domingo, 28 de fevereiro de 2010

Degustação - Sucre Reserva


Provei por estes dias dois vinhos desta linha, o Cabernet Sauvignon e o Carmenére, ambos da safra 2008. A linha Sucre é um projeto desenvolvido no Chile pela Ângela Mochi, proprietária da Wine Company Importadora e pessoa das mais simpáticas no ramo.
A linha Sucre começou há coisa de três anos, com tintos varietais, Cabernet e Carmenére, depois ganhou um Sauvignon Blanc, e neste ano foram lançados os reserva.
Os vinhos são provenientes do Valle del Maule, e, embora provenientes de vinhedos muito jovens, já demonstram potencial. São vinhos que tenho provado desde a primeira safra, e a evolução e sensível, o que com certeza nos anima para o futuro.
Os dois vinhos, propriamente ditos, estavam bem gostosos. O Cabernet Sauvignon tinha aromas interessantes de fruta madura, com toques de especiarias e côco, além de uma notinha de pimenta vermelha. Na boca é um vinho off-dry, com boa acidez, muita fruta e médio corpo. Para mim faltou um pouco de tanino, mas a boa persistência compensa um pouco. É um vinho saboroso, e que classifico como 3D.
Já o Carmenére, em minha opinião é superior, com aromas mais complexos, notas de couro e café, além daquele toque herbáceo. Na boca é um vinho equilibrado, macio, mas só escorrego no retrogosto, que não é muito longo. De qualquer forma, é um vinho que também classifico como 3D.
Fica a certeza de que, com o tempo, os vinhos Sucre só ganharão em qualidade, mas sem perder, espero eu, sua privilegiada relação preço/prazer.
Dúvidas subre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande Abraço e Até a Próxima

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cerveja e Tiramissu!?!?!?


Hoje vamos variar um pouco, o assunto é cerveja. O tema, assim como o vinho, é amplo, e cheio de detalhes e nuances. Talvez muitos dos conceitos que vou abordar aqui demandem algumas explicações técnicas, mas como meu objetivo não é fazer deste blog uma manual ou algo parecido, vou tratar de uma situação e uma cerveja em especial, a parte técnica abordo em outro post ou quando eu for publicar meu livro....

Antes de mais nada, ao contrário do que muitos pensam, inclusive muitos de meus colegas de profissão, a cerveja está sim inserida no escopo do trabalho do sommelier, que é o responsável por TODAS as bebidas de um restaurante. Cito como exemplo o último Concurso Brasileiro de Sommeliers, do qual participei, e que trazia em sua parte teórica uma questão que envolvia a harmonização de um menu completo com cervejas. Há, sim, o profissional especializado em cervejas, o bier-sommelier, como minha cara Kathia Zanatta, do Grupo Schincariol, porém, o sommelier especialista em vinhos, caso da maioria de nós, necessita possuir sólidos conhecimentos sobre cerveja.

A cerveja disputa com o vinho o título de bebida alcoólica mais antiga da humanidade, e, assim como o vinho, esta intrinsecamente envolvida na história e cultura de vários povos; logo, assim como o vinho, a cerveja também tem uma imensa variedade de estilos, sabores, produtores, técnicas de elaboração e etc. Em função disso, são igualmente imensas as possibilidades de harmonização de cerveja e pratos.

Dia destes, em visita ao meu amigo Tiago Locatelli, sommelier dos mais competentes e responsável pela Carta de Vinhos da Varanda Grill, em São Paulo, após uma bela refeição acompanhada do sempre confiável Q Tempranillo, da Zuccardi, já decidido a provar o tiramissu do Varanda, pedi ao Tiago que sugerisse o vinho para acompanhar. Após certificar-se de nossa total confiança em sua escolha, eis que ele retorna com uma cerveja.

Pode causar estranheza num primeiro momento a idéia de servir uma cerveja com a sobremesa, mas acreditem, com as escolhas certas funciona muito bem. (Experimente Baden Stout ou Colorado Demoiselle com sobremesas de chocolate amargo...) A cerveja em questão era uma austríaca, a Eggenberg Samichlaus Classic, importada pela Bier und Wein, de São Paulo. Conforme o Tiago nos explicou, esta cerveja é safrada, e preparada apenas uma vez ao ano, em 6/dez, dia de São Nicolau (ou Samichlaus em alemão), nosso popular Papai Noel. Trata-se de uma Lager, cerveja de baixa fermentação, encorpada, saborosa, com um discreto toque adocicado, e impressionantes 14° alcoólicos.

Com sua característica untuosidade, e seus delicados aromas evocando malte, café, tabaco e passas, esta cerveja fez um belo casamento com a sobremesa, acompanhando sua estrutura e cremosidade, e repetindo algumas de suas notas aromáticas.

Uma agradável descoberta, que coroou uma bela refeição. Descubra novos sabores você também! Experimente novas cervejas com novos pratos. Você pode se surpreender.

Grande abraço e até a próxima.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Degustação - Magrez-Aruga Koshu 2007


Como eu havia prometido, um vinho japonês. Num primeiro momento, pode causar alguma estranheza a idéia de que o Japão possa produzir bons vinhos, e realmente, o clima na maior parte do país não é adequado, logo, um vinho como este importado pela Grand Cru, acima de R$ 300,00 causa, no mínimo, grande curiosidade. Embora uvas viníferas sejam produzidas no Japão desde o século VIII, apenas recentemente uma industria vinícola preocupada com a qualidade em detrimento da quantidade começou a se desenvolver.

Como qualquer grande país produtor, o Japão tem algumas grandes empresas e pequenas vinícolas familiares, estas responsáveis pelos melhores resultados em termos de qualidade. E alguns dos melhores resultados são obtidos com a casta Koshu, símbolo da vitivinicultura nipônica, e que foi trazida ao Japão pela rota da seda há mais de 1200 anos.

Esta casta, bem adaptada ao terroir do Vale Kofú, em Yamanashi, nas encostas do Monte Fuji, despertou a atenção do produtor bordalês Bernard Magrez, que em associação com a Katsunuma-Jozo (Adega Aruga), selecionou cuidadosamente um pequeno vinhedo de 0,5 hectare, de nome Isehara, para a produção de não mais que 2000 garrafas por ano deste vinho, por meio de plantações em alta densidade e rendimentos controlados, obtendo assim a máxima expressão da casta neste terroir.

O vinho apresenta um bela coloração verdeal, com reflexos palha, bela limpidez e brilho, denotando sua juventude. No nariz, uma profusão de flores e frutos brancos e cítricos, intensos e marcantes. Na boca a maior surpresa; o vinho é seco, vivo e delicioso, com uma acidez exuberante, lembrando muito os bons Rieslings do Reinghau. Um grande branco, por certo ainda com muitos anos adiante.

Fica a impressão final de que trata-se de um vinho que realmente vale o que custa, obviamente considerando as peculiaridades tarifárias de nossa pátria, e em minha escala de avaliação, recebe a classificação 5D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Grande abraço a até a próxima.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Degustação - Mouchão 1990


Falei aqui há alguns dias do fantástico Mouchão 1979 que provei recentemente. Pois bem, esta outra safra veio para corroborar minhas impressões sobre este vinho.

Não é segredo para ninguém que poucos são os vinhos com tão grande potencial de guarda como este Mouchão, mas menos ainda são os vinhos com este potencial de guarda que custam menos de R$ 200,00 no catálogo das importadoras, como a safra atual do Mouchão (2003), no catálogo da Adega Alentejana. Enquanto o 1979 estava, na minha opinião, chegando ao ápice, este Mouchão 1990 ainda tem mais longos anos de vida pela frente...

Sua coloração já demonstra alguma evolução, com notas grená e reflexo atijolado, porém o vinho estava absolutamente límpido e brilhante.

No nariz, agradáveis notas balsâmicas, entremeadas por frutas em compota, defumado, alcaçuz e especiarias.

Na boca, um vinho seco, com uma acidez fenomenal, denso, quase licoroso, com taninos presentes, porém muito finos, e um final longo, muito longo.

É a segunda safra madura deste vinho que degusto, e a segunda a receber a classificação 6D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Degustação - Pinot Noir du Valais 2007


Conforme prometido, uma degustação de um vinho suíço. A Suíça sempre produzia grandes volumes de vinhos de boa qualidade, porém, como o consumo interno e muito grande, e os produtores em geral são muito pequenos, estes vinhos não chegavam ao mercado brasileiro. Esta lacuna foi preenchida recentemente, pela importadora Vitis Vinífera, que traz ao Brasil os vinhos da Provin Valais, maior produtor daquele país. Os vinhos são de muito boa qualidade, razão pela qual em breve teremos um Wine Dinner no Olivetto Restaurante com estes vinhos.

Mas vamos ao nosso Pinot Noir...

O vinho e proveniente da região de Valais, no leste suíço, principal região produtora do país. É um típico Pinot "entry level" do Velho Mundo, com baixo teor alcoólico (13,2°), coloração rubi pouco intensa, tendendo ao atijolado, e aromas evocando frutas vermelhas frescas e maduras, porém com um leve toque de torrefação e especiarias, provenientes de um curto estágio em barricas. Na boca tem boa acidez, mostrando-se um vinho leve, fresco e ligeiro. Só sobrou um pontinha de álcool, mas sem comprometer o conjunto.

É um vinho que vai bem com aperitivos e entradas, servindo inclusive de alternativa para aqueles que não abrem mão do vinho tinto, mesmo quando o prato assim o pede.

Classifico este vinho como 3D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço a até a próxima.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Degustação - Mouchão 1979 no Olavo


Neste post vou repercutir um assunto e repetir uma foto já utilizada em outro blog. Estive na última quarta no simpático Olavo Restaurante e Tasca do Chef Rogério Silva, acompanhado dos amigos e também blogueiros Alexandre (Diário de Baco) e Cristiano (Vivendo Vinhos) para bater papo, trocar ideias e provar alguns vinhos.

Nossa grande estrela acabou sendo o Mouchão 1979 em questão, garrafa que já estava em minha adega há alguns meses pedindo para ser aberta. Um belo português do Alentejo, produzido com castas locais, sendo dominante a Alicante Bouschet. Declarei à Revista Menu, edição de nov/09, que um grande desafio para um sommelier é abrir o vinho na hora certa. Estou convencido que, emocionalmente, não existe hora certa senão aquela em que você se sente a vontade para provar aquele vinho, porém, tecnicamente falando, todo vinho tem o seu ápice, e é neste ápice que, num mundo perfeito e cor-de-rosa, todas as garrafas seriam abertas.

Assim como deveria ser um crime abrir uma garrafa de Barca Velha logo que ela chega ao mercado, igualmente triste é guardar um vinho especial com carinho por vários anos e, ao abri-lo, descobrir que o mesmo já se foi. Quando decidi levar este Mouchão ao nosso encontro, precavido, sugeri aos amigos que levassem sua garrafas também, afinal, um vinho com 31 anos, por mais que tenha sido corretamente armazenado, sempre pode trazer uma surpresa desagradável. Mas, felizmente, não foi o que aconteceu. O vinho estava soberbo...

Sua coloração ainda apresentava notas rubi, apenas com um reflexo atijolado nas bordas. O halo aquoso sequer era tão grande quanto seria de se esperar. Sua coloração demonstrava maturidade, mas ainda com a energia da juventude.

No nariz fruta muito concentrada, compota, geléia, couro, especiarias e um toque de sous-bois, grande complexidade e intensidade. Na boca, um vinho quase licoroso, potente e direto, com boa acidez, taninos vivos e um final quase interminável.

Um grande vinho, que recebe em minha escala a classificação 6D.

Após este grande vinho, que foi devidamente degustado sem a companhia de comida. Enveredamos pelo cardápio do Olavo, provando um ótimo bolinho de polenta com jamon e queijo manchego, onde a nota rançosa do queijo integra muito bem o conjunto, como entre-métier, uma amostra de um gostoso risotto de calabresa de javali e vinho tinto, e já como prato principal, sugeri que confiássemos na veia criativa do Chef Rogério que, conforme eu esperava, não nos decepcionou. Provamos um pequeno menu-degustação, com cupim em baixa temperatura em redução de cerveja preta com polenta de espinafre (muito bom), lombo de cordeiro em redução de vinho tinto e cogumelos (excelente) e carré de cordeiro em crosta de ervas com aligot, uma fonduta de dois queijos (fantásticos). Foram grandes pratos, para coroar uma grande noite, regada a um grande vinho...

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações"

Abraço a todos, a até a próxima...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Degustação - Elegance de Lesparre


Eis um vinho diferente... Num universo onde, cada vez mais, os produtores buscam transformar as castas em marcas, de modo que o consumidor saiba de antemão o que esperar de um determinado vinho, este branco produzido por Michel Gonet, na região de Entre-Deux-Mer, e importado pela Vitis Vinífera, vem para fugir do lugar comum.

Em primeiro lugar, o vinho é um singelo Vin de Table; a mais simples classificação para um vinho francês. Logo, o vinho não é safrado (embora o importador informe que se trata de um 2004), nem tampouco traz a região de produção no rótulo.

Além disso, o vinho e produzido dentro das mais antigas tradições da região, fermentado e envelhecido em madeira, e passando por toda a fermentação maloláctica. Em função disso, embora trate-se de um Sauvignon Blanc 100%, não encontraremos neste vinho nada daquilo que se espera de um Sauvignon Blanc.

Começando pela bela coloração amarela, com reflexos dourados, só um pouco mais claro que um vinho de sobremesa, porém menos untuoso, com poucas lágrimas, resultado dos apenas 12,5° alcoólicos.

No nariz o vinho evoca frutas como pessêgos, abacaxis e damascos bem maduros, baunilha, notas lácteas, um leve tom oxidado, abrindo após alguns minutos para notas bem claras e agradáveis de amêndoas amargas.

Na boca é um vinho de baixa acidez (até um pouco chato), mas untuoso e saboroso. Apesar do pouco corpo tem uma longa e agradável persistência.

Vale pelo inusitado, mas é, também, um bom vinho. Em minha escala de pontuação classifico este vinho como 3D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o Post "Degustações e Pontuações"

Abraço e até a próxima

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Degustação - Bordeaux


Esta será a primeira degustação "em série" deste blog, cortesia da Casa do Porto, que importa os vinhos a seguir. Passei por lá há alguns dias, e, para minha sorte, esta visita coincidiu com uma degustação de alguns rótulos dos produtores Patrick Valette e Jean-Luc Thunevin. Ambos produzem bons vinhos na região de Bordeaux, alguns clássicos, outros mais modernos, mas em geral todos muito bons.

Com o gentil convite do Rodrigo, proprietário da Casa do Porto da Alameda Franca, juntei-me ao grupo. A degustação foi, definitivamente enriquecida pelos demais sommeliers presentes, Máximo (Fasano), Bruno (Buffet Fasano) e Manoel Beato (Fasano). Nestas ocasiões, com a troca de experiências, é que podemos absorver algo a mais dos vinhos, a partir da percepção de todos os presentes de aspectos que, eventualmente, poderiam nos passar desapercebidos.

A impressão geral foi de que se tratavam de bons vinhos, com uma relação preço/prazer bem adequada, e, salvo uma única decepção, vinhos que não fariam feio em qualquer mesa ou carta de vinhos, pois vamos aos vinhos;

1 - Presidial Thunevin Blanc 2007 - Jean-Luc Thunevin - R$ 79,00

Um Bordeaux branco correto saboroso, fresco, com aromas discretos, mas bem colocados, bem gostoso e agradável.

3D

2 - N° 2 Blanc de Vallandraud 2007 - Jean-Luc Thunevin - R$ 227,00

Coloração mais profunda, aromas complexos, evocando a passagem por barricas, coco, sálvia... Boa acidez e estrutura.

3D

3 - Chateau de Rougerie 2007 - Patrick Valette - R$ 138,00

A decepção da série. Vinho com coloração e aromas corretos, até interessantes, mas na boca magro, carente de estrutura, e muito ligeiro.

2D

4 - Chateau de Rougerie 2005 - Patrick Valette - R$ 138,00

Outra safra do mesmo vinho, para mostrar que o problema estava apenas na safra 2007. Um vinho mais completo, com tudo no lugar certo. Enche a boca.

4D

5 - Chateau de Launay 2005 - Patrick Valette - R$ 165,00

Aromas de fruta mais madura, geléia, baunilha, médio corpo, com uma pontinha de álcool. Média/longa persistência.

3D

6 - Chateau d'Eyran 2004 - Patrick Valette - R$ 160,00

Um belo Pessac-Léognan, fino e elegante, mas ao mesmo tempo denso e pleno. Notas marcadas de caramelo queimado e café, mas sem mascarar a fruta. Bem equilibrado.

5D

7 - L'Espirit Chevalier Rouge 2006 - Patrick Valette - R$ 240,00

Ainda jovem, mas já bem gostoso. Apresenta uma fruta mais fresca, groselhas, notas de especiarias e ervas. Bom corpo e taninos finos.

4D

8 - Domaine Virgine Thunevin 2006 - Jean-Luc Thunevin - R$ 96,00

Vinho de médio corpo, mais fruta, notas de chá e média persistência, Equilibrado e agradável.

4D

9 - Bad Boy 2006 - Jean-Luc Thunevin - R$ 126,00

Marca mais comercial do produtor. Vinho ainda jovem, fechado, mas já demonstrando potencial e boa pegada. Encorpado. Muito bom, mas tem um probleminha... Não parece um vinho do velho mundo...

4D

10 - Domaine Fayat-Thunevin Lalande-Pomerol 2006 - Jean-Luc Thunevin - R$ 126,00

Cheio e suculento, com bons taninos e acidez, notas defumadas, muito intenso aromaticamente, com boa complexidade. O melhor da série em minha opinião.

5D

11 - Clos Badon 2006 - Jean Luc Thunevin - R$ 310,00

Um Grand Cru de St. Emilion, clássico, muito bem feito. Um grande vinho.

5D


Ainda provamos um vinho de sobremesa espanhol, que, falha minha, não anotei o nome, mas estava muito bom... Espero que possam fazer bom proveito destas notas. Sou um fã de vinhos franceses, e o resultado geral desta prova só reforça minha opinião. E a Casa do Porto em especial tem uma seleção de vinhos franceses que vale a pena conferir.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Um abraço e até a próxima...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Café e Cafés... Espressos e Nespressos....


Olá, aqui estou novamente, escrevendo do "exílio". Meu computador não se recuperou ainda. Mas tenho fé de que isso acontecerá nos próximos dias. Até lá, o que me resta é a Lan House... paciência.

Hoje quero escrever um pouco sobre cafés. Como disse no meu primeiro post, o trabalho do sommelier abrange mais do que o vinho, alcançando todas as bebidas, alcoólicas ou não, servidas em um restaurante, e isso inclui o café.

O café como nós conhecemos e fruto de tradições milenares, cultivadas pelo povos árabes, e que com o passar do tempo sofreu mudanças e aperfeiçoamentos em sua forma de fabricação e serviço. Basicamente, a bebida café é fruto da infusão dos grãos do cafeeiro em água quente, isso depois de os mesmos terem passado por diferentes processos de secagem, torra e moagem. Esta infusão pode ser através do tradicional coador, ou ainda de diversos formatos de cafeteiras, elétricas e manuais, porém a forma de consumo que desejo abordar desta vez é o espresso, assim mesmo, com S, pois o nome vem do italiano espresso, que significa "espremido", algo feito sob pressão, e é aí justamente que está o coração deste processo.

O bom espresso deve ser feito com a água entre 85° e 90° C, sob uma pressão de 19bar, o que demanda uma moagem correta do grão, a regulagem correto do equipamento e a colocação do pó de forma correta na máquina, caso contrário a bebida pode ficar rala e fraca, ou queimada e amarga. Com tudo no lugar certo, o espresso perfeito é uma bebida cremosa e agradável ao paladar, e para garantir esta qualidade é que entra em cena o barista, o profissional do serviço do café, do qual falaremos no futuro.

Buscando garantir um espresso perfeito sempre, para todos aqueles que assim o desejarem (e que possam desembolsar quase R$ 1.000,00 no mínimo) temos hoje no mercado as máquinas e cápsulas Nespresso, produzidas na Suiça, com grãos selecionados de todo o mundo, já moídos, pesados e embalados á vácuo, garantindo frescor e qualidade ao consumidor.

Já tinha a opinião formada de que se tratava de um produto da mais alta qualidade, com a vantagem de que elimina os fatores que podem prejudicar a experiência de se tomar um bom café, mas em recente visita a Boutique Nespresso no Jardins em São Paulo, pude verificar que trata-se também de um produto didático.

Em uma breve degustação conduzida pelo meu amigo e colega de profissão Mateus Godoy, ex-Fasano e hoje sommelier da Nespresso no Brasil (como eu disse, sommelier não é só vinho...) provei alguns cafés de diferentes origens, a saber Brasil, Colômbia, Sumatra e Índia, observando e percebendo de forma detalhada as diferenças entre eles, como a doçura do café brasileiro, a refrescante acidez do colombiano, a marcante presença de especiarias do grão de Sumatra e o corpo intenso do indiano. Cada um traz também suas próprias características aromáticas, e, assim como um bom vinho, cada um pede um harmonização diferente, com pratos ou bebidas.

Este foi apenas um texto introdutório sobre o tema. Assim como o vinho, pretendo voltar ao assunto de forma mais detalhada no futuro. Até lá, ao invés do tradicional brinde, convido a todos para um aconchegante xícara de Ristreto.

Saudações e até a próxima...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Comunicado

Olá Pessoal.
A tecnologia não é uma maravilha? Principalmente quando funciona não é? Pois é, meu micro esta atravessando um momento difícil na existência dele, e por isso não consegui atualizar o blog ainda. Mas aguardem. Já já chego com novidades, tem vinhos franceses da Casa do Porto, vinho suiço, japonês, cafés e muito mais. EM BREVE
Abraços a todos, e peço orações pelo meu micro....

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Degustação - Herú 2007


Ok, sei que já é a terceira degustação seguida, mas prometo que no próximo post abordo um assunto novo.
Agora vamos ao nosso vinho de hoje. O Herú é produzido pela Viña Ventisquero no Valle de Casablanca, região chilena reconhecida pela qualidade de seus brancos e tintos à base de Pinot Noir, qualidade esta que se deve principalmente ao clima mais frio da região, que se localiza bem próxima ao Oceano Pacífico.
A Ventisquero em especial é uma vinícola relativamente jovem (foi fundada em 1998), e extremamente preocupada com a qualidade de seus produtos. Nestes 12 anos de existência a Ventisquero tem feito um trabalho meticuloso de pesquisa de terroirs, buscando as melhores áreas para a produção de cada casta, e foi este trabalho que levou ao surgimento deste vinho. O Herú é produzido de uma parcela específica do mesmo vinhedo do qual a Ventisquero produz seu Pinot Noir Gran Reserva, o Queulat, mas ao longo dos anos foi observado que aquela parcela específica do vinhedo produzia um vinho de qualidade superior, até chegar um ponto em que a qualidade era tão visivelmente superior, que não era mais possível adicionar aquele vinho ao Queulat, era preciso engarrafá-lo como um outro rótulo.
Daí o Herú 2007 que ora degustamos: O vinho tem uma atraente coloração rubi, de média/baixa intensidade, bem típica de Pinots jovens. No nariz apresenta frutas vermelhas maduras, delicadamente entremeadas com especiarias, um perceptível toque mineral, e um agradável aporte de baunilha das barricas. Na boca ele é fresco, desdobrando-se em camadas de sabores e texturas, cremoso e sedoso. Muito equilibrado, não deixando transparecer em nenhum momento seus 14° de álcool.
Ainda jovem, o Herú já demonstra grande complexidade, que acredito eu, deva aumentar com mais 3 ou 4 anos de garrafa. Um vinho que vai muito bem com carnes delicadas, como o vitelo, ou apenas com bons amigos.
Dentro de minha escala de avaliação dou a este vinho a classificação 5D.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o Post "Degustações e Pontuações".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Degustação - Carpe Diem Gran Reserva Cabernet Franc 2005


Como sommelier, sempre me atraiu a idéia de fugir do lugar comum. Não só ao selecionar rótulos para uma Carta de Vinhos ampla e variada como a do Olivetto, mas também no meu dia-a-dia, ao escolher os vinhos que vou beber. Como profissional, aprecio e recomendo muitos bons Cabernets e Carmeneres chielenos, ou Malbecs argentinos, mas como consumidor, procuro sempre que possível o diferente, e daí o vinho degustado hoje.

A Cabernet Franc é uma das castas tradicionais de Bordeaux, próxima geneticamente da cabernet sauvignon, porém com características bem distintas. Enquanto esta costuma produzir vinhos mais encorpados, com taninos firmes, notas de frutas negras e especiarias, e não mais do que um discreto toque vegetal, aquela já traz abundância de frutas vermelhas, notas vegetais mais marcadas, taninos sedosos e uma acidez mais viva.

Por uma questão de adequação climática, a Cabernet Franc nunca é majoritária nos vinhos bordaleses, salvo uma excessão das mais honrosas, o grande Chateau Cheval Blanc, que leva cerca de 55% desta casta. Em outros terroirs, como o Vale do Loire, já é possível permitir a Cabernet Franc alçar voos solo.

E não é surpresa encontrar bons exemplares desta casta no Novo Mundo, onde os terroirs ainda estão sendo descobertos. A Vinos de Sur, projeto de José Esturrillo e Francisco Gillmore, se vale de vitivinicultura sustentável na produção deste vinho, a partir dos mais antigos vinhedos de cabernet franc do chile. Um belo achado, importado pela Casa do Porto. Vamos ao vinho...

De um belo rubi, sem reflexos, e já demonstrando alguma maturidade, esta criança mostra deliciosos aromas de frutos vermelhos frescos, ervas, flores e um discreto toque de especiarias e baunilha, fruto de seus 18 meses em barricas de carvalho francês. A surpresa na parte aromática fica por conta do fato de que, mesmo com tão longo estágio em barricas de 1º uso, as mesmas não contribuem senão com um discreto toque na complexidade aromática deste vinho. Na boca ele se mostra fresco, direto, com taninos presentes, mas sedosos, saboroso, medianamente encorpado e com boa persistência. Só sobra uma pontinha de álcool, mas sem comprometer o resultado final.

Dentro de minha escala de pontuação, classifico este vinho como 3D

Dúvidas sobre meu sistema de avaliação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Degustação - Cortes de Cima Syrah 2005


A Cortes de Cima é uma vinícola familiar da região de Vidigueira, no Alentejo, em Portugal. Vidigueira é a região mais ao sul do Alentejo, e já é referência em produção de bons vinhos desde o Império Romano.
Tendo como proprietários a Família Jorgensen, a Cortes de Cima dedica-se não só a vinha, mas também a produção de azeitonas, cereais e sobreiros (a árvore que da origem a cortiça das rolhas), e foi uma das primeiras vinícolas do Alentejo a nadar contra a maré, produzindo vinhos fora das normas da DOC, e mostrando ao mundo o grande potencial da casta Syrah no solo alentejano, com seu vinho, hoje icônico, Incógnito.
Este Syrah que apresentamos seria como que o "irmão menor" do Incógnito, produzido na safra de 2005, que apresentou o clima mais seco em cem anos para a região, bem como um inverno rigoroso. Isto, aliado a uma sucessão de dias quentes e noites frias na reta final de amadurecimento das uvas, durante o mês de setembro, permitiu a produção de um vinho maduro, com bom teor alcoólico e acidez adequada.
Agora vamos ao vinho propriamente dito:
O vinho apresenta coloração rubi intensa, com uma discreta evolução, denotando a passagem por barricas e os 3 anos e meio desde o engarrafamento. O nariz e intenso, convidativo, mostrando complexidade, vigor e elegância, com frutos vermelhos e negros maduros, pimenta do reino e notas de torrefação. Na boca o vinho é cheio, equilibrado e correto, mostrando novas camadas de aromas e sabores além dos já demonstrados no nariz. O fim de boca é longo e agradável.
Cortes de Cima Syrah 2005 é uma vinho de grande qualidade, ainda com alguns anos pelo frente. Minha opinião é que entre 2014 e 2015 atinja seu ápice. Vai bem a mesa, com pratos como a Paleta de Borrego assada, com um molho intenso do próprio assado, e ainda, fugindo da culinária portuguesa, massas com molhos intensos à base de carnes, como um ragôut de rabada.
Dentro de minha escala de avaliação, este vinho recebe a nota 4D
Grande abraço a todos e até a próxima.

Postagem em destaque

Enoturismo em Mendoza

Como parte de nossa nova parceria com a LATAM Travel Shopping Frei Caneca , teremos no mês de Novembro/2016 um imperdível tour por alguma...