sexta-feira, 30 de abril de 2010

Degustação - Viña Leyda


Numa degustação que foi também conduzida por Max Darraidou, uma vez que a Leyda e Tabalí pertencem ao mesmo grupo, foi possível apreciar com mais calma alguns vinhos desta que é a vinícola pioneira no Valle de Leyda, uma sub-região do Valle de Casablanca, e que conta hoje com sua própria denominação. Assim como na Tabalí, a tecnologia, aliada a pesquisa de ponta na identificação de micro-terroirs, permite a produção de vinhos frescos e de muito boa qualidade, sempre uma boa opção ao nosso cálido clima. Seguem os vinhos:

1 - Leyda Reserva Sauvignon Blanc 2009
Notas aromáticas marcadas de aspargos e cítricos, com muita acidez na boca, evocando tangerinas. Um vinho leve, de média/longa persistência.
3D

2 - Leyda Reserva Carmenere 2008
Um nariz muito interessante e atraente, com frutas maduras e um discreto toque vegetal. Boa acidez e frescor, com média persistência.
3D

3 - Leyda Single Vineyard Cabernet Sauvignon 2007
Frutas negras maduras, especiarias e baunilha, com bom corpo, acidez adequada, e taninos abundantes e macios. Média persistência.
3D

4 - Leyda Single Vineyard Las Brisas Pinot Noir 2008
Um bom vinho, mas áquem de minhas expectativas. Off-dry, com o açúcar residual bem perceptível, frutado, fresco, mas um pouco encorpado demais para um bom Pinot. Repito, é um bom vinho, mas faltou um pouquinho de elegância.
3D

No próximo post encerramos com Feudo Macari, da Sicília.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Degustação Viña Tabalí


Pioneira na produção de vinhos de alta qualidade no Valle de Limarí, uma das regiões mais ao norte do Chile, onde a Tabalí instalou-se em 1993, esta empresa produz vinhos de elevada qualidade com grande concentração e foco, o que só é possível em uma região muito fria e seca como esta, já as portas do Deserto do Atacama. Além das castas disponíveis no mercado ( Chardonnay, Viognier, Sauvignon Blanc, Cabernet, Merlot, Syrah, Carmenere e Pinot Noir) A Tabalí conta com mais uma série de castas como Riesling, Pinor Gris e outras, plantadas ainda em caráter experimental, e que podem vir a apresentar bons resultados no futuro.
Durante o último Encontro Grand Cru de Sommeliers, o Export Manager da Tabalí, Max Darraidou, apresentou os seguintes vinhos:

1 - Reserva Especial Sauvignon Blanc 2009
Notas vegetais, com um pimentão verde evidente e um discreto cítrico. Boa acidez e frescor, com retrogosto médio/longo, evocando abacaxi e maracujá.
3D

2 - Reserva Syrah 2008
Denso, retinto, com frutas maduras e especiarias bem marcadas. Encorpado, macio e longo.
3D

3 - Reserva Especial Blend 2007 (Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah)
Fruta madura, cedro e pimenta do reino. Encorpado, enche a boca, um vinho carnudo, longo e equilibrado.
4D

A seguir, Vinã Leyda.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações"
Abraço e até a próxima.

sábado, 24 de abril de 2010

Degustação Escorihuela Gascón


Existem alguns fatos curiosos a respeito da Escorihuela Gascón, e que muitos não tem conhecimento. Por exemplo, a Escorihuela faz parte do grupo Catena Zapata (pertence a Ernesto Catena, filhos do Sr. Nicolas Catena), e foi também a primeira vinícola argentina a comercializar um vinho 100% Malbec, além de ser uma grande patrocinadora do pólo à cavalo argentino.
Mas a parte disto, a Escorihuela é, antes de mais nada, um produtor confiável, de vinhos de bom custo/benefício, como os que comento a seguir.

1 - Escorihuela Gascón Viognier 2009
Aromático, floral, notas mélicas, off-dry, untuoso, com boca de frutas tropicais maduras e em calda. Longo e agradável.
4D

2 - Família Gascón Tempranillo 2008
Frutado, agradável, macio e correto, com média duração.
3D

3 - Escorihuela Gascón Sangiovese 2008
Fruta intensa, nota tostada e algo químico. Médio corpo, redondo, intenso e agradável, com média duração.
3D

4 - DON 2005
Novo vinho da bodega, que homenageia seu fundador e em breve estará no Brasil. Supreendente, complexo e direto, com tabaco, tostado, fruta madura e baunilha. Na boca, muita fruta, sedoso, encorpado e equilibrado. Longo
5D

Os vinhos foram apresentados durante o 4º Encontro Grand Cru de Sommeliers, por Gustavo Marin, que já há mais de 10 anos responde como enólogo responsável pelos vinhos desta bodega.
No próximo capítulo, Viña Tabalí.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

4º Encontro Grand Cru de Sommeliers

A Grand Cru Importadora realizou em março a 4º edição deste evento. Trata-se de uma iniciativa um pouco diferente das demais importadoras, que, em geral, realizam ou participam de feiras (assim como a Grand Cru) onde apresentam seus produtos aos profissionais do setor, bem como ao público em geral, porém, neste encontro realizado anualmente, a Grand Cru tem a oportunidade de, num ambiente mais descontraído (este ano o encontro foi no Guarujá), apresentar seus produtos diretamente àqueles que serão responsáveis por sua venda e serviço em restaurantes e lojas especializadas. Deixo aqui meu aplauso a esta iniciativa de valorizar o profissional do vinho.
Durante o evento, tivemos a oportunidade de provar vinhos de quatro vinícolas (Escorihuela Gascón, Tabalí, Leyda e Feudo Macari) apresentados por seus representantes, degustações sobre as quais falarei em futuros posts, porém, o evento começou com uma interessante degustação conduzida por Fabiano Aurélio, promissor sommelier da importadora. Nesta degustação Fabiano apresentou uma seleção de bons vinhos do velho mundo, com preços abaixo de R$ 100,00, salvo o último, que custa R$ 165,00. Todos vinhos de boa qualidade, e com uma boa relação preço/prazer, fato que, quando se trata de vinhos europeus, exige algum conhecimento do comprador para fugir de algumas "roubadas" (Baron d'Arignac?! Alguém??). Seguem os vinhos e suas notas:

1 - Macôn-Lugny St, Pierre 2008 - Bouchard Père et Fils - Borgonha/França
100% Chardonnay
Nariz agradável, embora não muito expressivo, boa acidez e duração. Correto.
3D

2 - Flor d'Englora 2006 - Celler Baronia del Montsant - Montsant/Espanha
Corte de Garnacha, Carigneña, Merlot, Syrah e Ull d'Llebre
Fresco e frutado, com boa acidez e médio corpo, longo e de finos taninos.
4D

3 - Cotês du Ventoux 2007 - Delas Freres - Rhône/França
80%Grenache e 20%Syrah
Sobra um pouquinho de álcool, mas é muito bom. Gostoso, com taninos finos e bem colocados.
4D

4 - Pian di Conte IGT 2007 - Talenti - Toscana/Itália
Sangiovese Grosso, Syrah, Canaiolo e Colorino
Nariz rústico, com um toque animal, bem italiano, médio/encorpado e macio, média duração.
3D

5 - Enate Crianza 2005 - Bodegas Enate - Somontano/Espanha
Tempranillo e Cabernet Sauvignon
Fruta madura, com notas tostadas, toffe, bom corpo, taninos finos, longo e equilibrado.
3D

6 - Predicador 2006 - Contador de Benjamin Romeo - Rioja/Espanha
Ainda um pouco fechado, off-dry, notas de compota e fumaça, boa acidez e adstrigência, um pouquinho pesado, mas ainda assim equilibrado.
4D

A avaliação geral foi positiva, e demonstra que podemos sim ter boas experiências com vinhos europeus sem a necessidade de estourar o cartão de crédito. Em complemento aos vinhos, a apresentação de Fabiano foi bem objetiva, abordando justamente os aspectos mais relevantes aos profissionais ali presentes.
Nos próximos posts conto mais um pouco.
Dúvidas sobre meus sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Degustação - Don Melchor com Enrique Tirado


Participei recentemente de uma degustação das duas safras mais recentes deste ícone chileno, bem conhecido por aqui, e que se firmou no mercado internacional como referência em bons Cabernet Sauvignons do Chile. A degustação ocorreu na Cave Pavesi (Rua Maria Monteiro 59, Cambuí, Campinas-SP), e foi conduzida por ninguém menos que Enrique Tirado, enólogo responsável por esta pequena jóia da vinicultura chilena.

Tirado iniciou com uma breve apresentação sobre os vinhedos, localizados em Puente Alto, dentro do perímetro urbano de Santiago, lado a lado com os vinhedos de outro ícone, Almaviva. Don Melchor é produzido desde 1987, e até o ano de 1994 foi um vinho 100% Cabernet Sauvignon. Em 1995 uma pequena parte de Merlot foi acrescentada ao corte, porém, isso não voltou a ocorrer em safras posteriores. Desde 2001, entre 3 e 9% de Cabernet Franc são acrescentados ao vinho, mas, segundo Tirado, há cerca de 10 anos foram plantados clones superiores de Merlot no vinhedo, que no futuro podem voltar a fazer parte do assemblage.

As safras degustadas foram as mais recentes no mercado brasileiro, 2005 e 2006, e mostraram porque este vinho é hoje referência em qualidade em todo mundo. Já provei outras 6 safras deste vinho, e nunca me desapontei, muito pelo contrário. E aqui a situação não foi diferente...

O Don Melchor 2005 mostrou-se ligeiramente superior. Embora ainda fechado, com um discreto toque de menta, é um vinho fino, encorpado, longo, evocando frutas maduras e chocolate na boca, e demonstra ter ainda longos anos de garrafa pela frente antes de mostrar todo o seu potencial. Classifico este vinho como 4D.

Já o 2006, estava mais aberto, com aromas mais pronunciados de frutas negras e vermelhas maduras, e um agradável tostado. Apresentava taninos mais doces que o anterior, porém um pouquinho menos finos. Embora seja um vinho mais pronto, deve evoluir um pouquinho menos que o anterior. Classifico-o também como 4D.

Destaco porém, que, por tratar-se de vinhos ainda muito jovens, não revelaram por certo todo o seu potencial. Acredito que paciência e anos de adega podem levar estes vinhos a classificação 5D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

domingo, 18 de abril de 2010

Gerard Basset, o Melhor Sommelier do Mundo 2010


Conforme eu já havia adiantado, aconteceu no último dia 15, em Santiago do Chile, a final de mais um Concurso Melhor Sommelier do Mundo, organizado pela ASI desde 1969, e que desde 1983 ocorre a cada três anos. Esta 13ª edição da competição reuniu 52 participantes, de 48 países diferentes, que passaram por uma bateria de exames teóricos e práticos, até a definição dos três finalistas, anunciados ao vivo, quinze minutos antes da Grande Final. Foram eles, Paolo Basso (Suiça), David Birau (França) e Gerard Basset (francês de nascimento, mas representando o Reino Unido).

Além dos três finalistas, um fato que merece menção é que, entre os 12 semi-finalistas estavam 4 mulheres, fato inédito na história deste torneio. Eram elas Elyse Lambert e Véronique Rivest (Canadá), Merete Bø (Noruega), e Julia Gosea (Romênia), esta última também o primeiro representante de um país do leste europeu a chegar tão longe na competição.

Após um rápido sorteio, os candidatos deixaram o salão e retornaram, um por vez, na ordem acima para a Final. A prova final, conduzida pelo ítalo-brasileiro Dânio Braga, consistia no serviço de Champagne e coquetéis para uma mesa de 4 pessoas, sugestão de um menu harmonizado com os 6 vinhos escolhidos por uma mesa de três pessoas e decantação e serviço de uma garrafa magnun de um vinho tinto para uma mesa de 6 pessoas, a seguir, o candidato deveria descrever e indicar a procedência de 4 vinhos, e identificar oito destilados e/ou licores, passando então a correção de 10 itens de uma Carta de Vinhos fictícia e a identificação, por meio de fotografias, de cinco vinhedos do mundo.

Descrevendo tudo assim, de forma sucinta, parece fácil, e, na verdade, até para quem está lá assistindo ao vivo não parece tão difícil assim, mas eu que já passei por isso durante o último Concurso Brasileiro posso afirmar, NÃO É!! Todos os candidatos que se apresentaram já tinham uma larga experiência, e já haviam passado por outras finais de competições de sommeliers anteriormente, mas visando manter os nervos dos candidatos a flor da pele, algumas mudanças foram providenciadas para a competição deste ano, como a necessidade de preparar e servir um coquetel (sim, isso faz parte do trabalho de um sommelier), e o fato de que não havia um menu para ser harmonizado com vinhos, e sim uma seleção de vinhos que deveriam ser harmonizados com pratos, o que acaba evidenciando também o conhecimento gastronômico do candidato. E é claro, tudo isso dentro de um tempo exíguo, 5 ou 6 minutos em cada mesa, 12 minutos para os vinhos, 3 para os destilados e 3 para a correção da Carta.

Já nas apresentações propriamente ditas, Paulo Basso se saiu muito bem, demonstrando segurança e preparo, mas ficou um pouquinho travado nas harmonizações, sugerindo opções corretas, mas sem grande variedade ou criatividade, e ultrapassou o tempo no serviço do vinho tinto, faltando servir um taça no final, mas, no geral, saiu-se muito bem, o que lhe garantiu o segundo lugar na competição.

Já o candidato francês, David Birau, demonstrou estar bem nervoso na final. Na preparação do coquetel ele quase utilizou a bebida errada, abriu o espumante de costas para o júri e estourou o tempo em quase todas as tarefas, porém, como ainda é jovem, pode vir a surpreender em futuras competições.

Por fim, o grande vencedor, Gerard Basset, foi impecável, servindo com precisão, sugerindo um menu harmonizado elaborado e criativo, descrevendo os vinhos de forma concisa e precisa (aliás ele foi o único que identificou corretamente um dos vinhos, um IceWine canadense), e encerrou sua apresentação sob os aplausos entusiasmados do público, que, em sua grande parte, torcia pela sua vitória.

Essa torcida toda tem um motivo, Basset, com 52 anos, já disputa o Mundial de Sommeliers desde 1992, e já esteve em 5 finais, tendo sido vice-campeão em 3 ocasiões. Nesta, que para muitos seria sua última chance, Basset se superou, e tornou-se a única pessoa no mundo a deter os títulos de Master Sommelier, Master of Wine e Melhor Sommelier do Mundo. Com tranquilidade e propriedade, Gerard Basset é, agora, O Melhor Sommelier do Mundo, conquista pela qual deixo aqui meu aplauso e reconhecimento, pela capacidade e determinação deste grande profissional do vinho.

Em breve conto outros detalhes desta proveitosa visita ao Chile. Grande abraço e até lá.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Reminiscências Enológicas: Degustação - Sta. Helena Seleccíon del Directório Cabernet Sauvignon 2007


Dia destes tive a oportunidade de degustar novamente o vinho chileno em questão, e, ao revirar meus alfarrábios, deparei-me com minhas notas de degustação, no já distante ano de 2005, da safra 2002 deste mesmo vinho.

Primeiramente, algumas palavras sobre a vinícola. Para todos nós, iniciados no mundo do vinho, já está bem marcada a imagem negativa da linha de entrada desta vinícola, com a malfadada alcunha de "Reservado", o que na prática não quer dizer nada para a legislação vinícola chilena; porém, á partir desta linha Selección del Directório (equivalente a um Gran Reserva), a Santa Helena apresenta vinhos de boa qualidade e relação preço/prazer.

Mas, vamos aos vinhos em questão. Em 2005, quando eu ainda iniciava meus passos no mundo do vinho, confesso que o Santa Helena 2002 em questão foi uma pequena revelação; tratava-se, então, do primeiro vinho tinto um pouco mais complexo que meus modestos rendimentos me permitiam provar no aconchego do lar, e, numa época em que eu ainda não tinha uma técnica de degustação das mais apuradas, e nem tampouco a "litragem" que eu tenho hoje, me chamou a atenção, de modo especial, evidentes notas de torrefação, provenientes da passagem por barricas, frutas em compota, e um aroma bem marcado de café, após alguns minutos na taça, o que muito me agradou, afinal, para todo iniciante é sempre um prazer especial quando conseguimos distinguir com clareza algum aroma no vinho.

Já nesta nova prova, agora da safra 2007 do mesmo vinho, além da coloração rubi com reflexos violáceos, denotando juventude, percebi um nariz com mais fruta, fores, um discreto vegetal, talvez de uvas não tão maduras, e um tostado muito leve, bem distante daquele café intenso de outrora. Na boca, tratava-se de um vinho correto, com o álcool aparecendo discretamente, médio corpo e média duração, com um retrogosto evocando um leve toque de compota.

Não tenho como classificar o vinho que provei em 2005, mas esta safra 2007 recebe em minha classificação a nota 3D.

A impressão que ficou é que a vinícola mudou seu estilo, passando de vinhos com mais madeira para vinhos mais frutados e acessíveis, porém mais ligeiros e menos marcantes. Um vinho mais adequado para o dia a dia, mas que dificilmente marcará outro neófito como aquela garrafa da safra 2002 me marcou.

Obviamente, tenho também consciência de que meus critérios mudaram, meu gosto e técnica se aperfeiçoaram, consequentemente, aquele mesmo Santa Helena 2002 talvez não me impressionasse de forma tão positiva hoje, porém, com o passar dos anos, o que ficou foi a agradável lembrança daquele vinho deliciosamente encorpado e tostado que tanto me chamou a atenção.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Em Tempo, amanhã estou de partida para o Chile, onde acompanharei as finais do Concurso Melhor Sommelier do Mundo, visando sempre um maior aprofundamento e aperfeiçoamento profissional, e, se a TAM ajudar, retorno sexta feira ao Brasil. Portanto, até lá devo deixar o blog sem atualizações, mas garanto que no meu retorno terei muitas novidades e notícias para partilhar aqui com vocês.

Grande abraço e até a próxima.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vinhos Espanhóis com Andreas Larsson na Casa do Porto.


Conforme eu havia adiantado, após a Aula Magna de Andreas Larsson na ABS, seguimos para uma degustação de vinhos espanhóis na Casa do Porto, na Alameda Franca, onde seus proprietários, Péricles e Rodrigo, nos acolheram com grande simpatia.
Logo na chegada, um Welcome Drink diferente; ao invés de espumante, cerveja. Mas não qualquer cerveja, e sim uma cerveja produzida pelo método Champenoise, onde ocorre uma segunda fermentação em garrafa, conferindo o perlage a bebida, seguido de um período de amadurecimento, que confere maior complexidade ao produto. A cerveja era a Einsenbahn Lust, de Blumenau, e é uma das únicas três cervejas no mundo produzidas por este método; apresenta bom corpo, paladar leve, e uma agradável conjunto de aromas, onde se destacam as frutas. Mais leve do que seria de se esperar de uma cerveja com 11,5° alcoólicos.
Passando a degustação dos vinhos, que foi comandada por Larsson e a qual estavam presentes, entre outros, Didu Russo, Arthur Azevedo, Jorge Carrara e César Adames, começamos com uma bela surpresa, uma amostra de barrica do Chateau Valandraud 2009! Trata-se de um dos grandes vinhos de Saint-Emilion, produzido com maestria por Jean-Luc Thunevin, mais especial ainda por tratar-se da tão comentada safra 2009, que tem sido comparada às grandes safras de 2005, 2000, 1982 e outras. O vinho era denso e encorpado, apresentando intensos aromas frutados, e taninos vivos e abundantes. Com uma bela acidez, já demonstra que, com a continuidade de seu amadurecimento em barricas, alcançará grande equilíbrio e qualidade. Classifico este vinho como 5D.
A seguir, os espanhóis. Foram sete tintos e um vinho doce, a maioria orgânicos e/ou biodinâmicos, e são novidades no portfólio da Casa do Porto, e inclusive alguns nem tem preço definido ainda. O serviço dos vinhos foi conduzido com maestria pelo meu amigo, o competente sommelier Ariel Perez.
1 - Mancuso 2004 - 100% Garnacha - Região:Valdejalon
Menta bem marcante, leve toque oxidado, fresco, com média acidez e boa adstrigência, longo.
4D
2 - Zerberos de Pagos Galayos 2006 - 100% Garnacha - Região:Castilla y Leon
Para alguns, eu entre eles, o melhor da série, com agradáveis notas de fruta em compota, intenso mineral, suculento e encorpado, com boas complexidade, equilíbrio e duração em boca.
5D
3 - César Príncipe 2006 - 100% Tempranillo - Região:Cigales
Ainda um pouco fechado, com frutas negras e especiarias, taninos finos, longo e agradável.
4D
4 - Vizar Selección 2006 - 50% Tempranilo 50% Syrah - Região:Castilla y Leon
Fruta madura no nariz, com tostado e especiarias. Na boca apresenta uma fruta mais fresca, taninos finos, e uma nota de cacau no retrogosto.
5D
5 - Alzania Cuvée 2006 - 100% Syrah - Região:Navarra
Nariz fresco, discreto vegetal, pimenta, boa acidez e longa duração.
3D
6 - Ramiro's 2006 - 100% Tempranillo - Região:Ribera del Duero
Um pouco fechado, com tostados e baunilha, taninos doces e finos, com geleia e côco na boca.
4D

7 - Antonino Izquierdo 2006 - 95% Tempranillo 5% Cab. Sauvignon - Região:Ribera del Duero
Fruta madura, própolis, tabaco, bom corpo, longo e equilibrado.
5D

8 - Mas Estela Solera 1991 - 100% Garnacha
Defumado, notas oxidadas, amêndoas, frutas secas, casca de laranja, muito longo, redondo.
5D
Deixando de lado a harmonização, o cardápio do almoço foi baseado em ingredientes típicos nacionais, com o objetivo de apresentar novos aromas e sabores ao sommelier sueco, visitando o Brasil pela primeira vez. A Paella passou por uma releitura nas mãos da Chef Thais Bulgareli, que além dos tradicionais camarões adicionou tambaqui, pequi, carne de sol, pupunha e algo mais, resultando em um prato curiosamente agradável e exótico. Embora de difícil harmonização, em minha opinião o peculiar sabor do pequi caiu bem com as notas aromáticas e a acidez relativamente baixa da Garnacha. Na sobremesa, uma trilogia de sorvetes, com cupuaçu, açaí e taperebá ( ou cajá, ou cajamanga), que não combinaram em nada com o vinho, mas estavam muito gostosos. Larsson ficou especialmente encantado com o açaí, sabor que ele achou muito exótico.
Ainda se seguiram outros eventos com Larsson no Brasil, que embarca amanhã para Santiago, para o Concurso de Melhor Sommelier do Mundo. Neste dois em que participei, ficou a visão de uma pessoa simpática, que em nenhum momento permite que sua posição suba a cabeça, e que está sempre pronto a partilhar seus conhecimentos e experiências.
Espero que tenham gostado deste pequeno relato, e até a próxima.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande Abraço

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Melhor do Mundo! (Pelo menos até sexta que vem)


Olá! Primeiramente, esclarecendo uma informação que fiquei devendo no último post, não, o Brasil não participará do próximo Mundial de Sommeliers. Conforme eu havia adiantado, em função do regulamento da competição, a ABS/Brasil não pôde inscrever Tiago Locatelli como substituto de Guilherme Corrêa. Pena...

Mas, seguindo adiante, tive ontem a oportunidade de acompanhar de perto uma Aula Magna de serviço com o sommelier sueco Andreas Larsson, Melhor Sommelier do Mundo em 2007, de passagem pelo Brasil a caminho de Santiago, onde sexta feira que vem, ele passará o título ao novo vencedor do torneio.

Tecnicamente, a aula foi muito proveitosa, porém, mais do que isso, o melhor foi conhecer Larsson de perto e poder constatar que, ao contrário do que se possa imaginar, trata-se de uma pessoa comum e muito simpática.

Larsson iniciou sua apresentação lamentando que, em sua primeira visita ao Brasil, tenha se deparado com o "maravilhoso" e chuvoso clima paulistano, afinal, como a maioria dos europeus sabem, o Brasil é uma país de belas praias e sol o ano todo. Em seguida, Larsson falou um pouco sobre sua vida profissional, e como, apenas oito anos após abraçar a carreira de sommelier, ele se sagrou o Melhor do Mundo. Falou um pouco sobre o preparo necessário, muito mais psicológico do que intelectual, e também sobre as mudanças em sua vida após essa conquista única. A seguir, Larsson apresentou diversos tipos de serviço; de espumantes, decantação de tintos, destilados, e fez comentários e observações voltados mais para o dia a dia de um restaurante (Larsson ainda exerce a função) do que para os meandros de um concurso de sommeliers. Embora tenha atuado com precisão e desenvoltura, Larsson cometeu erros comuns ao nosso dia a dia, como deixar pingar o vinho na toalha, mas a forma como ele lidou com estes delizes só serviu para mostrar o quanto é preciso ser humano e humilde para alcançar a posição que ele alcançou.

A final de um Concurso Mundial de Sommeliers nada mais é do que um grande teatro de serviço, onde vence o candidato que conseguir combinar preparo e tranquilidade naqueles 30 minutos de apresentação. Obviamente, para chegar lá é preciso uma dose quase sobre-humana de conhecimento teórico, abrangendo informações como as regiões produtoras de vinho da Tailândia e da antiga Iugoslávia, ou o tipo de fumo utilizado no miolo do charuto D4 (eu não inventei isso, foram questões do último mundial...), porém, Larsson serve como exemplo de que é sim possível.

Nas palavras dele próprio, um campeão se constrói com algum talento, muita dedicação, e uma grande quantidade de paixão, características que ele demonstrou possuir de sobra.

Após tão produtiva aula, seguiu-se uma almoço no Bistrô da Casa do Porto, onde Larsson conduziu uma ótima degustação de vinhos espanhóis, mas isso já é tema para outro post....

Abraço e até lá.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Brasil Fora da Copa do Mundo!!!


Chocados com a notícia? Pois é mais ou menos o que pode acontecer no mundo do vinho. Comentei aqui sobre o Concurso Melhor Sommelier do Mundo, promovido pela ASI (Association de la Sommellerie Internationale), que acontecerá no Chile em duas semanas. Trata-se de uma competição das mais respeitadas, disputada pelos representantes de cada um dos 41 países membros, e nosso representante, escolhido em março de 2009, durante o Concurso Brasileiro de Sommeliers, seria o Bicampeão brasileiro Guilherme Corrêa, sommelier da Decanter Importadora. Seria, pois para minha tristeza e consternação, fui informado pelo próprio Guilherme que, em função de uma torção no joelho, ele estará fora do Mundial.

Seu suplente, o segundo colocado naquele Concurso, seria Tiago Locatelli, do Varanda Gril, porém, pelas regras do Concurso Mundial, os candidatos devem ser inscritos até 21 dias antes do evento. Ainda não consegui nenhuma informação com ninguem da ABS a respeito disto, mas espero que, em função das especificidades desta situação, a ASI permita a inscrição de última hora de nosso candidato, afim de que o Brasil não fique sem representação em tão importante acontecimento.

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