domingo, 12 de dezembro de 2010

Mais uma vez...

Mais uma vez este blog esta desatualizado, mas por um bom motivo, estava eu na Itália, entre Toscana e Piemonte, concluindo o curso de sommelier pela AIS, Associazione Italiana Sommelier. Consequentemente, temos muito tema para os próximos posts, e tão logo eu coloque alguns outros assuntos em dia, volto para contar um pouco mais sobre esta viagem e os vinhos degustados.
Abraço e até breve.

domingo, 14 de novembro de 2010

Domaine L'Oustal Blanc, com Guilherme Corrêa


Tive a oportunidade de provar estes excelentes vinhos franceses em uma degustação realizada na Enoteca Decanter, no Itaim Bibi, apresentados pelo meu amigo Guilherme Corrêa.
Para aqueles que já tiveram a oportunidade de acompanhar uma apresentação do Guilherme, é absolutamente desnecessário mencionar suas habilidades como orador. Afinal, não é por acaso que ele é, merecidamente, duas vezes o melhor sommelier do Brasil. Para aqueles que ainda não tiveram essa chance, não perca o próximo evento apresentado por ele na sua cidade. Eu garanto, se a seleção dos vinhos for por conta dele, vale cada centavo.
Mas, quanto a vinícola, o Domaine L'Oustal Blanc é uma das boas surpresas que tem surgido no sul da França nos últimos anos. O sul da França, e em especial o Languedoc-Roussilon, sempre produziu mais quantidade do que qualidade, porém, como ali as regras são menos restritivas do que em outras regiões, como Bordeaux e Bourgogne, além dos preços das terras serem mais baixos, há uma série de produtores visionários se instalando por lá.
O Domaine L'Oustal Blanc, em especial, fica na região de Minervois La Livinière, que era até recentemente uma sub-região da AOC Minervois, e recebeu sua própria AOC devido a qualidade diferenciada de seus vinhos. O casal Claude e Isabel produz ali desde 2002, numa área total de menos de 10 ha de solo de marga calcária, e conta, desde 2006, com a assessoria do respeitado enólogo Philippe Cambie.
Vale citar a exclusividade deste vinhos, produzidos em pequenas quantidades (24.000 garrafas/ano), e, segundo Guilherme, exportados a conta-gotas, o que só aumenta o privilégios de ter-los provado. Vamos então aos vinhos:

1 - Naïck Blanc 8 Vin de Table
A casta utilizada aqui é a rara Grenache Gris, obtida em vinhedos plantados em 1948. Como a casta não é permitida pelas regras da AOC, o vinhos é engarrafado como Vin de Table, não sendo, portanto, permitida a menção clara da safra, mas trata-se, no entanto, de um 2008 mineral, com notas marcadas de frutas amarelas maduras, espresso e especiarias, como canela. Quente, fresco e macio, com uma agradável sapidez e longa persistência. Muito equilibrado, não demonstrando seus 15° de álcool.
4D

2 - Naïck Rouge 7 Vin de Table
Também um Vin de Table, mas porque usa uvas Cinsault de videiras velhas de Saint-Chinian, além de Carignan, Syrah e Grenache. Agradáveis aromas de ervas e especiarias, garrigue, laranja sobremadura, cerejas e ameixas, tostado, com uma boca macia, marcada pela sapidez, quase salgada. Longo e prazeiroso.
4D

3 - Giocoso 2005
Corte de Grenache (65%), Syrah (20%) e Carignan (15%). Aromas intensos de framboesa, jabuticaba, ervas, tomilho, alcaçuz e couro. Na boca, geléia, sapidez bem marcada, boa acidez e taninos de boa qualidade. Longo.
4D

4 - Maestoso 2006
Grenache, Syrah e Carignan quase em partes iguais, resultando em um vinho ainda jovem, com austeros aromas de frutas maduras, café, tostado, especiarias e animal. Em boca, boa acidez e sapidez, com taninos finos e abundantes. Um vinho longo, agradável e complexo.
5D

5 - Prima Donna la Liviniére 2007
50 % de Grenache de videiras centenárias, complementados por 40% de Syrah e 10 % de Carignan, que resultam em um vinho intensamente frutado, mineral, com notas especiadas e animais. Na boca, fruta madura, couro, bela acidez e harmonia, além de taninos que deverão garantir ainda muitos anos a este vinho.
5D

Os vinhos do Domaine L'Oustal Blanc são importados pela Decanter.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

sábado, 30 de outubro de 2010

Degustação - Corton-Charlemagne Louis Jadot 2005


Mais uma vez, França, mas agora na Bourgogne, terra onde reinam a Chardonnay e a Pinot Noir.
Corton-Charlemagne é um dos Grand-Crus da Bourgogne, localizado na Côte de Beaune, e partilhado pelas vilas de Aloxe-Corton e Pernand-Vergelesses. É o único Grand-Cru branco que, nas grandes safras, chega a rivalizar com o outra grande nome dos brancos da Bourgogne, Montrachet. Uma curiosidade é que em alguns dos vinhedos Grand-Cru da região são também produzidos vinhos tintos, geralmente cultivados nas encostas mais baixas.
Este 2005 da Maison Louis Jadot, em especial, apresentava uma cristalina coloração amarelo-palha, com reflexos dourados. Marcados aromas minerais e de frutos e flores brancas. Notas cítricas e de baunilha, provenientes dos 18 meses em carvalho, além de especiarias como canela e cravo. Em boca, marcada acidez, balanceada por uma textura cremosa, notas lácteas e florais, e uma estrutura que ainda permite uma longa guarda. Um vinho que confirma e valoriza o secular trabalho dos monges que demarcaram toda a Bourgogne com seus Grand e Premier-Crus.
Os vinhos da Maison-Louis Jadot são importados pela Mistral.
5D
Dúvidas sobre meus sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraços e até a próxima.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Degustação - Lafite-Rothschild 1999


Para encerrar este giro por Bordeaux, o primeiro Premier Cru Classé deste blog.

Trata-se de um vinho especial, que tive a oportunidade de degustar por intermédio de um cliente do Olivetto, que guardava esta garrafa para uma ocasião especial, e decidiu abri-la em seu aniversário de casamento.

Lafite-Rothschild, com certeza, é uma propriedade que dispensa maiores apresentações, tratando-se, reconhecidamente, de um dos melhores e mais procurados entre os grandes nomes do mundo do vinho. Um vinho carregado de história e que para muitos, em suas grandes safras, justifica os preços exorbitantes pagos por suas garrafas (só para esclarecer, eu não sou um destes...).

Este 1999 em especial, apresentava uma bela coloração rubi, compacta, demonstrando os anos ainda porvir. No nariz, notas terciárias delicadas, mas marcadas, com húmus e frutas secas, acompanhados de frutas vermelhas e negras maduras, entremeadas por notas especiadas. Na boca, elegância e potência, com uma boa estrutura e uma bela acidez, além de taninos bem presentes, prenunciando os anos de guarda que foram negados a esta garrafa em especial. Restou a boa lembrança de um momento especial, muito mais longa que os vários minutos de permanência do vinho em boca, um belo vinho, diga-se de passagem.

5D

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Grande abraço e até a próxima.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Degustação - Château Kirwan


Conforme prometido, segue a degustação dos vinhos desta propriedade. O Château Kirwan fica localizado na comuna de Margaux, e é, em minha modesta opinião, o Bordeaux menos Bordeaux que eu já provei, tratando-se de um vinho com mais corpo e estrutura, além de uma fruta em geral bem mais madura que seus conterrâneos. Mas vejam bem, isso não significa, de modo algum, que não é um bom vinho; pelo contrário, os vinhos são muito bons, complexos, longos e instigantes, apenas não representam, sempre em minha opinião, a autenticidade do terroir bordalês. Mas, demais análises e polêmicas a parte, vamos aos vinhos.

1 - Les Charmes de Kirwan 2006
Segundo vinho do Château, já com boa maciez, mas ainda assim elegante. Muito agradável.
4D

2 - Château Kirwan 2006
Intenso e complexo, fruta bem madura, quase compota, notas de especiarias e tostado, com uma boca equilibrada, apresentando taninos finos e abundantes.
4D

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Até a próxima, com um vinho muito especial...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Degustação - Château Branaire-Ducru


Seguindo com nossa série de degustações de Châteaux Bordalêses, chegamos agora a penúltima etapa, com o Château Branaire-Ducru. Tradicional Château de Bordeaux, pertencente a família Branaire desde 1680, e classificado em 1855 como um 4ème Cru.

1 - Du Luc de Branaire-Ducru 2006
Segundo vinho do Château, feito a partir de parreiras mais jovens, apresenta notas de frutas maduras, negras e vermelhas, baunilha e tostado das barricas. Mácie e de médio corpo, com muitos e finos taninos, só carece de um pouquinho de acidez.
4D

2 - Château Branaire-Ducru 2005
Sensivelmente jovem, fechado, dando conta de que será, por certo, um grande vinho, mas precisa, definitivamente, de mais alguns anos em garrafa.
4D

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o posto "Degustações e Pontuações">
Abraço e até a próxima, com Château Kirwan.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Degustação Châteaux Lynch-Bages e Ormes-de-Pez


Como é comum em muitas das grandes propriedades de Bordeaux, a história de Lynch-Bages é longa, cheia de aquisições, vendas e divisões de propriedades, mas basta mencionar que as primeiras referências a esta propriedade data do século XVI, enquanto que a adoção do nome atual data do século XVIII. Fica a dica para aqueles que quiserem conhecer um pouco melhor a história do Château do site do mesmo, http://www.lynchbages.com/, que traz informações bem detalhadas.
A família Cazes, proprietária do Château, possui tambémm outras propriedades vinícolas pela França, sendo uma delas o Château Ormes-de-Pez, em Saint Estèphe, que também tivemos a oportunidade de degustar. Ormes-de-Pez é um Cru Bourgeois, classificação criada por um grupo de châteaux que ficaram de fora da classificação de 1855. Por uma iniciativa deste mesmo grupo, no início da década foi feita uma alteração na classificação, dividindo os vinhos em três níveis de qualidade, os Crus Bourgeois Exceptionnels, Crus Bourgeois Supérieurs e Crus Bourgeois. Ormes-de-Pez foi classificado no nível mais elevado, os Exceptionnels, juntamente com outras 9 propriedades, mas alguns proprietários descontentes com uma classificação mais baixa para seus vinhos conseguiram a anulação da nova classificação na justiça.
Já Lynch-Bages, classificado em 1855 como um 5ème Cru, é reconhecido como a maior injustiça da classificação de 1855, pois os predicados deste grande vinho permitiriam que ele estivesse tranquilamente entre os 2èmes Crus. Por ocasião da revisão da Classificação que se deu nos anos 70, por meio da qual Mouton-Rothschild tornou-se um Premier Cru, havia a expectativa de que Lynch-Bages também tivesse sua classificação revisada, mas, após a revisão dos Premiers Crus, e uma súbita perda de interesse por parte do Baron de Rothschild de continuar seu lobby por está revisão, todos os demais vinhos permaneceram onde estavam. Aqueles que tiverem a oportunidade de provar este grande vinho poderão, assim como eu, tirar suas próprias conclusões a respeito do assunto.
Seguem as notas de degustação:

1 - Château Ormes -de-Pez 2006
Compota e baunilha, tabaco, macio e longo, bem equilibrado, com algum potencial de guarda.
4D

2 - Château Haut-Bages Averous 2003
Segundo vinho de Lynch-Bages, criadop em 1976, e que a partir da safra 2008 mudará seu nome para Echo de Lynch-Bages (puro marketing...). Mas, independente do nome, é um belo vinho, com aromas marcados de framboesas e morangos, baunilha e tostado, mineral, com taninos muito finos e um longo final.
4D

3 - Château Lynch-Bages 2005
Um vinho grandioso, de uma safra grandiosa! Emocionante, complexo e intenso, com grande frescor. Domina a boca, levando a uma sucessão de sabores e sensações que deixa dois sentimentos claros, a certeza de que estamos diante de um vinho próximo a perfeição, e o desejo de repetir a experiência.
6D

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
No próximo post, Lagrange. Abraços e até lá.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Degustação Château Phélan-Ségur


Tradicional propridade de Saint-Estèphe, constituída pelo imigrante irlandês Bernard Phelan, que adquiriu, em 1805, o Clos de Garamey, e em 1810 o domaine Ségur de Cabanac, criando assim a propriedade tal como ela é até os dias de hoje. O segundo vinhos, Frank Phélan, foi adicionado ao portfólio apenas em 1986, em homenagem ao filho de Bernard, o fundador, e que foi o principal responsável pelo crescimento da empresa em seus primeiros anos.

1 - Frank Phélan 2006
Muita fruta, notas de tostado e chocolate, elegância, raça e estrutura, em um vinho equilibrado e complexo, com excelente relação preço/prazer.
5D

2 - Phélan-Ségur 2005
Um vinho que emociona, complexo, instigante, em boca, macio, bem estruturado, elegante e potente. O que um grande Bordeaux pode oferecer.
5D

Dúvidas sobre meus sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
A seguir, Lynch-Bages. Abraços e até lá.

sábado, 9 de outubro de 2010

Degustação Léoville e Langoa-Barton


Dois grandes Châteaux de Bordeaux, pertencentes a uma única família. Foi Hugh Barton que, em 1821, adquiriu o Château Langoa-Barton, e em 1826 adquiriu uma parte da propriedade Léoville, constituindo, assim, o Château Léoville-Barton. Ambas as propriedades foram classificadas em 1855, sendo o Château Langoa-Barton um 3ème Cru e o Château Léoville-Barton um 2ème Cru. Foram três os vinhos apresentados, La Reserve de Léoville Barton (segundo vinho), e os dois vinhos principais.

1 - La Reserve de Léoville-Barton 2007
Fruta bem madura, quase geléia, taninos finos e abundantes, equilibrado e com média persistência.
3D

2 - Château Langoa-Barton 2004
Fruta bem presente, especiarias, em boca fresco e frutado, agradável e elegante.
4D

3 - Château Léoville-Barton 2006
Notas balsâmicas, fruta madura negra, complexo, intenso em boca, fino, elegante e longo. Muito equilibrado.
5D

Dúvidas sobre meu sistema de classificação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
No próximo post, Château Phélan-Ségur. Até lá e abraço a todos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Degustação - Cos d'Estournel


Dentre as várias oportunidades que nós sommeliers temos de participar de feiras e degustações, poucas são aquelas em que temos a oportunidade de provar vinhos realmente diferenciados. A degustação da qual participei mês passado, a convite da Mistral Importadora, foi uma destas ocasiões.
Por iniciativa da Mistral, foram reunidos nove grandes Châteaux de Bordeaux, representados por seus proprietários ou enólogos, que apresentaram ao público brasileiro suas jóias. E nada de vinhos encalhados de safras pouco procuradas! A grande maioria apresentou os vinhos da elogiada e disputada safra de 2005.
Ao longo dos próximos posts comentarei por aqui minhas impressões sobre os vinhos degustados, acrescentando alguma informações pertinentes sobre os produtores.
Para começar, Château Cos d'Estournel, que compareceu com quase todos os seus produtos, menos o Château Marbuzet.
Os vinhedos de Cos d'Estournel ficam em Saint-Estèphe, mas produz também em Médoc os vinhos mais modernos da linha Goulée, e no norte de Médoc o Cos d'Estournel Blanc (criado em 2005) e o Goulée Blanc. Cos d'Estornel foi criado em 1811, por Louis Gaspard d'Estournel, que herdou a propriedade de Cos e soube reconhecer suas qualidades diferenciadas, passando então a vinificar as uvas ali colhidas em separado. Dois anos após a morte de seu fundados, em 1853, Cos d'Estournel foi classificado como Deuxiéme Cru Classé, na até hoje respeitada Classificação de Bordeaux de 1855, sendo aí o vinho de Saint-Estèphe melhor classificado. Para muitos, Cos d'Estournel rivaliza com os cinco Premier Cru Classé, tanto em qualidade quanto em preço, ficando assim numa categoria informal à parte, os "Super-Deuxiémes".
Os vinhos degustados foram:

1 - Goulée Blanc 2005
80% Sauvignon Blanc e 20% Sémillon, cítrico, com uma discreta nota vegetal, vivo, médios corpo e persistência, complexo.
3D

2 - Cos d'Estournel Blanc 2007
Com o mesmo corte do Goulée Blanc e passagem por barricas de segundo uso, o vinhedo de brancas mais ao norte de Bordeaux oferece um vinho com um frutado mais intenso que o Goulée, leve toque mineral e média persistência.
3D

3 - Goulée Rouge 2004
80% Cabernet Sauvignon e 20% Merlot, com 14 meses em barricas, 50% de 1° uso, um vinho com frutas maduras, um leve toque tostado e especiado e taninos macios, agradáveis. Não é tão impressionante, mas foi a primeira safra deste vinho, logo ainda não tinham encontrado o ajuste fino.
3D

4 - Les Pagodes de Cos 2001
O segundo vinho do Château, de um bom ano, com 55% Cabernet Sauvignon e 45% Merlot. Uma curiosidade sobre este vinho e que ele e o Cos d'Estournel são um só vinho, produzidos da mesma forma, sendo separados barrica por barrica após sua maturação. Notas defumadas e tostadas, fruta madura e elegante, com taninos finos e longa persistência, sem dúvida um grande vinho.
4D

5 - Cos d'Estournel 2001
Um grande vinho, ainda com muitos anos pela frente. Coloração profunda, notas de frutas maduras, defumado, tabaco, especiarias e baunilha. Na boca, fino e ao mesmo tempo potente, com abundantes e maduros taninos, e um longo e agradável final de boca. Informações do Château dão conta de que os vinhos da safra de 1870 ainda estão em grande forma, mas eu não conseguiria esperar 140 anos para provar um vinhos como este!
5D

No próximo post tem mais Bordeaux.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

sábado, 2 de outubro de 2010

A Quem Possa Interessar...


Este espaço com certeza não foi criado pensando em discussões sobre política, mas, a quem possa interessar, amanhã eu voto 45, do primeiro ao último candidato, pela volta a democracia.

Encerrados os assuntos alheios a este blog, no próximo post voltamos a falar sobre vinhos.

Abraço a todos e boa votação.

domingo, 26 de setembro de 2010

2ª Feira de Vinhos Biodinâmicos


Escrevo para fazer uma pequena divulgação deste evento, que em sua segunda edição é, na minha opinião, uma grande oportunidade de degustar vinhos realmente diferenciados, sempre em contato direto com o produtor.

Esta será a segunda edição desta feira, que já foi um grande sucesso em 2008, e contara com a mais do que especial presença de Andreas Larsson, Melhor Sommelier do Mundo em 2007, como anfitrião de uma larga variedade de produtores biodinâmicos, orgânicos, biológicos e naturais.

Nos ditames da filosofia de produção biodinâmica, estabelecidos no começo do século passado por Rudolf Steiner, o vinhedo é tratado como organismo vivo e integrado no meio – o que inclui os animais que vivem ao redor, as forças da natureza, as energias do sol, as raízes, etc. Se os vinhos resultantes são superiores ou não, é uma discussão que não vem ao caso, mas com certeza são uma expressão mais autêntica do meio e do terroir em que foram produzidos. Esta feira será, sem dúvida nenhuma, uma oportunidade de confirmar esta informação.

Apenas para aguçar a curiosidade, segue uma lista dos produtores já confirmados:

Austrália
1) Castagna Vineyard
2) Cullen Vines
América do Sul
3) Vinedos Santa Emiliana
França
Alsace
4) Domaine Valentin Zusslin
5) Domaine Marcel Deiss
6) Domaine Ostertag
7) Domaine Pierre FrickBourgogne
8) Domaine de Villaine
9) Domaine Giboulot
10) Domaine Comte Armand
11) Domaine Lafarge
Bordeaux
12) Château Fonroque
13) Château Le Puy
14 ) Château Lagarette
15) Château Gombaude Guillot
16) Château La Grave
17) Domaine Moulin du Cadet
18) Domaine Ferran
Champagne
19) Champagne Fleury
20) Champagne Bedel
21) Champagne Courtin
Jura
22) Domaine André et Mireille Tissot
23) Domaine Pignier
24) Domaine de la Pinte
Languedoc - Roussillon
25) Domaine Cazes
26) Domaine du Traginer
Loire
27) Domaine de l’Ecu
28) Coulée de Serrant
29) Domaine Saint Nicolas
30) Domaine Les Chesnaies
31) Domaine Riffault
Rhône
32) Clos Du Joncuas
33) Domaine Pierre André
34) Domaine Viret

Espanha
35) Albet i Noya
36) Mas Estela

Italia
37 ) Az Agr San Fereolo
38) Az Agr San Polino
39) Colombaia
40) Loacker Tenute
41) Pian dell'Orino
42) Stella di Campalto
43) Tenuta di Valgiano
44) Foradori
Portugal
45) Casa de Mouraz

O evento, que não tem ligação com nenhuma importadora em especial, e tem apenas o objetivo de divulgar vinhos únicos, produzidos de acordo com uma filosofia própria, será nos dia 8 e 9 de novembro, na Casa da Fazenda no Morumbi, São Paulo, e maiores informações e reservas podem ser feitas pelo site http://www.stellium.com.br
Eu recomendo!!!

Abraço e até a próxima.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Degustação Zuccardi


Foto - Gustavo Kauffman www.enoleigos.com.br
Tive a oportunidade de participar de uma degustação de vinhos da Família Zuccardi, uma das maiores e mais ativas empresas da Argentina, conduzida por ninguém menos que o próprio Jose Alberto Zuccardi, proprietário e filho do fundador desta Bodega.
Fundada em 1963, a Zuccardi e bem conhecida dos brasileiros, em especial pela linha de combate Santa Julia, mas dispõe igualmente de vinhos de classe superior, na linhas Série A e Q, que serão os vinhos abordados aqui. Além dos vinhos, o próprio Jose Alberto Zuccardi é uma atração a parte, como um defensor incansável dos vinhos Argentinos e de seu posicionamento no mercado internacional. Esta postura levou a revista alemã Meiningers Wine Bussines International, mais respeitada publicação do mundo do vinho como negócio, a indicá-lo, em sua edição de julho, como a mais influente personalidade do negócio do vinho argentino.
Numa degustação promovida pela Ravin Importadora, e que visava apresentar os distintos terroirs mendocinos onde a Zuccardi produz seus vinhos (Vista Flores, Altamira, Maipu e Santa Rosa), Jose Alberto mostrou-nos alguns de seus principais produtos:
1 - Zuccardi Serie A Chardonnay/Viognier 2009
Aromas intensos de frutas tropicais, amarelas e cítricas, além de uma marcada mineralidade, sensações agradáveis, e que se repetem na boca, com uma média/longa persistência.
3D

2 - Zuccardi Q Chardonnay 2008
Aromas mais austeros, mas bem marcados, com frutas, flores, e um bem integrado toque de baunilha e tostado da madeira. Na boa falta um pouquinho de acidez, mas nada que comprometa o agradável resultado final, de um vinho untuoso, sápido e longo.
3D+
3 - Zuccardi Seria A Bonarda 2008
Agradável, com intensos aromas de frutas negras e vermelhas, em especial cassis e cerejas, além de um discreto toque de especiarias. Em boca taninos finos e bem integrados, carecendo também de um pouco de acidez.
3D

4 - Zuccardi Serie A Malbec 2008
Frutas mais maduras, como groselhas, amoras e ameixas, com toques delicados provenientes das barricas, só sobrando um pouco de álcool. Na boca levemente duro, em função dos taninos ainda jovens. Estruturado e longo, repetindo no retrolfato os aromas de groselhas.
3D

5 - Zuccardi Q Malbec 2008
Ainda jovem, com frutas frescas, chocolate, taninos finos e abundantes, acidez velada e boa estrutura. Já está muito bom, mas tem a ganhar com alguns anos em adega.
3D - 4D

6 - Zuccardi Q Cabernet Sauvignon 2006
Mais complexo e equilibrado, com frutos vermelhos e negros maduros, especiarias, chocolate tabaco e notas animais. Na boca é fresco, suculento, com taninos finos e robustos, longo e agradável.
4D

7 - Zuccardi Q Tempranillo 2006
Para muitos, o melhor tinto da Zuccardi, um vinho elegante e macio, equilibrado e complexo, fresco, com taninos muito finos e longa persistência.
4D

Após a degustação, para nossa agradável surpresa, ainda fomos gentilmente presenteados pela Ravin com uma garrafa do Q Malbec, devidamente assinada pelo seu "autor", que ainda permaneceu a disposição para quaisquer dúvidas.
Perguntei-lhe especificamente sobre sua opinião em relação a Malbec como origem de grandes vinhos. No entendimento de Jose Alberto, a Malbec já produz grandes vinhos porém ainda carentes de um maior potencial de guarda, mas sua aposta em especial recai sobre os blends de Malbec e Cabernet Sauvignon. Vamos aguardar o julgamento dos anos, degustando e acompanhando a evolução dos vinhos de nossos vizinhos.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o Post "Degustações e Pontuações"
Abraço e até a próxima.

sábado, 18 de setembro de 2010

"The report of my death was an exaggeration."

Retomo minhas atividades aqui com a citação do grande Mark Twain, garantindo que eu continuo por aqui, e que a despeito do longo período em que este blog permaneceu desatualizado, minhas atividades profissionais e pessoais no mundo do vinho continuaram.
Nestes quase três meses participei de alguns importantes eventos, como as feiras das importadoras Decanter e Mistral, algumas ótimas degustações, muito estudo, e o inicio do Curso de Sommelier Internacional da Associazione Italiana Sommeliers, que concluirei na Itália em Dezembro. Vou partilhar com vocês informações sobre alguns destes acontecimentos, e retomar alguns outros assuntos que deixei para trás.
Continuem acompanhando este blog!!!
Grande Abraço e até breve.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Safra 2010 no Via Gastronomia.

Olá a todos. Peço desculpas em primeiro lugar pela falta de atualização deste blog, e mesmo agora escrevo para fazer uma "meia" atualização.
Escrevi uma artigo sobre a safra 2010 dos vinhos nacionais para o site Via Gastronomia, e deixo aqui o link. Visitem o site e dêem uma olhada no artigo.
http://www.viagastronomia.com/portal/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=10&Itemid=120
Abraço e até a próxima.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Degustação - Viña Ventisquero

Olá a todos.
Conforme prometido no último post, seguem as notas de degustação dos vinhos da Ventisquero. Espero que gostem.

1 - Ramirana Reserva Chardonnay/Sauvignon Blanc 2008
Nova linha da Ventisquero, focada apenas em vinhos de corte, sob a responsabilidade do enólogo Alejandro Galaz. Este corte não muito comum, de Chardonnay (58%) e Sauvignon Blanc (42%), provém de vinhedos no vale de Casablanca, e apresenta uma brilhante coloração verdeal, aromas cítricos, florais, e um discreto vegetal. Na boca tem bom frescor, frutas, e uma persistência de ligeira para média.
3D

2 - Ramirana Grand Reserva Sauvignon Blanc/Gewurztraminer 2009
Falando em cortes pouco usuais, eis um bem diferente, com a leve e ácida Sauvignon Blanc (70%), atenuada e complementada pela intensa e condimentada Gewurztraminer (30%). A idéia e boa, mas o resultado ainda deixa um pouco a desejar. As uvas são provenientes do Valle de Rapel, próxima a Costa, porém mais quente que Casablanca, carecendo portanto de acidez e frescor. É um vinho aromático, de médio corpo e ligeiro.
2D

3 - Ramirana Grand Reserva Syrah/Carmenére 2007
Um bom vinho, com aromas complexos, frutas maduras e em geléia, especiarias, cacau e café, além de uma pequena nota vegetal de fundo. Na boca, boa acidez, taninos finos e média persistência.
3D

4 - Ramirana Premium 2007
Vinho principal desta linha, um corte de Syrah, Carmenére e Cabernet Sauvignon. Encorpado e complexo, com notas de tabaco, fruta madura, especiarias e tostado. Uma nota vegetal bem evidente da conta da participação da Carmenére neste blend.
4D

5 - Ventisquero Reserva Sauvignon Blanc 2009
Proveniente de Casablanca, apresenta muito frescor, com aromas cítricos e vegetais, alem de uma leve toque mineral. Na boca, muita acidez, leve, bem equilibrado, com média persistência.
4D

6 - Queulat Sauvignon Blanc 2009
Também de Casablanca. Semelhante ao anterior, com uma notinha cremosa na boca, e um retrogosto vegetal mais intenso. Um pouco mais de corpo e um pouquinho menos elegância.
3D

7 - Ventisquero Reserva Syrah 2008
Correto, com fruta madura, framboesa e especiarias. Bom frescor e taninos finos. Sobra uma pontinha de álcool.
3D

8 - Queulat Carmenére 2007
Um bom Carmenére, com frutas maduras, especiarias, e aquela notinha vegetal característica. Na boca é agradável, com taninos finos e boa persistência, mas um discreto amargor no final.
3D

9 - Queulat Pinot Noir 2008
Muito bom, com coloração típica, nariz fresco, com frutas maduras e canela. Na boca apresenta bom frescor, taninos muito finos e sedosos. Muito equilíbrio e média/alta persistência.
4D

10 - Grey Chardonnay 2008
Um Chardonnay um pouco mais maduro, do Valle de Casablanca, com frutas tropicais, baunilha, e maçã, além de um toque mineral. Boa acidez, com os aromas repercutindo na boca.
4D

11 - Herú 2007
Reproduzo aqui minhas observações sobre este vinho do post de fevereiro:
O vinho tem uma atraente coloração rubi, de média/baixa intensidade, bem típica de Pinots jovens. No nariz apresenta frutas vermelhas maduras, delicadamente entremeadas com especiarias, um perceptível toque mineral, e um agradável aporte de baunilha das barricas. Na boca ele é fresco, desdobrando-se em camadas de sabores e texturas, cremoso e sedoso. Muito equilibrado, não deixando transparecer em nenhum momento seus 14° de álcool.
5D

Espero que tenham gostado. Àqueles que ainda não conhecem, recomendo fortemente os bons vinhos da Viña Ventisquero.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

sábado, 5 de junho de 2010

O Retorno! Com Viña Ventisquero!

Enfim, depois de um longo e tenebroso inverno, eis que consigo, finalmente, voltar a atualizar este blog! Aleluia!! E, conforme prometido, vou contar aqui um pouco de minha visita a Viña Ventisquero em novembro.

Fachada da Ventisquero
A visita ocorreu mediante um convite da Cantu, importadora responsável pela distribuição dos vinhos da Ventisquero no Brasil, e tinha, por parte da Ventisquero, o objetivo de apresentar melhor a proposta de trabalho da vinícola, sua cuidadosa pesquisa de microterroirs, e uma série de produtos presentes no mercado nacional.
Fundada em 1998, a Ventisquero é fruto dos investimentos do empresário Gonzalo Vidal, que já atua há algum tempo no ramo de exportação, e teve, desde o princípio, o objetivo de produzir vinhos de vanguarda, acessíveis aos mais variados mercados mundiais. Com vinhedos em Maipo, Casablanca, Colchagua, a Ventisquero produz vinhos em três linha principais, Yali, Ramirana e Ventisquero, e conta com a direção enológica de Felipe Tosso, e a consultoria do enólogo australiano John Duval, que auxilia na produção dos dois vinhos principais da vinícola, Pangea e Heru.
Após um voo tranquilo e uma noite de descanso no Hotel Holiday Inn, no aeroporto de Santiago, pegamos a estrada rumo ao Fundo Trinidad, onde ficam a maior parte dos vinhedos e a Bodega da Ventisquero. Numa visita conduzida pelo próprio Felipe Tosso, pudemos conhecer as instalações da bodega (que vocês podem ver nas fotos abaixo) e observar a preocupação com pesquisa e desenvolvimento.


Sala de Barricas e Equipamentos de separação e Desengace das Uvas

Cubas de Fermentação e Vinhedos de Trinidad

Uma curiosidade foi a foto abaixo, que mostra duas garrafas de Sauvignon Blanc deixadas ao sol, com o objetivo de estudar melhor os efeitos que a cor do vidro terão sobre o vinho e seu desenvolvimento. Conforme Felipe nos explicou, os mercados em geral pedem por vinhos brancos em garrafas transparentes, mas os resultados para o produto e sua conservação não costuma ser os melhores nesta situação... Mas como toda empresa precisa de lucro para sobreviver...



Após a visita degustamos uma série de vinhos, cujo os quais terão suas notas apresentadas em um próximo post, e seguimos para um almoço em meio aos vinhedos (nessas horas que eu odeio minha profissão...), com churrasco, saladas, choclos, e para a sobremesa chirimoias. Abaixo uma foto do terrível cenário onde ocorreu este almoço.



Com a hora já adiantada, seguimos para o Hotel em Santa Cruz, no vale do Colchagua, um belo hotel em estilo colonial, muito bem estruturado, (conta inclusive com cassino), que infelizmente sofreu sérios danos com o último terremoto. Nos acomodamos, jantamos, e no dia seguinte demos sequência a visita.
No dia seguinte, pela manhã, fomos ao Fundo Patacón, alguns dos vinhedos mais novos da Ventisquero, na região de Maipo Costa, mais próxima ao mar, e quase na "divisa" com o Vale de Colchagua. Os vinhedos de Patacón foram adquiridos, a princípio, para a produção de alguns dos vinhos mais simples da Ventisquero, o que pode ser verificado pelas parreiras conduzidas em 'latada' bem na entrada do Fundo. Porém, a qualidade do solo, e a brisa fresca que sopra continuamente do Pacífico mostraram que existe potencial para que, em breve, a Ventisquero possa produzir vinhos de alta classe a partir destes vinhedos. As fotos abaixo mostram um pouco destes vinhedos, e a última mostra o terraço onde degustamos alguns dos vinho ali produzidos. Destaque especial para uma amostra de barrica de um Merlot 2009, complexo, profundo e equilibrado, que faz parte do blend da linha Reserva, mas que em alguns anos, conforme os vinhedos envelheçam, deve passar a integrar o blend da linha de vinhos premium Grey.
Vinhedos de Carmenére em Patacón e Corte do Solo de uma videira de Merlot
Vista geral dos vinhedos de Patacón e Terraço para Degustação

Após um agradável almoço em um pequeno restaurante de culinária típica peruana, e um descanso de duas horas, nas quais dei um pulinho ao supermercado local em busca de chirimoias e Pisco (R$ 12,00 o Reserva), fomos conhecer os vinhedos da Ventisquero em Apalta, dos quais são produzidos seu vinho ícone, o Pangea, 100% Syrah. Antes de degustar o vinho principal, provamos amostras de barrica de quatro parcelas diferentes do vinhedo, todas syrah, todas dali de Apalta, e todas absolutamente diferentes umas das outras, o que nos permitiu verificar na prática o conceito de microterroirs. O Pangea em si é um Syrah profundo, complexo, cheio de nuances, e com bom potencial de guarda. Um vinho que vale a pena provar. Abaixo as fotos de Apalta, e do terraço onde degustamos e jantamos.


Foi uma visita proveitosa e instrutiva, que sem dúvida permitiu um contato mais próximo com a industria vinícola, e a verificação, na prática, de muitos conceitos que em nosso dia-a-dia estão restritos aos livros e fichas técnicas.
Espero que tenham gostado deste breve relato. No próximo post, as notas dos vinhos degustados na Ventisquero.
Abraço e até lá.

sábado, 29 de maio de 2010

Desculpas!

Estou em grande dívida com todos que tem de alguma forma acompanhado este blog. Já não o atualizo há algum tempo. Na última ocasião em que me preparava para escrever um post, contando sobre minha participação na colheita noturna da Domus Áurea, tive a triste constatação de que todas, TODAS as fotos que eu havia feito em minha última visita ao Chile haviam se perdido. Como? Mistérios da tecnologia.
Juntando-se isso a minha rotina atribulada das últimas semanas, e eis a falta de atualização do blog. Mas por favor, tenham paciência. Além de minha visita a Domus Aurea, com direito a degustação de três safras de seu vinho principal e mais algumas pérolas, tenho ainda para partilhar com vocês uma visita a Viña Ventisquero, outra a De Martino, e uma degustação de 10 grandes vinhos chilenos, por ocasião do lançamento da edição 2010 do guia Descorchados. Aguardem!!!!
Abraço a todos

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Degustação - Grandes Vinhos Chilenos


Durante minha última visita ao Chile, por ocasião do Mundial de Sommeliers, tive a oportunidade de visitar a nova loja da El Mundo Del Vino, principal rede de lojas de vinho daquele país, e ponto de passagem obrigatório para eno-turistas, onde é possível encontrar uma variedade quase inacreditável de vinhos chilenos, didaticamente separados por castas.
A loja em questão fica no charmoso bairro de Las Condes, na Av. Isabel Goyenechea 3000, no mesmo edifício que abriga o também recem inaugurado Hotel W Santiago, o mais luxuoso da capital, onde foi realizado o Mundial de Sommeliers, e foi inaugurada recentemente, dois quarteirões adiante do antigo endereço.
Por intermédio de meu amigo Ariel Perez, competente sommelier da Casa do Porto e futuro candidato a presidência do Chile (acreditem, ele conhece TODOS os habitantes de Santiago), tive a oportunidade de degustar uma sequência de belos vinhos, na maioria dos casos vinhos ícones de cada vinícola, e minhas impressões desta degustação compartilho agora com vocês.

1 - Viña Maipo Limited Edition Syrah 2007
Principal vinho desta vinícola pertencente a Concha y Toro. Notas marcadas de especiarias, fruta em compota. Na boca, alcaçuz, muito frescor e taninos finos, longa persistência.
4D

2 - De Martino Single Vineyard Alto de Pedras Carmenére 2008
Fruta intensa e leve nota vegetal, taninos abundantes e finos, leve tostado, média/longa persistência.
3D

3 - House of Morandé 2005
Nariz muito atraente, com banana passa e figos. Na boca é fino, picante e longo.
4D

4 - Carmem Gold Reserve Cabernet Sauvignon 2005
Um pouco fechado, com fruta fresca, médio/encorpado, com muitos taninos, equilibrado, elegante e longo.
3D

5 - Casa Silva Microterroir de Los Lingues Carmenére 2006
O que menos impressionou. Notas verdes muito intensas, com fruta muito discreta. Off-dry, com compota e tostado na boca, agradável, porém com um nariz muito desequilibrado.
3D

6 - Santa Rita Triple C 2005
Nariz com notas doces, compota e geleia, tabaco, canela, goiabada e milho-verde. Fresco, longo e equilibrado.
4D

7 - Santa Rita Casa Real 2005
Um dos grandes Cabernets do Chile, com muita fruta madura, geleia, café, tostado e pimenta do reino. Ótima acidez, com taninos finíssimos, longa persistência e muito equilíbrio.
5D

Espero que tenham gostado.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

sábado, 8 de maio de 2010

Vídeo-Degustação - Grey Chardonnay 2008


Olá a todos.
Primeiramente, me desculpem pela recente falta de atualização deste blog, mas os últimos dias foram bem corridos. Este será o mês do Chile neste blog. Tenho uma boa dose de assuntos relativos a nosso vizinho trans-andino, e no decorrer deste mês tratarei apenas destes temas.
Para começar, uma degustação diferente, em vídeo, que se encontra no You Tube no endereço http://www.youtube.com/user/GreyChardonnayemacao#p/a/u/0/lMvMDa5f0go. Mas vamos as explicações referentes a este formato diferenciado para apresentar minhas impressões a respeito deste vinho.
Durante minha primeira visita ao Chile, em novembro, já havia ouvido o comentário na Viña Ventisquero sobre esta ação de marketing para o lançamento do produto, e recentemente, eu, assim como outros sommeliers, jornalistas, críticos e blogueiros, recebemos um kit da Cantu, importadora da Ventisquero no Brasil, convidando-nos a degustar o vinho e partilhar nossas impressões através da internet. Os vídeos já postados encontra-se no Canal GreyChardonnayemacao
A iniciativa é inovadora, ao apresentar o vinho ao público a partir dos olhares de pessoas que não estão diretamente envolvidas com sua venda, e demonstra também segurança em ralação a qualidade do produto que está sendo oferecido a este mesmo público.
Já havia tido a oportunidade de degustar este vinho na Ventisquero, e esta segunda degustação apenas reforçou minha boa impressão em relação a qualidade do produto. O vinho apresenta uma atraente coloração amarelo-brilhante, com reflexos verdeais, agradáveis aromas de frutas tropicais maduras, como abacaxi e manga, entremeados pelas notas de baunilha e tostado, provenientes de sua passagem por barricas. Na boca é equilibrado, com boa acidez, untuoso e longo.
Um bom Chardonnay, que classifico como 4D.
Tentei colocar o vídeo abaixo, mas, anafalbeto digital que sou, não consegui... então ajudem meus "índices de audiência" assistindo direto pelo You Tube! O link, mais uma vez, é:
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações o Pontuações".
Abraço e até a próxima.




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Degustação - Feudo Maccari


Encerrando o 4º Encontro Grand Cru de Sommeliers, foram apresentados os vinhos italianos da Feudo Maccari, localizada no Val di Noto, na Sicília. Os vinhos foram apresentados por Stefano Maginni, gerente de exportação da vinícola, e causaram uma impressão bem positiva, principalmente em função de sua boa relação preço/prazer. Nos dois primeiros vinhos brilha a Nero d'Ávola, estrela maior dos vinhedos sicilianos, enquanto que no vinho principal, Maharis, já entram pequenas partes de Cabernet Sauvignon e Syrah.

Seguem os vinhos

1 - Nero d'Ávola 2007
Vinho com muita fruta madura, e muito frescor, sápido, com boa adstrigência e média/longa persistência.
3D

2 - Saia 2006
Também 100% Nero d'Ávola, porém mais complexo e elegante. Notas de especiarias, fresco, com taninos bem finos e longa persistência.
3D

3 - Maharis 2006
Um grande vinho, muito complexo, com frutas negras e vermelhas, notas tostadas e de especiarias, na boca, redondo, muito equilibrado, com taninos abundantes, porém muito finos.
5D

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Degustação - Viña Leyda


Numa degustação que foi também conduzida por Max Darraidou, uma vez que a Leyda e Tabalí pertencem ao mesmo grupo, foi possível apreciar com mais calma alguns vinhos desta que é a vinícola pioneira no Valle de Leyda, uma sub-região do Valle de Casablanca, e que conta hoje com sua própria denominação. Assim como na Tabalí, a tecnologia, aliada a pesquisa de ponta na identificação de micro-terroirs, permite a produção de vinhos frescos e de muito boa qualidade, sempre uma boa opção ao nosso cálido clima. Seguem os vinhos:

1 - Leyda Reserva Sauvignon Blanc 2009
Notas aromáticas marcadas de aspargos e cítricos, com muita acidez na boca, evocando tangerinas. Um vinho leve, de média/longa persistência.
3D

2 - Leyda Reserva Carmenere 2008
Um nariz muito interessante e atraente, com frutas maduras e um discreto toque vegetal. Boa acidez e frescor, com média persistência.
3D

3 - Leyda Single Vineyard Cabernet Sauvignon 2007
Frutas negras maduras, especiarias e baunilha, com bom corpo, acidez adequada, e taninos abundantes e macios. Média persistência.
3D

4 - Leyda Single Vineyard Las Brisas Pinot Noir 2008
Um bom vinho, mas áquem de minhas expectativas. Off-dry, com o açúcar residual bem perceptível, frutado, fresco, mas um pouco encorpado demais para um bom Pinot. Repito, é um bom vinho, mas faltou um pouquinho de elegância.
3D

No próximo post encerramos com Feudo Macari, da Sicília.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Degustação Viña Tabalí


Pioneira na produção de vinhos de alta qualidade no Valle de Limarí, uma das regiões mais ao norte do Chile, onde a Tabalí instalou-se em 1993, esta empresa produz vinhos de elevada qualidade com grande concentração e foco, o que só é possível em uma região muito fria e seca como esta, já as portas do Deserto do Atacama. Além das castas disponíveis no mercado ( Chardonnay, Viognier, Sauvignon Blanc, Cabernet, Merlot, Syrah, Carmenere e Pinot Noir) A Tabalí conta com mais uma série de castas como Riesling, Pinor Gris e outras, plantadas ainda em caráter experimental, e que podem vir a apresentar bons resultados no futuro.
Durante o último Encontro Grand Cru de Sommeliers, o Export Manager da Tabalí, Max Darraidou, apresentou os seguintes vinhos:

1 - Reserva Especial Sauvignon Blanc 2009
Notas vegetais, com um pimentão verde evidente e um discreto cítrico. Boa acidez e frescor, com retrogosto médio/longo, evocando abacaxi e maracujá.
3D

2 - Reserva Syrah 2008
Denso, retinto, com frutas maduras e especiarias bem marcadas. Encorpado, macio e longo.
3D

3 - Reserva Especial Blend 2007 (Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah)
Fruta madura, cedro e pimenta do reino. Encorpado, enche a boca, um vinho carnudo, longo e equilibrado.
4D

A seguir, Vinã Leyda.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações"
Abraço e até a próxima.

sábado, 24 de abril de 2010

Degustação Escorihuela Gascón


Existem alguns fatos curiosos a respeito da Escorihuela Gascón, e que muitos não tem conhecimento. Por exemplo, a Escorihuela faz parte do grupo Catena Zapata (pertence a Ernesto Catena, filhos do Sr. Nicolas Catena), e foi também a primeira vinícola argentina a comercializar um vinho 100% Malbec, além de ser uma grande patrocinadora do pólo à cavalo argentino.
Mas a parte disto, a Escorihuela é, antes de mais nada, um produtor confiável, de vinhos de bom custo/benefício, como os que comento a seguir.

1 - Escorihuela Gascón Viognier 2009
Aromático, floral, notas mélicas, off-dry, untuoso, com boca de frutas tropicais maduras e em calda. Longo e agradável.
4D

2 - Família Gascón Tempranillo 2008
Frutado, agradável, macio e correto, com média duração.
3D

3 - Escorihuela Gascón Sangiovese 2008
Fruta intensa, nota tostada e algo químico. Médio corpo, redondo, intenso e agradável, com média duração.
3D

4 - DON 2005
Novo vinho da bodega, que homenageia seu fundador e em breve estará no Brasil. Supreendente, complexo e direto, com tabaco, tostado, fruta madura e baunilha. Na boca, muita fruta, sedoso, encorpado e equilibrado. Longo
5D

Os vinhos foram apresentados durante o 4º Encontro Grand Cru de Sommeliers, por Gustavo Marin, que já há mais de 10 anos responde como enólogo responsável pelos vinhos desta bodega.
No próximo capítulo, Viña Tabalí.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

4º Encontro Grand Cru de Sommeliers

A Grand Cru Importadora realizou em março a 4º edição deste evento. Trata-se de uma iniciativa um pouco diferente das demais importadoras, que, em geral, realizam ou participam de feiras (assim como a Grand Cru) onde apresentam seus produtos aos profissionais do setor, bem como ao público em geral, porém, neste encontro realizado anualmente, a Grand Cru tem a oportunidade de, num ambiente mais descontraído (este ano o encontro foi no Guarujá), apresentar seus produtos diretamente àqueles que serão responsáveis por sua venda e serviço em restaurantes e lojas especializadas. Deixo aqui meu aplauso a esta iniciativa de valorizar o profissional do vinho.
Durante o evento, tivemos a oportunidade de provar vinhos de quatro vinícolas (Escorihuela Gascón, Tabalí, Leyda e Feudo Macari) apresentados por seus representantes, degustações sobre as quais falarei em futuros posts, porém, o evento começou com uma interessante degustação conduzida por Fabiano Aurélio, promissor sommelier da importadora. Nesta degustação Fabiano apresentou uma seleção de bons vinhos do velho mundo, com preços abaixo de R$ 100,00, salvo o último, que custa R$ 165,00. Todos vinhos de boa qualidade, e com uma boa relação preço/prazer, fato que, quando se trata de vinhos europeus, exige algum conhecimento do comprador para fugir de algumas "roubadas" (Baron d'Arignac?! Alguém??). Seguem os vinhos e suas notas:

1 - Macôn-Lugny St, Pierre 2008 - Bouchard Père et Fils - Borgonha/França
100% Chardonnay
Nariz agradável, embora não muito expressivo, boa acidez e duração. Correto.
3D

2 - Flor d'Englora 2006 - Celler Baronia del Montsant - Montsant/Espanha
Corte de Garnacha, Carigneña, Merlot, Syrah e Ull d'Llebre
Fresco e frutado, com boa acidez e médio corpo, longo e de finos taninos.
4D

3 - Cotês du Ventoux 2007 - Delas Freres - Rhône/França
80%Grenache e 20%Syrah
Sobra um pouquinho de álcool, mas é muito bom. Gostoso, com taninos finos e bem colocados.
4D

4 - Pian di Conte IGT 2007 - Talenti - Toscana/Itália
Sangiovese Grosso, Syrah, Canaiolo e Colorino
Nariz rústico, com um toque animal, bem italiano, médio/encorpado e macio, média duração.
3D

5 - Enate Crianza 2005 - Bodegas Enate - Somontano/Espanha
Tempranillo e Cabernet Sauvignon
Fruta madura, com notas tostadas, toffe, bom corpo, taninos finos, longo e equilibrado.
3D

6 - Predicador 2006 - Contador de Benjamin Romeo - Rioja/Espanha
Ainda um pouco fechado, off-dry, notas de compota e fumaça, boa acidez e adstrigência, um pouquinho pesado, mas ainda assim equilibrado.
4D

A avaliação geral foi positiva, e demonstra que podemos sim ter boas experiências com vinhos europeus sem a necessidade de estourar o cartão de crédito. Em complemento aos vinhos, a apresentação de Fabiano foi bem objetiva, abordando justamente os aspectos mais relevantes aos profissionais ali presentes.
Nos próximos posts conto mais um pouco.
Dúvidas sobre meus sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Degustação - Don Melchor com Enrique Tirado


Participei recentemente de uma degustação das duas safras mais recentes deste ícone chileno, bem conhecido por aqui, e que se firmou no mercado internacional como referência em bons Cabernet Sauvignons do Chile. A degustação ocorreu na Cave Pavesi (Rua Maria Monteiro 59, Cambuí, Campinas-SP), e foi conduzida por ninguém menos que Enrique Tirado, enólogo responsável por esta pequena jóia da vinicultura chilena.

Tirado iniciou com uma breve apresentação sobre os vinhedos, localizados em Puente Alto, dentro do perímetro urbano de Santiago, lado a lado com os vinhedos de outro ícone, Almaviva. Don Melchor é produzido desde 1987, e até o ano de 1994 foi um vinho 100% Cabernet Sauvignon. Em 1995 uma pequena parte de Merlot foi acrescentada ao corte, porém, isso não voltou a ocorrer em safras posteriores. Desde 2001, entre 3 e 9% de Cabernet Franc são acrescentados ao vinho, mas, segundo Tirado, há cerca de 10 anos foram plantados clones superiores de Merlot no vinhedo, que no futuro podem voltar a fazer parte do assemblage.

As safras degustadas foram as mais recentes no mercado brasileiro, 2005 e 2006, e mostraram porque este vinho é hoje referência em qualidade em todo mundo. Já provei outras 6 safras deste vinho, e nunca me desapontei, muito pelo contrário. E aqui a situação não foi diferente...

O Don Melchor 2005 mostrou-se ligeiramente superior. Embora ainda fechado, com um discreto toque de menta, é um vinho fino, encorpado, longo, evocando frutas maduras e chocolate na boca, e demonstra ter ainda longos anos de garrafa pela frente antes de mostrar todo o seu potencial. Classifico este vinho como 4D.

Já o 2006, estava mais aberto, com aromas mais pronunciados de frutas negras e vermelhas maduras, e um agradável tostado. Apresentava taninos mais doces que o anterior, porém um pouquinho menos finos. Embora seja um vinho mais pronto, deve evoluir um pouquinho menos que o anterior. Classifico-o também como 4D.

Destaco porém, que, por tratar-se de vinhos ainda muito jovens, não revelaram por certo todo o seu potencial. Acredito que paciência e anos de adega podem levar estes vinhos a classificação 5D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

domingo, 18 de abril de 2010

Gerard Basset, o Melhor Sommelier do Mundo 2010


Conforme eu já havia adiantado, aconteceu no último dia 15, em Santiago do Chile, a final de mais um Concurso Melhor Sommelier do Mundo, organizado pela ASI desde 1969, e que desde 1983 ocorre a cada três anos. Esta 13ª edição da competição reuniu 52 participantes, de 48 países diferentes, que passaram por uma bateria de exames teóricos e práticos, até a definição dos três finalistas, anunciados ao vivo, quinze minutos antes da Grande Final. Foram eles, Paolo Basso (Suiça), David Birau (França) e Gerard Basset (francês de nascimento, mas representando o Reino Unido).

Além dos três finalistas, um fato que merece menção é que, entre os 12 semi-finalistas estavam 4 mulheres, fato inédito na história deste torneio. Eram elas Elyse Lambert e Véronique Rivest (Canadá), Merete Bø (Noruega), e Julia Gosea (Romênia), esta última também o primeiro representante de um país do leste europeu a chegar tão longe na competição.

Após um rápido sorteio, os candidatos deixaram o salão e retornaram, um por vez, na ordem acima para a Final. A prova final, conduzida pelo ítalo-brasileiro Dânio Braga, consistia no serviço de Champagne e coquetéis para uma mesa de 4 pessoas, sugestão de um menu harmonizado com os 6 vinhos escolhidos por uma mesa de três pessoas e decantação e serviço de uma garrafa magnun de um vinho tinto para uma mesa de 6 pessoas, a seguir, o candidato deveria descrever e indicar a procedência de 4 vinhos, e identificar oito destilados e/ou licores, passando então a correção de 10 itens de uma Carta de Vinhos fictícia e a identificação, por meio de fotografias, de cinco vinhedos do mundo.

Descrevendo tudo assim, de forma sucinta, parece fácil, e, na verdade, até para quem está lá assistindo ao vivo não parece tão difícil assim, mas eu que já passei por isso durante o último Concurso Brasileiro posso afirmar, NÃO É!! Todos os candidatos que se apresentaram já tinham uma larga experiência, e já haviam passado por outras finais de competições de sommeliers anteriormente, mas visando manter os nervos dos candidatos a flor da pele, algumas mudanças foram providenciadas para a competição deste ano, como a necessidade de preparar e servir um coquetel (sim, isso faz parte do trabalho de um sommelier), e o fato de que não havia um menu para ser harmonizado com vinhos, e sim uma seleção de vinhos que deveriam ser harmonizados com pratos, o que acaba evidenciando também o conhecimento gastronômico do candidato. E é claro, tudo isso dentro de um tempo exíguo, 5 ou 6 minutos em cada mesa, 12 minutos para os vinhos, 3 para os destilados e 3 para a correção da Carta.

Já nas apresentações propriamente ditas, Paulo Basso se saiu muito bem, demonstrando segurança e preparo, mas ficou um pouquinho travado nas harmonizações, sugerindo opções corretas, mas sem grande variedade ou criatividade, e ultrapassou o tempo no serviço do vinho tinto, faltando servir um taça no final, mas, no geral, saiu-se muito bem, o que lhe garantiu o segundo lugar na competição.

Já o candidato francês, David Birau, demonstrou estar bem nervoso na final. Na preparação do coquetel ele quase utilizou a bebida errada, abriu o espumante de costas para o júri e estourou o tempo em quase todas as tarefas, porém, como ainda é jovem, pode vir a surpreender em futuras competições.

Por fim, o grande vencedor, Gerard Basset, foi impecável, servindo com precisão, sugerindo um menu harmonizado elaborado e criativo, descrevendo os vinhos de forma concisa e precisa (aliás ele foi o único que identificou corretamente um dos vinhos, um IceWine canadense), e encerrou sua apresentação sob os aplausos entusiasmados do público, que, em sua grande parte, torcia pela sua vitória.

Essa torcida toda tem um motivo, Basset, com 52 anos, já disputa o Mundial de Sommeliers desde 1992, e já esteve em 5 finais, tendo sido vice-campeão em 3 ocasiões. Nesta, que para muitos seria sua última chance, Basset se superou, e tornou-se a única pessoa no mundo a deter os títulos de Master Sommelier, Master of Wine e Melhor Sommelier do Mundo. Com tranquilidade e propriedade, Gerard Basset é, agora, O Melhor Sommelier do Mundo, conquista pela qual deixo aqui meu aplauso e reconhecimento, pela capacidade e determinação deste grande profissional do vinho.

Em breve conto outros detalhes desta proveitosa visita ao Chile. Grande abraço e até lá.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Reminiscências Enológicas: Degustação - Sta. Helena Seleccíon del Directório Cabernet Sauvignon 2007


Dia destes tive a oportunidade de degustar novamente o vinho chileno em questão, e, ao revirar meus alfarrábios, deparei-me com minhas notas de degustação, no já distante ano de 2005, da safra 2002 deste mesmo vinho.

Primeiramente, algumas palavras sobre a vinícola. Para todos nós, iniciados no mundo do vinho, já está bem marcada a imagem negativa da linha de entrada desta vinícola, com a malfadada alcunha de "Reservado", o que na prática não quer dizer nada para a legislação vinícola chilena; porém, á partir desta linha Selección del Directório (equivalente a um Gran Reserva), a Santa Helena apresenta vinhos de boa qualidade e relação preço/prazer.

Mas, vamos aos vinhos em questão. Em 2005, quando eu ainda iniciava meus passos no mundo do vinho, confesso que o Santa Helena 2002 em questão foi uma pequena revelação; tratava-se, então, do primeiro vinho tinto um pouco mais complexo que meus modestos rendimentos me permitiam provar no aconchego do lar, e, numa época em que eu ainda não tinha uma técnica de degustação das mais apuradas, e nem tampouco a "litragem" que eu tenho hoje, me chamou a atenção, de modo especial, evidentes notas de torrefação, provenientes da passagem por barricas, frutas em compota, e um aroma bem marcado de café, após alguns minutos na taça, o que muito me agradou, afinal, para todo iniciante é sempre um prazer especial quando conseguimos distinguir com clareza algum aroma no vinho.

Já nesta nova prova, agora da safra 2007 do mesmo vinho, além da coloração rubi com reflexos violáceos, denotando juventude, percebi um nariz com mais fruta, fores, um discreto vegetal, talvez de uvas não tão maduras, e um tostado muito leve, bem distante daquele café intenso de outrora. Na boca, tratava-se de um vinho correto, com o álcool aparecendo discretamente, médio corpo e média duração, com um retrogosto evocando um leve toque de compota.

Não tenho como classificar o vinho que provei em 2005, mas esta safra 2007 recebe em minha classificação a nota 3D.

A impressão que ficou é que a vinícola mudou seu estilo, passando de vinhos com mais madeira para vinhos mais frutados e acessíveis, porém mais ligeiros e menos marcantes. Um vinho mais adequado para o dia a dia, mas que dificilmente marcará outro neófito como aquela garrafa da safra 2002 me marcou.

Obviamente, tenho também consciência de que meus critérios mudaram, meu gosto e técnica se aperfeiçoaram, consequentemente, aquele mesmo Santa Helena 2002 talvez não me impressionasse de forma tão positiva hoje, porém, com o passar dos anos, o que ficou foi a agradável lembrança daquele vinho deliciosamente encorpado e tostado que tanto me chamou a atenção.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Em Tempo, amanhã estou de partida para o Chile, onde acompanharei as finais do Concurso Melhor Sommelier do Mundo, visando sempre um maior aprofundamento e aperfeiçoamento profissional, e, se a TAM ajudar, retorno sexta feira ao Brasil. Portanto, até lá devo deixar o blog sem atualizações, mas garanto que no meu retorno terei muitas novidades e notícias para partilhar aqui com vocês.

Grande abraço e até a próxima.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vinhos Espanhóis com Andreas Larsson na Casa do Porto.


Conforme eu havia adiantado, após a Aula Magna de Andreas Larsson na ABS, seguimos para uma degustação de vinhos espanhóis na Casa do Porto, na Alameda Franca, onde seus proprietários, Péricles e Rodrigo, nos acolheram com grande simpatia.
Logo na chegada, um Welcome Drink diferente; ao invés de espumante, cerveja. Mas não qualquer cerveja, e sim uma cerveja produzida pelo método Champenoise, onde ocorre uma segunda fermentação em garrafa, conferindo o perlage a bebida, seguido de um período de amadurecimento, que confere maior complexidade ao produto. A cerveja era a Einsenbahn Lust, de Blumenau, e é uma das únicas três cervejas no mundo produzidas por este método; apresenta bom corpo, paladar leve, e uma agradável conjunto de aromas, onde se destacam as frutas. Mais leve do que seria de se esperar de uma cerveja com 11,5° alcoólicos.
Passando a degustação dos vinhos, que foi comandada por Larsson e a qual estavam presentes, entre outros, Didu Russo, Arthur Azevedo, Jorge Carrara e César Adames, começamos com uma bela surpresa, uma amostra de barrica do Chateau Valandraud 2009! Trata-se de um dos grandes vinhos de Saint-Emilion, produzido com maestria por Jean-Luc Thunevin, mais especial ainda por tratar-se da tão comentada safra 2009, que tem sido comparada às grandes safras de 2005, 2000, 1982 e outras. O vinho era denso e encorpado, apresentando intensos aromas frutados, e taninos vivos e abundantes. Com uma bela acidez, já demonstra que, com a continuidade de seu amadurecimento em barricas, alcançará grande equilíbrio e qualidade. Classifico este vinho como 5D.
A seguir, os espanhóis. Foram sete tintos e um vinho doce, a maioria orgânicos e/ou biodinâmicos, e são novidades no portfólio da Casa do Porto, e inclusive alguns nem tem preço definido ainda. O serviço dos vinhos foi conduzido com maestria pelo meu amigo, o competente sommelier Ariel Perez.
1 - Mancuso 2004 - 100% Garnacha - Região:Valdejalon
Menta bem marcante, leve toque oxidado, fresco, com média acidez e boa adstrigência, longo.
4D
2 - Zerberos de Pagos Galayos 2006 - 100% Garnacha - Região:Castilla y Leon
Para alguns, eu entre eles, o melhor da série, com agradáveis notas de fruta em compota, intenso mineral, suculento e encorpado, com boas complexidade, equilíbrio e duração em boca.
5D
3 - César Príncipe 2006 - 100% Tempranillo - Região:Cigales
Ainda um pouco fechado, com frutas negras e especiarias, taninos finos, longo e agradável.
4D
4 - Vizar Selección 2006 - 50% Tempranilo 50% Syrah - Região:Castilla y Leon
Fruta madura no nariz, com tostado e especiarias. Na boca apresenta uma fruta mais fresca, taninos finos, e uma nota de cacau no retrogosto.
5D
5 - Alzania Cuvée 2006 - 100% Syrah - Região:Navarra
Nariz fresco, discreto vegetal, pimenta, boa acidez e longa duração.
3D
6 - Ramiro's 2006 - 100% Tempranillo - Região:Ribera del Duero
Um pouco fechado, com tostados e baunilha, taninos doces e finos, com geleia e côco na boca.
4D

7 - Antonino Izquierdo 2006 - 95% Tempranillo 5% Cab. Sauvignon - Região:Ribera del Duero
Fruta madura, própolis, tabaco, bom corpo, longo e equilibrado.
5D

8 - Mas Estela Solera 1991 - 100% Garnacha
Defumado, notas oxidadas, amêndoas, frutas secas, casca de laranja, muito longo, redondo.
5D
Deixando de lado a harmonização, o cardápio do almoço foi baseado em ingredientes típicos nacionais, com o objetivo de apresentar novos aromas e sabores ao sommelier sueco, visitando o Brasil pela primeira vez. A Paella passou por uma releitura nas mãos da Chef Thais Bulgareli, que além dos tradicionais camarões adicionou tambaqui, pequi, carne de sol, pupunha e algo mais, resultando em um prato curiosamente agradável e exótico. Embora de difícil harmonização, em minha opinião o peculiar sabor do pequi caiu bem com as notas aromáticas e a acidez relativamente baixa da Garnacha. Na sobremesa, uma trilogia de sorvetes, com cupuaçu, açaí e taperebá ( ou cajá, ou cajamanga), que não combinaram em nada com o vinho, mas estavam muito gostosos. Larsson ficou especialmente encantado com o açaí, sabor que ele achou muito exótico.
Ainda se seguiram outros eventos com Larsson no Brasil, que embarca amanhã para Santiago, para o Concurso de Melhor Sommelier do Mundo. Neste dois em que participei, ficou a visão de uma pessoa simpática, que em nenhum momento permite que sua posição suba a cabeça, e que está sempre pronto a partilhar seus conhecimentos e experiências.
Espero que tenham gostado deste pequeno relato, e até a próxima.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande Abraço

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Melhor do Mundo! (Pelo menos até sexta que vem)


Olá! Primeiramente, esclarecendo uma informação que fiquei devendo no último post, não, o Brasil não participará do próximo Mundial de Sommeliers. Conforme eu havia adiantado, em função do regulamento da competição, a ABS/Brasil não pôde inscrever Tiago Locatelli como substituto de Guilherme Corrêa. Pena...

Mas, seguindo adiante, tive ontem a oportunidade de acompanhar de perto uma Aula Magna de serviço com o sommelier sueco Andreas Larsson, Melhor Sommelier do Mundo em 2007, de passagem pelo Brasil a caminho de Santiago, onde sexta feira que vem, ele passará o título ao novo vencedor do torneio.

Tecnicamente, a aula foi muito proveitosa, porém, mais do que isso, o melhor foi conhecer Larsson de perto e poder constatar que, ao contrário do que se possa imaginar, trata-se de uma pessoa comum e muito simpática.

Larsson iniciou sua apresentação lamentando que, em sua primeira visita ao Brasil, tenha se deparado com o "maravilhoso" e chuvoso clima paulistano, afinal, como a maioria dos europeus sabem, o Brasil é uma país de belas praias e sol o ano todo. Em seguida, Larsson falou um pouco sobre sua vida profissional, e como, apenas oito anos após abraçar a carreira de sommelier, ele se sagrou o Melhor do Mundo. Falou um pouco sobre o preparo necessário, muito mais psicológico do que intelectual, e também sobre as mudanças em sua vida após essa conquista única. A seguir, Larsson apresentou diversos tipos de serviço; de espumantes, decantação de tintos, destilados, e fez comentários e observações voltados mais para o dia a dia de um restaurante (Larsson ainda exerce a função) do que para os meandros de um concurso de sommeliers. Embora tenha atuado com precisão e desenvoltura, Larsson cometeu erros comuns ao nosso dia a dia, como deixar pingar o vinho na toalha, mas a forma como ele lidou com estes delizes só serviu para mostrar o quanto é preciso ser humano e humilde para alcançar a posição que ele alcançou.

A final de um Concurso Mundial de Sommeliers nada mais é do que um grande teatro de serviço, onde vence o candidato que conseguir combinar preparo e tranquilidade naqueles 30 minutos de apresentação. Obviamente, para chegar lá é preciso uma dose quase sobre-humana de conhecimento teórico, abrangendo informações como as regiões produtoras de vinho da Tailândia e da antiga Iugoslávia, ou o tipo de fumo utilizado no miolo do charuto D4 (eu não inventei isso, foram questões do último mundial...), porém, Larsson serve como exemplo de que é sim possível.

Nas palavras dele próprio, um campeão se constrói com algum talento, muita dedicação, e uma grande quantidade de paixão, características que ele demonstrou possuir de sobra.

Após tão produtiva aula, seguiu-se uma almoço no Bistrô da Casa do Porto, onde Larsson conduziu uma ótima degustação de vinhos espanhóis, mas isso já é tema para outro post....

Abraço e até lá.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Brasil Fora da Copa do Mundo!!!


Chocados com a notícia? Pois é mais ou menos o que pode acontecer no mundo do vinho. Comentei aqui sobre o Concurso Melhor Sommelier do Mundo, promovido pela ASI (Association de la Sommellerie Internationale), que acontecerá no Chile em duas semanas. Trata-se de uma competição das mais respeitadas, disputada pelos representantes de cada um dos 41 países membros, e nosso representante, escolhido em março de 2009, durante o Concurso Brasileiro de Sommeliers, seria o Bicampeão brasileiro Guilherme Corrêa, sommelier da Decanter Importadora. Seria, pois para minha tristeza e consternação, fui informado pelo próprio Guilherme que, em função de uma torção no joelho, ele estará fora do Mundial.

Seu suplente, o segundo colocado naquele Concurso, seria Tiago Locatelli, do Varanda Gril, porém, pelas regras do Concurso Mundial, os candidatos devem ser inscritos até 21 dias antes do evento. Ainda não consegui nenhuma informação com ninguem da ABS a respeito disto, mas espero que, em função das especificidades desta situação, a ASI permita a inscrição de última hora de nosso candidato, afim de que o Brasil não fique sem representação em tão importante acontecimento.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Merecidas férias! Com direito a Mundial de Sommeliers!


Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a partir de quinta, dia 1°, estarei gozando de merecidas férias. Neste período, darei alguma atenção a este blog, atualizando e acompanhando seu andamento, e farei uma breve visita ao Chile, para acompanhar as finais do Concurso de Melhor Sommelier do Mundo, organizado pela ASI. Espero trazer novidades, e espero contar com o apoio de vocês na torcida pelo nosso representante, meu amigo Guilherme Corrêa, da Decanter Importadora. Se tudo der certo, espero ir ao próximo mundial como competidor, e não mais como espectador.

Abraço e até breve.

sábado, 27 de março de 2010

Degustação - Blackwell Shiraz 2002


Começo confessando que não sou grande fã do hoje consagrado estilo dos vinhos australianos, encorpados, pesadões, alcoólicos, ou, como dizem por aí, "parkerizados", mas felizmente, são muitos os produtores hoje em dia que produzem exemplares mais elegantes e equilibrados, como é o caso aqui.

A St. Hallett, produtora deste vinho, fica no Barossa Valley, berço da industria vinícola australiana, e origem de grandes ícones como o Penfolds Grange. Para muitos, é o terroir onde a Shiraz, nome que os australianos deram a francesa Syrah, obtém sua máxima expressão. Particularmente, acredito que Hermitage, no Rhône, seja a casa da Syrah por excelência, mas é impossível negar a grande qualidade dos vinhos do Barossa.

Este Blackwell, em especial, apresentou coloração rubi profunda, muito intensa, ainda com reflexos violáceos e quase nenhum halo aquoso, denotando, portanto, grande juventude para um vinho que já tem 8 anos. No nariz, uma gostosa combinação de frutas negras maduras, como mirtylos e cassis, especiarias, um toque vegetal e notas tostadas. Na boca, bela acidez, macio, com um meio de boca suculento, e um retrogosto longo, frutado e agradável.

Dentro de minha escala de avaliação, classifico este vinho como 4D.

Dúvidas sobre meus sistema de avaliação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e ate a próxima.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vinhos Suiços no Olivetto Restaurante!!!



Estamos na reta final da preparação de um Wine Dinner muito especial, o 1º com vinhos suíços da Provins Valais, a ser realizado no Olivetto Restaurante e Enoteca. Será uma sequência de 6 vinhos, cada um acompanhado de seu prato, que serão apresentados pelo representante da vinícola, Monsieur Sebastien Ludy.


A Suíça, para aqueles que não sabem, é um produtor importante de vinhos finos, porém, é um consumidor mais importante ainda! Por consequência, sobra muito pouca produção para o mercado externo, situação reforçada pelo fato de que a grande maioria dos produtores são muito pequenos, carecendo da estrutura necessária a exportação. Apenas grandes grupos, como a Provins Valais, conseguem se organizar para isso. A Provins Valais é uma cooperativa que já tem 70 anos de história, com mais de 4400 associados, perfazendo um total de mais de 240 ha de vinhedos.


Todos os vinhos do Wine Dinner são do Cantão de Valais, na Suíça francófona, principal região produtora daquele país. Os vinhos e o menu são os seguintes:


Welcome Drink - Fendant du Valais, um agradável vinho branco, produzido com a mais emblemática casta branca suíça, a Fendant.


Entrada - Johannisberg de Chamonson AOC, um vinho mais complexo, produzido com a Johannisberg, nome que a Sylvaner recebe na Suíça, acompanhado de uma Raclette à Olivetto, prato típico de queijo fundido, com nosso toque especial.


1º Prato - Pinot Noir du Valais, um vinho leve, delicado e frutado, bem velho mundo, acompanhado de uma combinação de ingredientes sempre presentes na culinária suíça, batata, cogumelos, bacon crocante e queijo Ementhal.


2° Prato - Humagne Rouge du Valais AOC, vinho um pouco mais rústico, mas sem perder a leveza característica dos vinhos de clima mais frio, escoltanto um stinco de cordeiro (trata-se do tornozelo do bicho), em redução de vinho e tomilho, com um duo de purês.


3° Prato - Rouge d'Enfer du Valais AOC, assemblage das castas Syrah, Cornalin, Humagne Rouge e Diolinoir, mais encorpando e intenso, será servido com um javali selvagem marinado em cerveja, guarnecido com arroz negro.


Sobremesa - Grains de Malice du Valais AOC, delicado e complexo vinho de sobremesa, das castas Marsanne Blanche e Pinot Gris, que acompanhará frutas em diferentes texturas, em calda de Kirsh (o destilado nacional suíço) e maracujá.


Os pratos Foram todos escolhidos pelo nosso Chef Fábio Amaral e por mim após a seleção dos vinhos, buscando a melhor harmonização entre os elementos, afim de que, mais que um jantar, possa ser uma experiência gastronômica para nossos clientes. Mais tarde conto por aqui como foi o evento.

O Wine Dinner será quarta-feira, dia 31/03, ás 20:00hrs, no Olivetto Restaurante e Enoteca. O Olivetto fica na Cel Silva Telles 843, Cambuí, e as reserva podem ser feitas pelo 19-3294-8133, ou pelo e-mail, contato@olivettorestaurante.com.br

A quem possa interessar, os vinhos da Provins Valais são importados e distribuidos pela Vitis Vinífera, e eles entregam em todo o território nacional.


Abraço e até a próxima.

terça-feira, 23 de março de 2010

Desculpas!!

Olá pessoal.
Desculpem pela falta de atualização do blog por estes dias, mas a correria está grande. Mas aguardem, tenho muita coisa boa a caminho.
Abraço e até breve.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Degustação - Cobos 2006


Cobos 2006, 99pts do Sr. Robert Parker, mas.... e daí? É um vinho que realmente vale os mais de R$ 600,00 que custa?

Conforme mencionei em um post anterior, acredito que o vinho não é uma ciência, não cabendo, portanto, pontuações precisas. Afinal, como diferenciar, às cegas, um vinho que recebeu nota 98+ de uma que recebeu 99? Porém, o mercado absorveu de bom grado o sistema de pontuação adotado hoje, principalmente,por Robert Parker e pela Wine Spectator Magazine, utilizando altas pontuações como justificativa para campanhas de marketing agressivas e preços exorbitantes. E é este o caso deste Cobos 2006, importado pela Grand Cru.

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que gostei do vinho, o vinho é sim muito bom, mas R$ 600,00?!?! Aí é demais. O Cobos 2006 é, até o momento, o vinho sul-americano com maior pontuação na imprensa internacional, mas, em minha modesta opinião, não é tão bom quanto o Carmin de Peumo 2003 Concha y Toro (97pts Robert Parker, 5D em minha avaliação) ou o Nicolas Catena Zapata 2004 (98+pts Robert Parker e também 5D em minha avaliação).

Mas, Robert Parker a parte, vamos ao vinho. O Cobos 2006 apresenta uma coloração rubi intensa, com pronunciado reflexo violáceo, discreto halo de evolução e lágrimas finas e abundantes. No nariz é um vinho ainda fechado, precisando de alguns anos de garrafa para mostra todo o seu potencial, mas já apresenta muita fruta em compota, alcaçuz, especiarias e baunilha, bem como notas florais e uma pontinha de álcool, que lembra um pouco um Porto. Na boca, é seco, com uma acidez boa, porém um pouquinho a menos do que o necessário, sem amargor, com boa adstrigência a taninos finos, embora muito poucos. Os 15,5° de álcool sobram, demandando uma decantação de não menos que 1 hora para suavizá-lo, é um vinho bem encorpado e de final longo e agradável.

Embora o vinho não apresente nenhum defeito grave, estava, em minha opinião, um pouquinho desequilibrado, faltando acidez e estrutura para suportarem todo o corpo e álcool, desequilíbrio este que não compromete de modo muito significativo a degustação, porém não era o esperado em um vinho de mais de R$ 600,00.

Acredito que, com alguns anos de garrafa, este vinho pode, em minha escala de avaliação, alcançar a nota 5D, mas hoje classifico-o como 4D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

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