segunda-feira, 2 de maio de 2011

Degustando os Top Ten da Expovinis







A foto acima, para alguns, pode representar um momento de diversão,mas acreditem, é trabalho duro! Certamente um trabalho prazeiroso, mas ainda assim trabalho...


Mediante um convite de Jorge Lucki, participei, pela primeira vez, do júri que elegeu o Top Ten da Expovinis. E experiência, por si só, já traz muito conhecimento, afinal, ao degustar as cegas temos a oportunidade de julgar o vinho sem preconceitos, baseados apenas no que encontramos na taça, mas, além disso, colabora também no processo a oportunidade de degustar ao lado de alguns dos mais reconhecidos e experientes degustadores do país, sendo estes Gerson Lopes (ABS-MG/ Estado de Minas), Gustavo Andrade de Paulo (ex-presidente da ABS-SP/ Wine Style), Jorge Carrara (Prazeres da Mesa/ Folha de S.Paulo), José Luiz Pagliari (SBAV-SP / Senac-SP), José Maria Santana (Gosto), Marcelo Copello (site Mar de Vinhos), Marcio Oliveira (SBAV-MG e editor do Vinotícias), e Roberto Gerosa (iG e responsável pelo Blog do Vinho), além dos responsáveis pela organização da degustação, José Ivan dos Santos e Jorge Lucki.


As degustações aconteceram da sede da Fecomercio, em São Paulo, nos dias 15 e 16 de abril. Os 156 vinhos foram divididos em dez categorias (as mesmas da premiação) e são trazidos aos degustadores já nas taças, devidamente numeradas, e na mesma temperatura. Cada jurado degusta e pontua os vinhos individualmente, sem comunicar-se com os demais, e insere as notas em um Ipad com um aplicativo desenvolvido pela Wine Tag, que já fazia os cálculos das médias, excluindo sempre a nota mais alta e a mais baixa de cada amostra. Os resultados foram divulgados apenas no primeiro dia da Expovinis. Abaixo a foto dos campeões:



Reproduzo agora uma análise do jurado Márcio Oliveira, do Boletim Vinotícias, sobre cada um dos vencedores. Vocês podem achar que foi preguiça de escrever, mas o fato é que o texto dele ficou muito bom, e bem objetivo.


" Os TOP TEN PELO JURI DO EVENTO:
■ Espumante Nacional: um painel bastante concorrido com 17 amostras. O vinho ganhador do TOP TEN foi o Casa Valduga 130 Brut (Casa Valduga). O espumante é elaborado pelo método champenoise, considerado entre os melhores espumantes do Brasil e coleciona medalhas internacionais. Com garrafa de design diferenciado e rótulo elegante, permanece após a refermentação em garrafa de 48 a 60 meses maturando.

■ Espumante Importado: poucas amostras de vinhos enviadas, saindo vencedor o único champagne do painel, o Cuvée Charles Gardet 2000 (Del Maipo).

■ Branco Sauvignon Blanc: um painel que mostrou algumas amostras bem típicas da casta, com nítidos aromas de maracujá azedo. O vencedor foi o chileno Casas Del Bosque Pequeñas Producciones Sauvignon Blanc 2009 (Obra Prima), que realmente é um vinho que arrebata prêmios por onde passa : Vinhedos plantados no Valle de Casablanca, com Sauvignon Blanc 100% e condução do vinhedo em Espaldeira. Passa 3 meses em barril de Carvalho francês. Notas de degustação: cor - amarelo palha. Origina-se no terroir mais frio do Valle de Casablanca, onde obtém grande expressividade. Uma elegante acidez, notas cítricas minerais e de grande fineza. É um vinho concentrado e com final elegante. Enólogo: David Morrison. Premiações: Medalha de Ouro Decanter Worl Wine Awards U.K. 2009 Wine Advocate U.S.A. 2008 - 91 PT Descorchados Wine Guide Chile 2008 - 93 PT Mujer & Vino Wine Guide 2008 - 1º Lugar em Brancos

■ Branco Chardonnay: painel bastante concorrido, com presença de 15 amostras. Vinhos puxando pela fruta em contraposição a vinhos bem a madeira bem integrada. Confesso que fui vencido pela qualidade do escolhido, Giaconda Nantua Vineyard Chardonnay 2005 (KMM Vinhos). A Vinícola Giaconda elabora alguns dos mais procurados e raros vinhos australianos. Estes vinhos super-premium tem estilo inspirado nas tradicionais técnicas francesas de enologia. O início humilde no início dos anos 80, com um pequeno vinhedo de três hectares e vinícola “low-tech”, feita com tijolos artesanais e granito próprio do local, surpreendeu pela qualidade. Outrora engenheiro, o proprietário e enólogo Rick Kinzbrunner (Winemaker of the Year 2003, Qantas/Australian Gourmet Traveller) lançou primeiro o Cabernet Sauvignon em 1985, seguido pelo Chardonnay 1986. Desde então, os vinhos Giaconda ascenderam a super-cult status. Em 2007, a revista inglesa Decanter o elegeu entre os “Top 10 Enólogos de Vinhos Brancos do Mundo". Sobre o vinho: Giaconda Nantua Vineyard Chardonnay 2005 - REGIÃO: Beechworth, Victoria – Austrália. Corte: 93% Chardonnay, 7% Roussanne. ÁLCOOL: 13,5%. Notas de Degustação: O vinho é totalmente fermentado em carvalho francês, sendo em 30% de barris novos. Passou por fermentação maloláctica. Originalmente a mistura era 85% Chardonnay e 15% Roussanne, conforme as videiras de Chardonnay foram envelhecendo, a quantidade de Roussanne foi sendo reduzida, sem mudar o estilo. O vinho evidencia aromas de frutas secas como aveia, avelã, e frutas amarelas como pêssego, damasco e ainda frutas tropicais. Paladar fresco e limpo com suculenta uva Chardonnay e rico na influência da Roussanne. Final excelente, textura longa, cremosa, com carvalho, notas minerais e acidez: uma soma que leva à complexidade e satisfação. Para se obter o máximo deste vinho, deve-se envelhecê-lo de dois até cinco anos.

■ Branco Outras Castas: 15 amostras no painel que revelou como vencedor o Morgado De Sta Catherina Bucelas Reserva Arinto 2008 (Interfood). Nariz elegante, fruta tropical, notas florais, defumadas e persistência aromática. Amarelo citrino, boca de grande sabor, frescura e mineralidade. O vinho descansa 9 meses sobre borras com bâtonnage. Criado com 100% Arinto. Álcool: 13,4%. Harmonização: Peixes, Aves, Queijos e Ostras. Produzido pela COMPANHIA DAS QUINTAS: A Companhia das Quintas é uma das maiores empresas portuguesas de vinhos e bebidas alcoólicas. Desde sua origem, em 1999, a Companhia das Quintas tem dinamizado fortemente o setor e hoje é uma referência em Portugal com seus vinhos oriundos de regiões emblemáticas do país.

■ Rosado: um painel onde tradicionalmente estão presentes vários vinhos provenientes da Provence. O domínio francês mostrou mais uma vez como vencedor o Château De Pourcieux Côtes De Provence 2010 (Cantu), aliás, vencedor pela quarta vez. Vinho rosé elaborado com uvas: 50% Syrah, 30% Grenache, e 20% Cinsault. Apresenta uma coloração salmão brilhante com intenso aroma de morango, frutos vermelhos e flores (lilás). Ao paladar, revela-se frutado com destaque para frutos vermelhos como morango. É um vinho refrescante e revigorante. Acompanha bem saladas, frango assado e carnes frias.

■ Tinto Nacional: outro painel muito concorrido, com 32 amostras enviadas. O vencedor foi o Pizzato DNA 99 2005 (Pizzato). Em 1999, primeira safra vinificada pela PIZZATO, foram elaboradas apenas 15.500 garrafas: O PIZZATO Merlot 1999. Ao ser lançado em setembro de 2000, o vinho passou a ser referência para o potencial do varietal merlot no Vale dos Vinhedos. Atualmente, a merlot é considerada a uva que apresenta os melhores resultados para os vinhos tintos do Brasil. A partir do mesmo vinhedo que deu origem ao grande Pizzato Merlot 1999, a Pizzato apresenta este exclusivo merlot da safra 2005, ano em que as condições de desenvolvimento das uvas foram muito próximas a safra de 1999. Vinho encorpado com bom potencial de envelhecimento, amadurecido por 9 meses em barris de carvalho francês de primeiro uso. Apresenta aromas frutados e empireumáticos na boca macio e pleno, com retrogosto prolongado.

■ Tinto Novo Mundo: painel com 28 amostras, com presença de vários malbecs argentinos sugeridos pelos taninos macios. O vencedor Jim Barry The Mcrae Wood Shiraz 2005 (KMM Vinhos) encantou-me. Vem da região de Clare Valley (Austrália do Sul), feito 100% Shiraz. ÁLCOOL: 15,5%. Em 1964 Jim Barry adquiriu 70 acres de terra de Duncan McRae Wood, na região de Armagh, em Clare Valley, pagando £50 por acre. Nas últimas três décadas, a vinícola Jim Barry acumulou considerável experiência sobre as suas videiras e os vinhos produzidos em Clare Valley. Através deste conhecimento, selecionados vinhedos de Shiraz tiveram sua produtividade reduzida para aumentar a intensidade e a qualidade da fruta. A pequena região de Clare Valley representa menos de 1.5% do total da produção australiana de vinhos. A temporada ofereceu condições perfeitas para o desenvolvimento, com uma primavera quente. Já em janeiro e fevereiro as temperaturas máximas foram levemente abaixo do normal e as chuvas que caíram foram benéficas para deixar as vinhas saudáveis. Recebeu 94 pontos de James Halliday em seu Australian Wine Companion 2009. Notas de Degustação: um belo Shiraz, mostrando vibrante coloração vermelho-rubi e violeta. O aroma apresenta frutas escuras: amora preta, framboesa e amora, com notas de violeta e noz-moscada. O paladar é denso, com sabores de ameixa, alcaçuz, cereja preta, café e especiarias. Com taninos elegantes e moderados, enquanto o final apresenta excelente persistência. Passou por 15 meses em barricas de carvalho americano. Ideal para beber agora ou aguardar até 2020.

■ Tinto Velho Mundo: 23 amostras enviadas, num painel que destacou como vencedor o Roquette & Cazes 2007 (Qualimpor). Nasceu de uma parceria entre a família Roquete da Quinta do Crasto (Douro, Portugal) e a família Cazes do Chateau Lynch-Bages (Bordeaux, França), o Roquette & Cazes é um vinho de troca de experiências e conhecimentos. Nada melhor do que aproveitar a tecnologia de vinificação francesa no “terroir” do Douro. Vinho produzido na Região Douro, a partir das castas 60% Touriga Nacional, 15% Touriga Franca e 25% Tinta Roriz. Estagiou em barricas de carvalho frances (70% novas e 30% de um ano) durante 18 meses. Apresenta uma cor rubi intensa, com excelente complexidade aromática, com notas de frutos vermelhos muito limpos, elegantes especiarias e suaves notas balsâmicas. Na boca é um vinho elegante, que evolui para um volume e estrutura compacta de taninos macios e firmes. Agradável sensação de fruto de bosque em perfeita harmonia com suaves notas de especiaria fina. Final de grande solidez, frescura e persistência.

■ Doce/fortificado: painel com 8 amostras onde o vencedor foi o Justino’s Boal 10 Years (Casa Flora e Porto a Porto), que pode ser um belo vinho de aperitivo, ou servido com queijos, segundo harmonização sugerida pelo consagrado João Pires, melhor sommelier de Portugal e que alcançou no ano passado o titulo de master sommelier, grau maior almejado para quem trabalha com a arte de servir em restaurantes e que é outorgado pela Court of Master Sommelier, fundada em 1977 - apenas 170 profissionais conseguiram o título de master sommelier até hoje."





Minhas escolhas particulares não foram, em algumas categorias, exatamente as mesmas do restante do júri, porém, em respeito ao trabalho coletivo que realizamos, me reservo ao direito de não revelá-las. No entanto, em futuros posts, devo escrever um pouco sobre alguns vinhos que chamaram minha atenção em meio a tantas amostras degustadas.



Espero que tenham gostado. Grande abraço, e até a próxima.

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