgas não são de todo
uma grande novidade, que fique claro. Registros indicam o início da viticultura
por volta do séc. XIX e sua manutenção, em dimensões significativas, até o séc.
XVII e essa herança está presente nos nomes de ruas e vilas, como Vinalmont,
Vignette, Wjingaard, entre outras.
Mudanças climáticas ocorridas a época, além da
melhora nos meios de transporte que facilitou o acesso aos vinhos de outros
países, levaram a produção local a uma virtual interrupção. Interrupção está
que durou até as últimas décadas do séc. XX, quando a produção foi retomada e
1960, com vinhedos plantados em Huy e Borgloon, respectivamente por Charles
Legot e Jan Bellefroid. A partir daí também novas vinícolas inauguradas, e
chegamos o momento atual.
Para os padrões belgas, uma nação
relativamente pequena (menos de um terço do território Português) e de pouca
tradição no moderno mundo do vinho, vai bem a indústria local. Falamos aqui de
uma área total por volta dos 350ha de vinhas, dos quais dois terços localizados
em Flandres e um terço na Valônia. Já desde os anos 70 não foram poucos os
produtores que, ao selecionar as melhores castas para seus vinhedos, optaram
por variedades híbridas, mais adaptadas ao clima limítrofe da Bélgica, com a
híbridas Johanniter, Regent e Solaris figurando entras as 10 principais; porém,
a principal casta local, ocupando quase mais de um terço dos vinhedos, é a
Chardonnay, seguida das Pinots Noir e Gris. A Chardonnay é produzida tanto com
ou sem o uso de madeira.
Sempre é importante lembrar que
falamos aqui de um viticultura de clima frio, com vinhedos ao norte das mais
frias regiões francesas e alemãs, logo, o estilo esperado dos vinhos será
sempre vinhos leves e frescos, algo só reforçado pelas castas que ora
mencionamos, ainda que haja pequenas áreas plantadas com castas como Cabernet
Sauvignon, Tempranillo, Syrah e Nebbiolo, entre outras. Ainda assim, mais de 80%
da produção é de vinhos brancos, tranquilos e espumantes.
A organização e crescimento da
produção local levou, em 1997, a criação da primeira DOP belga, Hagelandse, à
qual seguiram-se outras nove, sendo duas exclusivamente para a produção de
espumantes, além de duas IGPs, Vlaamse e Jardins de Wallonie. A maior produção,
em volume, vem da AOP Hagelandse, seguida da AOP Côtes de Sambre et Meuse. As
regiões demarcadas todas são:
- AOP Hagelandse wijn
- AOP Haspengouwse wijn
- AOP Heuvellandse wijn
- AOP Maasvallei Limburg
- AOP Vlaamse Mousserende Kwaliteitswijn
- AOP Côtes de Sambre et Meuse
- AOP Crémant de Wallonie
- AOP Vin mousseux de qualité de Wallonie
- IGP Vlaamse landwijn
- IGP Vin de pays des Jardins de Wallonie
A produção atual aproxima-se de 1 milhão de
litros, sendo quase 370.000 litros DOP. O foco é na produção de qualidade,
afinal, uma produção tão pequena, quando comparada a escala global, precisa
calcar seu diferencial na qualidade daquilo que produz.
Mesmo com tal organização da
indústria, ainda falamos de uma maioria de pequenas propriedades, com cerca de
75% dos produtores possuindo vinhedos de menos de 3ha e produzem menos de 5.000
litros; apenas cerca de 30 vinícolas poderiam ser consideradas realmente de
escala comercial. Além de vinícolas comerciais, há também vinícolas comunitárias
e sem fins lucrativos, criadas com o objetivo de recuperar antigos vinhedos
históricos, ligados a abadias e castelos, e que normalmente direcionam seus
lucros à manutenção da propriedade ou para obras de caridade.
Por fim, temos a disposição mais
uma origem de bons vinhos, a ser explorada e compreendida pelo escanção
contemporâneo.
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