segunda-feira, 29 de março de 2010

Merecidas férias! Com direito a Mundial de Sommeliers!


Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, a partir de quinta, dia 1°, estarei gozando de merecidas férias. Neste período, darei alguma atenção a este blog, atualizando e acompanhando seu andamento, e farei uma breve visita ao Chile, para acompanhar as finais do Concurso de Melhor Sommelier do Mundo, organizado pela ASI. Espero trazer novidades, e espero contar com o apoio de vocês na torcida pelo nosso representante, meu amigo Guilherme Corrêa, da Decanter Importadora. Se tudo der certo, espero ir ao próximo mundial como competidor, e não mais como espectador.

Abraço e até breve.

sábado, 27 de março de 2010

Degustação - Blackwell Shiraz 2002


Começo confessando que não sou grande fã do hoje consagrado estilo dos vinhos australianos, encorpados, pesadões, alcoólicos, ou, como dizem por aí, "parkerizados", mas felizmente, são muitos os produtores hoje em dia que produzem exemplares mais elegantes e equilibrados, como é o caso aqui.

A St. Hallett, produtora deste vinho, fica no Barossa Valley, berço da industria vinícola australiana, e origem de grandes ícones como o Penfolds Grange. Para muitos, é o terroir onde a Shiraz, nome que os australianos deram a francesa Syrah, obtém sua máxima expressão. Particularmente, acredito que Hermitage, no Rhône, seja a casa da Syrah por excelência, mas é impossível negar a grande qualidade dos vinhos do Barossa.

Este Blackwell, em especial, apresentou coloração rubi profunda, muito intensa, ainda com reflexos violáceos e quase nenhum halo aquoso, denotando, portanto, grande juventude para um vinho que já tem 8 anos. No nariz, uma gostosa combinação de frutas negras maduras, como mirtylos e cassis, especiarias, um toque vegetal e notas tostadas. Na boca, bela acidez, macio, com um meio de boca suculento, e um retrogosto longo, frutado e agradável.

Dentro de minha escala de avaliação, classifico este vinho como 4D.

Dúvidas sobre meus sistema de avaliação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e ate a próxima.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vinhos Suiços no Olivetto Restaurante!!!



Estamos na reta final da preparação de um Wine Dinner muito especial, o 1º com vinhos suíços da Provins Valais, a ser realizado no Olivetto Restaurante e Enoteca. Será uma sequência de 6 vinhos, cada um acompanhado de seu prato, que serão apresentados pelo representante da vinícola, Monsieur Sebastien Ludy.


A Suíça, para aqueles que não sabem, é um produtor importante de vinhos finos, porém, é um consumidor mais importante ainda! Por consequência, sobra muito pouca produção para o mercado externo, situação reforçada pelo fato de que a grande maioria dos produtores são muito pequenos, carecendo da estrutura necessária a exportação. Apenas grandes grupos, como a Provins Valais, conseguem se organizar para isso. A Provins Valais é uma cooperativa que já tem 70 anos de história, com mais de 4400 associados, perfazendo um total de mais de 240 ha de vinhedos.


Todos os vinhos do Wine Dinner são do Cantão de Valais, na Suíça francófona, principal região produtora daquele país. Os vinhos e o menu são os seguintes:


Welcome Drink - Fendant du Valais, um agradável vinho branco, produzido com a mais emblemática casta branca suíça, a Fendant.


Entrada - Johannisberg de Chamonson AOC, um vinho mais complexo, produzido com a Johannisberg, nome que a Sylvaner recebe na Suíça, acompanhado de uma Raclette à Olivetto, prato típico de queijo fundido, com nosso toque especial.


1º Prato - Pinot Noir du Valais, um vinho leve, delicado e frutado, bem velho mundo, acompanhado de uma combinação de ingredientes sempre presentes na culinária suíça, batata, cogumelos, bacon crocante e queijo Ementhal.


2° Prato - Humagne Rouge du Valais AOC, vinho um pouco mais rústico, mas sem perder a leveza característica dos vinhos de clima mais frio, escoltanto um stinco de cordeiro (trata-se do tornozelo do bicho), em redução de vinho e tomilho, com um duo de purês.


3° Prato - Rouge d'Enfer du Valais AOC, assemblage das castas Syrah, Cornalin, Humagne Rouge e Diolinoir, mais encorpando e intenso, será servido com um javali selvagem marinado em cerveja, guarnecido com arroz negro.


Sobremesa - Grains de Malice du Valais AOC, delicado e complexo vinho de sobremesa, das castas Marsanne Blanche e Pinot Gris, que acompanhará frutas em diferentes texturas, em calda de Kirsh (o destilado nacional suíço) e maracujá.


Os pratos Foram todos escolhidos pelo nosso Chef Fábio Amaral e por mim após a seleção dos vinhos, buscando a melhor harmonização entre os elementos, afim de que, mais que um jantar, possa ser uma experiência gastronômica para nossos clientes. Mais tarde conto por aqui como foi o evento.

O Wine Dinner será quarta-feira, dia 31/03, ás 20:00hrs, no Olivetto Restaurante e Enoteca. O Olivetto fica na Cel Silva Telles 843, Cambuí, e as reserva podem ser feitas pelo 19-3294-8133, ou pelo e-mail, contato@olivettorestaurante.com.br

A quem possa interessar, os vinhos da Provins Valais são importados e distribuidos pela Vitis Vinífera, e eles entregam em todo o território nacional.


Abraço e até a próxima.

terça-feira, 23 de março de 2010

Desculpas!!

Olá pessoal.
Desculpem pela falta de atualização do blog por estes dias, mas a correria está grande. Mas aguardem, tenho muita coisa boa a caminho.
Abraço e até breve.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Degustação - Cobos 2006


Cobos 2006, 99pts do Sr. Robert Parker, mas.... e daí? É um vinho que realmente vale os mais de R$ 600,00 que custa?

Conforme mencionei em um post anterior, acredito que o vinho não é uma ciência, não cabendo, portanto, pontuações precisas. Afinal, como diferenciar, às cegas, um vinho que recebeu nota 98+ de uma que recebeu 99? Porém, o mercado absorveu de bom grado o sistema de pontuação adotado hoje, principalmente,por Robert Parker e pela Wine Spectator Magazine, utilizando altas pontuações como justificativa para campanhas de marketing agressivas e preços exorbitantes. E é este o caso deste Cobos 2006, importado pela Grand Cru.

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que gostei do vinho, o vinho é sim muito bom, mas R$ 600,00?!?! Aí é demais. O Cobos 2006 é, até o momento, o vinho sul-americano com maior pontuação na imprensa internacional, mas, em minha modesta opinião, não é tão bom quanto o Carmin de Peumo 2003 Concha y Toro (97pts Robert Parker, 5D em minha avaliação) ou o Nicolas Catena Zapata 2004 (98+pts Robert Parker e também 5D em minha avaliação).

Mas, Robert Parker a parte, vamos ao vinho. O Cobos 2006 apresenta uma coloração rubi intensa, com pronunciado reflexo violáceo, discreto halo de evolução e lágrimas finas e abundantes. No nariz é um vinho ainda fechado, precisando de alguns anos de garrafa para mostra todo o seu potencial, mas já apresenta muita fruta em compota, alcaçuz, especiarias e baunilha, bem como notas florais e uma pontinha de álcool, que lembra um pouco um Porto. Na boca, é seco, com uma acidez boa, porém um pouquinho a menos do que o necessário, sem amargor, com boa adstrigência a taninos finos, embora muito poucos. Os 15,5° de álcool sobram, demandando uma decantação de não menos que 1 hora para suavizá-lo, é um vinho bem encorpado e de final longo e agradável.

Embora o vinho não apresente nenhum defeito grave, estava, em minha opinião, um pouquinho desequilibrado, faltando acidez e estrutura para suportarem todo o corpo e álcool, desequilíbrio este que não compromete de modo muito significativo a degustação, porém não era o esperado em um vinho de mais de R$ 600,00.

Acredito que, com alguns anos de garrafa, este vinho pode, em minha escala de avaliação, alcançar a nota 5D, mas hoje classifico-o como 4D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Jancis Robinson e a Koshu


Olá pessoal.
Li este interessante artigo no site de Jancis Robinson sobre a uva japonesa Koshu, e publico o mesmo aqui em tradução livre, repercutindo um assunto que tratei em um post anterior. O artigo pode parecer um pouco longo, mas é muito interessante. Quem quiser ler o artigo original é só visitar o endereço http://www.jancisrobinson.com/articles/a201003021.html.
Grande abraço a todos e até a próxima
"A Koshu Ganha um Passaporte" por Jancis Robinson
"O Japão, exportador de vinho" pode soar um pouco estranho, mas esse é o objetivo de uma nova organização, Koshu do Japão, que gostaria muito de chamar a atenção internacional para uma variedade de uva que muitas vezes é desprezada em seu país natal .
Acabei de fazer minha segunda visita em 12 anos a Prefeitura de Yamanashi, o Bordeaux do Japão em termos de vinificação. Só que ele me lembra muito mais da Suíça que de Bordeaux. Cada metro quadrado na densamente povoada Bacia de Kofu, a vista do Monte Fuji e dos nevados Alpes japoneses, está ocupado. Vinhas individuais são minúsculas, em parte graças a política de pós-guerra de McArthur, visando enfraquecer os fazendeiros poderosos por meio de redistribuiçãode terras. Os agricultores estão protegidos. Os custos do trabalho são elevados. E as castas mais plantadas , como a Chasselas que é conhecido como Fendant na Suíça francesa, também é uma uva de mesa.
Talvez seja essa familiaridade com a Koshu na fruteira que faz com que muitos do exército de amantes do vinho no Japão suspeitem de vinhos feito a partir dela. Talvez seja o fato de peles grossas como a da Koshu, que ajuda a torná-la resistente às doenças fúngicas que podem prejudicar as outras variedades nos verões excepcionalmente úmidos do Japão, pode facilmente se traduzir na taça de vinho em amargor. Ou talvez seja simplesmente porque, como na Malbec argentina e Shiraz da Austrália, foram consideradas apenas localmente por muitos anos, a Koshu é muito onipresente, parte do mobiliário nacional, para ser levada a sério.
Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot são muito mais estrangeiras e, portanto, dentro do Japão, mais glamourosas. E, certamente, as qualidades de Chateau Mercian's Private Reserve Hokushin Chardonnay 2006 e Suntory's Tomi Réserve Special 1997, tinto maduro de corte bordalês, os melhores vinhos de Yamanashi de duas das maiores empresas do Japão, são completamente admiraveis. Mas parece improvável que qualquer outra pessoa que não os japoneses estariam dispostos a pagar cerca de (***) por uma garrafa destes vinhos e, além disso eles são feitos em quantidades tão pequenas que a exportação é dificilmente viável.
Mas os governos nacional e local estão apoiando esta nova iniciativa de lançar uma campanha de exportação para Koshu varietal, um trabalho posto em movimento apenas no ano passado pelo determinado produtor de Yamanashi, Shigekazu Misawa, da Grace Winery. "É meu sonho ver a Koshu reconhecida pelas qualidades que eu sei que ela pode ter", diz ele, através de sua filha Ayana , treinada em Bordeaux.
Igualmente determinado é o magrinho, ex-sommelier e estudante Master of Wine Yuka Kudo, cujo trabalho é traduzir essa intenção em vendas. "Estamos decididos a nos concentrarmos em um mercado que seja estável economicamente, tenha um real interesse na culinária japonesa, e não seja um grande produtor de vinhos em si: Grã-Bretanha», explicou. Alguns podem questionar a estabilidade da economia britânica, mas eles não negam que a cultura de consumo de saquê é muito menos estabelecido na Grã-Bretanha do que nos E.U.A., deixando uma lacuna conveniente que só poderia ser preenchida pela Koshu nas listas de vinhos dos restaurantes Japoneses de qualidade superior do Reino Unido.
Assim, uma delegação significativa dos produtores de vinho de Yamanashi voou para Londres em janeiro deste ano, e foi ao melhor restaurante japonês de Londres, o Umu, para apreesentar a alguns de nós escritores vinhos de Koshu, com os sabores shiizakana, sargo grelhado com missô, e depois realizou uma prova muito maior para os membros do comércio do vinho do Reino Unido. Eles ficaram em um hotel modesto em Tavistock Square, para que pudessem se dar ao luxo de ter 15 tradutores disponíveis durante a apresentação de seus vinhos. Até agora, segundo a coordenadora da cooperação européia com a Koshu, Lynne Sherriff MW, três ou quatro restaurantes britânicos manifestaram interesse em importar essa variedade exótica e nova para a Europa, e nova para a Europa mesmo, pois indícios há do cultivo da Kushu em Yamanashi há um milênio. sde DNA revelam que seus genes são predominantemente europeus, levando alguns a especular que ela foi trazida para o Japão ao longo da Rota da Seda.
Há um problema, no entanto. Nem o uva Koshu, nem a denominação de Yamanashi são oficialmente registrados com as autoridades da UE. A segunda é susceptível de levar muito mais tempo para resolver do que o primeira. E, compreensivelmente, a regulamentação da UE não permite aos viticultores adicionar tanto açúcar para aumentar os níveis de álcool final quanto ácido para aumentar os níveis de ácido do mesmo vinho. As uvas Koshu são naturalmente pobres em ácido e açúcar -, embora a atual safra 2009 foi excepcional em ambos os aspectos - e as necessidades de exportação poderia ter a longo prazo, efeitos benéficos sobre as técnicas de vinificação.
Como o vinho Koshu é tão leve de corpo e transparente, é melhor servido relativamente fresco. É também um melhor vinho bebido relativamente jovem, por isso não posso ver como os japoneses conseguem convencer os compradores de vinhos britânico a pagar mais por ele do que para um Muscadet de um dos melhores endereços, por exemplo, o que significa cerca de £ 10 a garrafa no varejo - mesmo porque eu acredito que os clientes mais adequados para ela serão sommeliers curiosos, mais do que qualquer um da arena hiper-competitiva do varejo britânico.
Não vai ser fácil para a Koshu do Japão. Mas mesmo o maior dos céticos em relação a Koshu, Hiroshi Yamamoto, famoso por suas traduções de vários livros sobre vinhos em japonês, que caracteriza os vinhos Koshu como, "no essencial, sem muita personalidade - como as mulheres japonesas", admitiu que a qualidade dos melhores vinhos feitos de Koshu aumentou enormemente nos últimos anos. Viticultores como Misawa foram experimentando vinhas de formação mais adequada para o cultivo de uvas para vinho, em vez das pérgolas sobrecarregadas de uvas de mesa do passado, (freqüentemente com folhas de plástico para protegê-los dos mais de 800 milímetros de média de chuva em Yamanashi na estação de crescimento) projetado para maximizar o rendimento e a produção de cachos que parecem bons em vez de maximizar o sabor. Há também experiências com plantio superior, em áreas mais frias, de modo a prolongar o período de crescimento e expor as uvas a um processo de secagem natural, pelo frio e vento.
Muitos viticultores estão deliberadamente deixando o vinho jovem em contacto com as borras de fermentação para pegar mais sabor, e rotulam como sur lie seus Koshu, assim como o Muscadet francês (e os melhores assemelham-se). Alguns produtores fazem espumantes, vinhos oaked e versões aromatizadas, em seus esforços para imbuir o que é naturalmente uma variedade bastante neutra, de características mais interessantes. Devo confessar que o que me atrai acerca da Koshu é a sua própria falta de audácia, a sua delicadeza, pureza, limpidez, é a forma como ela vai tão bem com as regiões mais calmas do panorama da gastronomia japonesa. Os melhores exemplos parecem ir muito bem com sashimi - e na verdade qualquer tipo de prato de peixe cru, incluindo as ostras, com sushi, tempura, arroz e - até mesmo alguns risotos com aromas mais delicados. isto parece-me ser algo essencialmente japonês sobre a uva Koshu. A palavra zen continua vindo à mente.
Quanto a sabores específicos, achei yuzu (um limão japonês), em alguns, lichia em outros, e um escritor profissional do vinho japonês assegurou-me que marmelo é o fruto que encontrou mais frequentemente em vinhos Koshu. Minha amizade com o vinho Koshu ainda é embrionária, mas tenho listados os exemplos que particularmente me impressionaram até agora.
Produtores Favoritos de Koshu - Grace, Haramo, Lumière, Marufuji, Yamanashi

sexta-feira, 12 de março de 2010

Degustação - Savennières Clos Du Papillon 2004


Um belo vinho branco! E com muita história.

Este Savennières e produzido pelo talentoso enólogo M. Baumard, proprietário da Domaine des Baumard, em Rochefort, no Vale do Loire. Como todo Savennièrs, trata-se de um Chenin Blanc 100%, casta branca que muito me agrada, e na qual esta vinícola se especializou. O nome do vinho, Clos du Papillon (Vinhedo da Borboleta), deve-se ao formato do vinhedo, semelhante a uma borboleta, do qual o Domaines des Baumard e proprietário da parte oriental.

Outra particularidade é que o vinho utiliza uma tampa de rosca (Srew Cap), assim como todos os vinhos desta vinícola, mesmo os mais caros, como o vinho de sobremesa Quart de Chaumes, que em suas melhores safras chega a ser comparado com o mítico Chateau d"Yquem. A tampa de rosca é uma opção de qualidade do enólogo, que acredita ser esta uma forma de vedação mais eficiente, mesmo para os vinhos de longa guarda.

Aqui um parênteses, a discussão "Rolha ou Screw Cap" é longa, e prometo tratar deste tema no futuro, mas não hoje, porém, a quem possa interessar, eu fico do lado do Screw Cap.

Mas, vamos ao vinho. A coloração é de um adorável amarelo palha, com reflexos citrinos, límpido e brilhante. No nariz, um vinho fresco, mineral, com notas marcadas de frutas brancas, como pêras, e um leve toque floral. Na boca, muita acidez, untuoso, mas ao mesmo tempo muito fresco, um branco de médio corpo e longo final.

Dentro de minha escala de avaliação, classifico este vinho como 4D.

Dúvidas sobre meus sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraços e até a próxima!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Degustação - Tikal Patriota 2007


A Tikal é uma vinícola que pertence a Ernesto Catena, filho de Nicolas Catena, proprietário da Catena Zapata, que graças a um bom trabalho de seu importador, a Mistral, tornou-se para o público brasileiro a grande referência em qualidade dos vinhos argentinos.

Este Patriota em especial, leva este nome por ser produzido a partir das duas castas mais significativas para a vitivinicultura argentina, a Malbec, já bem conhecida por aqui, e a Bonarda, que até bem pouco tempo atrás era a uva tinta mais plantada da Argentina, e que produz vinhos mais delicados que a Malbec.

A combinação das duas neste vinho, na proporção de 60% Bonarda e 40% Malbec, resulta em um vinho de coloração rubi intensa, ainda com reflexos violáceos. No nariz, boa complexidade, com fruta madura, flores, baunilha e especiarias. Na boca um vinho encorpado, com boa acidez e adstrigência, meio de boca agradável e retrogosto longo.

Em minha escala de avaliação, classifico este vinho como 4D.

Dúvidas sobre meus sistema de avaliação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Temível Harmonização

Hoje vou falar um pouco sobre aquela que é uma das principais funções do sommelier no dia a dia do restaurante; a harmonização entre vinho e bebida. Assim como em outros temas dos quais já tratei aqui, não tenho a intenção de fazer um tratado enciclopédico sobre o tema, logo, muitos conceitos teóricos não serão abordados, mas tecerei apenas alguns breves comentários sobre a dinâmica da harmonização como parte do trabalho do sommelier.
Todos que já tiveram a oportunidade de provar a bebida certa com a comida certa sabem o quanto a experiência gastronômica pode crescer com esta parceria. É fato que, na confecção de uma receita qualquer, a combinação correta de ingredientes pode levar a um resultado maravilhoso, enquanto que a combinação errada pode ser simplesmente desastrosa. Pois bem, quando enchemos a boca de vinho, cerveja, suco, café, ou qualquer outro líquido, logo após um pedaço de algum alimento, os dois, alimento e bebida, irão se combinar em nosso palato, como os ingredientes de uma receita na panela, e o resultado, assim como na culinária, pode ser muito bom ou muito ruim.
Ocorre que a grande maioria, salvo alguns conceitos básicos, não compreende plenamente a dinâmica dos sabores, aromas e texturas que se combinam nesta experiência, porém, todos já leram ou ouviram falar do quão sublime pode ser a combinação certa. Aí é que entra o sommelier, cada vez mais requisitado pelos clientes de restaurantes, lojas, enotecas e importadoras como auxiliar neste processo. Ainda são muitos, obviamente, os clientes que solicitam este ou aquele determinado tipo de vinho ou cerveja, independente da prato escolhido, e estes clientes indubitavelmente merecem respeito à sua opção, porém, felizmente, cresce a cada dia o número de pessoas dispostas a uma experiência diferente, mais complexa e profunda, de sua comida e bebida.
Este momento, frente a frente com o cliente, para muitos profissionais ainda é um momento de stress, tendo em vista que nem todos os restaurantes dão ao sommelier a oportunidade de provar todo o cardápio ou toda a Carta de Vinhos, além disso, as escolhas de uma mesa muitas vezes são conflituosas. Brinco com alguns cliente que, na maioria da vezes que alguém me chama à mesa, é para sugerir um vinho que acompanhe, ao mesmo tempo, peixes delicado e carnes suculentas, missão inglória, como vocês podem imaginar!
Porém, em algumas oportunidades, como nos Wine Dinners que realizamos mensalmente no Olivetto Restaurante, podemos selecionar os vinhos, e posteriormente, com calma, sentar com o Chef de cozinha para "desenhar" os pratos em detalhes, afim de garantir a perfeita harmonização dos mesmos com o vinho. Dia 31 de março teremos um Wine Dinner com vinhos suíços, produzidos pela Provin Valais, cujo cardápio esta em sua fase final de elaboração, e do qual falarei com mais detalhes no futuro.
A harmonização entre comida e bebida é hoje uma grande preocupação de muitos profissionais na área, e, até de certo modo, uma moda entre os gourmets em geral, o que sem dúvida exige maior especialização dos profissionais envolvidos. Harmonizar não é fácil, mas também não é difícil, apenas exige algum conhecimento a respeito dos elementos envolvidos e da maneira correta de equilibrá-los. Por certo este tema ainda será exaustivamente discutido nos mais variados meios, porém, o mais importante é não esquecer que, em primeiro lugar, uma boa refeição tem que ser um momento de prazer e satisfação, e no momento que as regras e preocupações começarem a interferir neste prazer, aí é a hora de esquecer as regras, e comer a comida que lhe agrada, acompanhada da bebida que lhe agrada.
Abraço e até a próxima.

sábado, 6 de março de 2010

Degustação - Sassicaia 2006


Felizmente, tive a oportunidade de degustar este grande vinho esta semana. Poucos nomes da moderna vitivinicultura italiana são tão icônicos como Sassicaia.

Precursor dos, hoje comuns, super toscanos, vinhos produzidos com castas e métodos não tradicionais, e na época sequer permitidos, na região italiana da Toscana, o Sassicaia surgiu ainda nos anos 60, como um vinho experimental, feito com 85% de Cabernet Sauvignon e 15% de Cabernet Franc.

No início engarrafado apenas como Vino di Tavola, o Sassicaia mostrou todo o grande potencial do terroir toscano para o cultivo de castas francesas, e hoje detém sua própria denominação de origem (Sassicaia Bolgheri DOC), assim como outros ícones do mundo do vinho, como Romanée-Conti e Clos de la Coulée de Serrant.

Importado pela Ravin, jovem importadora que também assumiu outros nomes conhecidos, como Família Zuccardi e Quinta de la Rosa, este 2006 foi a safra recente mais premiada pela imprensa internacional, e, apesar de minhas sérias restrições aos sistemas de pontuação mais em voga hoje em dia, ao ser degustado faz jus às altas notas recebidas.

O vinho apresenta coloração rubi profunda, muito intensa, com reflexos violáceos, ainda denotando juventude. No nariz, intenso e fragrante, complexo, com notas de cedro e caixa de charuto, frutas negras e vermelhas bem maduras, ervas e especiarias. Na boca um vinho com grande acidez e estrutura, demonstrando seu potencial de envelhecimento. Não se percebe nenhum amargor nem tampouco álcool em excesso, um vinho elegante e equilibrando, muito longo. Um vinho que já está fantástico, mas que, com certeza, no tempo certo, será ainda melhor.

Da mesma forma que na última degustação, classifico este vinho como 5D, mas na certeza e confiança que os anos de garrafa farão dele um 6D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Grande Abraço e até a próxima.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Degustação - Mouchão Tonel 3-4 2005


Este é o terceiro vinho da Herdade do Mouchão que avalio neste blog, e o terceiro que fica muito bem posicionado em minha avaliação.

O Mouchão Tonel 3-4 foi criado recentemente, resultado da observação, por parte do chefe de adega da Mouchão, de que os vinhos envelhecidos nos tonéis 3 e 4 sempre apresentavam qualidade superior aos demais. Deste modo, nas melhores safras, o vinho dos tonéis 3 e 4 é engarrafado a parte, após um estágio de 24 meses nestes toneis. Aqui uma curiosidade, os tonéis em questão são feitos de carvalho português, macacauba e mogno.

O 2005 em especial apresentou uma coloração rubi muito intensa, quase sem nenhum halo aquoso, mostrando o quanto este vinho ainda está jovem. No nariz muita complexidade, com notas de frutos negros em compota, baunilha, torrefação e ervas terrosas, como tomilho e orégano. Na boca, uma bela acidez, sem nenhum sinal de amargor ou álcool sobrando. Um vinho profundo, carnudo, muito equilibrado, e muito, muito longo.

Em minha avaliação, classifico este vinho como 5D, mas estou certo, que os devidos anos em garrafa o transformarão em um 6D.

Dúvidas sobre meus sistema de avaliação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

terça-feira, 2 de março de 2010

Degustação - Tannats das Stagnaris
















Tive nesta semana a oportunidade, sempre interessante, de provar dois vinhos da mesma cepa e país lado a lado. No caso, tratavam-se de dois Tannats uruguaios, de duas bodegas distintas mas com uma curioso semelhança (depois eu explico).






A Tannat é uma cepa de origem francesa, da região de Madiran, e que até bem pouco tempo, e salvo poucos e cuidadosos produtores, nunca produziu grandes resultados em seu país natal, porém, já há alguns anos, tem se mostrado a cepa emblemática do Uruguai, devido a sua boa adaptação ao terroir de nosso vizinho cisplatino, após sua implantação em 1874, pelo imigrante basco Harriague (que também é um dos nomes pelo qual a casta é conhecida).






Depois da divulgação, por meio do programa Globo Repórter, de uma pesquisa que indicava que a Tannat é a cepa tinta com maior quantidade de substâncias benéficas a saúde, começou uma pequena "moda" de consumo de Tannat no Brasil, o que despertou a atenção de importadoras que antes não contavam com este produto em seu portfólio. Na verdade, todo cepa tinta é benéfica a saúde, porém a Tannat tem quantidades ligeiramente superiores destas substâncias. Como nem mesmo os cientistas conseguiram explicar com precisão o mecanismo por meio do qual estas substâncias agem, não há razão imediata para abandonar nosso Pinot ou Cabernet, tratando-se, apenas, de uma boa justificativa para descobrir os encantos desta casta.





A Tannat, em geral, dá origem a vinhos retintos, encorpados, cheios, e muito tânicos, embora estes taninos sejam muito finos quando o produtor faz um bom trabalho. Caso dos dois vinhos que comentarei a seguir. A curiosidade sobre estes vinhos, como o plural no título do post leva a supor, é que as duas bodegas tem o mesmo nome; uma se chama Bodega Stagnari e a outra Antigua Bodega Stagnari. Pelo menos no que consta no site de ambas as empresas, não há nenhuma ligação, mas suponho que devam tratar-se de dois ramos distintos de uma mesma família.





O primeiro é o Stagnari Tannat Viejo 2007, da Bodega Stagnari, importado pela Cantu. Trata-se de uma vinho com 12 meses de passagem por barricas, que apresenta uma bela coloração rubi intensa, com reflexos violáceos e discreto halo de evolução. Os aromas são de frutas em compota, em especial amoras, com a barrica bem marcada em notas tostadas e de coco intensas. Na boca é um vinho de boa acidez e adstrigência, com taninos abundantes e finos, sem demonstrar seus 14° alcoólicos, com um corpo médio + e média persistência. Um vinho muito agradável, e que eu classifico como 3D.





Já o segundo vinho é o Cantharus Seleccion Tannat 2007, da Antigua Bodega Stagnari, importado pela Giuseppe Naccari, de Sorocaba, que além dos uruguaios está prometendo uma seleção de vinhos peruanos para muito em breve. O vinho é também rubi, porém com um pouco menos de intensidade. No nariz é bem fechado, demandando uma decantação prévia, ou algum tempo de adega. A passagem por barricas é menor, logo estas notas se apresentam de forma mais discreta. Após algum tempo o vinho se abre com notas de café, malte, frutas vermelhas maduras, e um discreto toque herbáceo. Na boca é seco, com boa acidez, boa adstrigência e bastante tânico, mais que o Tannat Viejo, porém com taninos muito finos. Na boca aparecem sabores e aromas frutas intensos, e o retrogosto é bem longo e agradável, evocando notas tostadas e castanhas. É um vinho ao qual eu dou a classificação 4D.





Só faço um pequeno parênteses para esclarecer um pequeno detalhe. Embora o segundo vinho, após uma degustação cuidadosa, tenha recebido um avaliação superior, o Stagnari Tannat Viejo é um vinho mais acessível, mais fácil de entender e gostar. Como sommelier, é um vinho que eu recomendaria sem medo a um cliente. Já o Cantharus é um vinho mais fechado e austero, e que embora tenha mais qualidades, demanda alguma compreensão de suas particularidades por parte de que o prova.





Mas, foi uma degustação bem positiva, que demonstrou a grande qualidade e evolução desta cepa que, esperamos, virá ainda a conquistar um espaço maior em nossas taças.





Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".





Grande Abraço e até a próxima.

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