segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Degustação - Château Mouton-Rothschild 1998 e Château Latour 1999

Ok, vamos então aos Premier Crus!! Começando por aquele que é praticamente um neófito no grupo, o Château Mouton-Rothschild.
O vinho...

...e o Château.

Como muitos de vocês devem saber, os vinhos da margem esquerda de Bordeaux foram classificado em 5 níveis de qualidade em 1855, por ordem de Napoleão. A classificação completa, sua história, e mais uma série de informações mais detalhadas podem ser encontradas no site oficial dos Grands Crús Classés. Porém, nesta classificação inicial, apenas 4 propriedades receberam a honraria máxima, e Mouton Rothschild não era um destes! Ao Château Mouton coube encabeçar a listas do 2eme Crús, fato que não foi muito bem aceito pelo seu proprietário, Baron Nathaniel. O Barão havia comprado a propriedade 2 anos antes, e alterado seu nome, que até então era Château Brane-Mouton, para o nome atual. O objetivo do Barão então era tão somente servir seu próprio vinhos aos seus convidados, de modo que seus descendentes diretos não demonstraram grande interesse pelo negócio do vinho, situação que permaneceu até 1922, quando o Baron Philippe de Rothschild, então com apenas 20 anos de idade, assumiu a vinícola com entusiasmo renovado, e com o firme proposito de levar Mouton ao status de Premier Cru, propósito bem representado pelo lema então adotado pela vinícola; "Premier ne puis, Second ne daigne, Mouton suis!" (Primeiro eu não posso ser, Segundo eu não quero ser, Mouton eu sou!).
Finalmente, em junho de 1973, após anos de intenso lobby, Baron Philippe finalmente consegui que a classificação de 1855 fosse alterada pelo ministério da agricultura, incluindo Mouton-Rothschild entre os Premiers Crus. Esta foi a única alteração feita então, e nenhuma nova mudança foi feita desde 1973. Se o status é merecido ou não, isso já é uma longa história... Não provei safras o suficiente deste ou dos demais 1er Crus para poder emitir uma opinião a respeito, mas, merecido ou não, o fato é que para fins de promoção e, principalmente, preço, Mouton é um 1er Cru Classé.
Mas, vamos ao que importa, o vinho. Começando pelo rótulo, que traz uma pintura do artista mexicano Rufino Tamayo. Aliás, esta é outra curiosidade dos vinhos de Mouton; desde 1945 a cada ano um artista diferente é convidado a ilustrar seus rótulos. Esta honra já coube a gente do calibre de Pablo Picasso, Salvador Dalí, Andy Warhol, entre outros.
Já o líquido propriamente dito, apresenta coloração rubi de média/alta intensidade, com discretos reflexos grená. No nariz, complexo e fino, com leve notas minerais, fruta negra, groselha e especiaria, além de notas de caramelo e balsâmicas. Em boca, é macio, fresco, elegante, sápido, com taninos finos e abundantes e longa persistência, evocando notas de especiarias no fim de boca.
5D
Em seguida, Château Latour 1999!


Em primeiro plano a "tal" da torre, com o Château ao fundo.

A propriedade cultiva vinhas desde 1331, porém a partir do séc. XVII é que a propriedade passou a gozar de mais destaque, em função de seu proprietário na época, proprietário também dos Châteaux Lafite e Mouton. Depois de várias mudanças de proprietário, em 1993 Latou finalmente voltou a mão francesas, tendo sido adquirido por François Pinault, proprietário até os dias de hoje. Com 78 ha de vinhas, com uma média de 40 anos de idade, é reconhecido pela sua potência e fineza.
Este 1999 em particular apresenta uma intensa coloração rubi, apenas com laivos de grená, denotando ainda juventude. No nariz, concentração, com tabaco, caixa de charuto e grafite, fruta negra, cassis, e ainda notas balsâmicas, muito complexo. Em boca é intenso, complexo, com taninos firmes, finos e abundantes, sápido e fresco, com muitas frutas no longo retro olfato. Meu favorito!
5D+
Bom, espero que tenham gostado. No próximo post, Lafite e Haut Brion. Lembrando que estes vinhos, embora esteja disponíveis em várias importadoras, foram fornecidos para este evento em particular pela Wine Stock, importadora especializada em vinhos franceses, e que apresenta preços muuuito competitivos.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande abraço e até a próxima.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Degustação - Château Lynch-Bages 1999 e Le Petit Cheval 1999

Château Cheval Blanc

Ok, após uma pequena pausa de final de ano, vamos adiante conforme o prometido no post anterior, agora com os vinhos tintos, o começando com dois exemplares de elevada qualidade, por certo entre os grandes nomes da região.
Inicialmente, o Château Lynch-Bages 1999!

Já havia comentado sobre este vinho aqui, porém da safra 2005. Neste post, que pode ser acessado pelo link, você encontrará mais informações sobre o Château e um pouco de sua rica história. Aqui, vamos direto ao ponto; o vinho.

 Esta safra em especial foi uma boa safra em Bordeaux, mas não excepcional, fato que acaba se destacando com a safra seguinte, 2000, esta sim uma safra acima da média. O Lynch-Bages em especial, sempre uma boa aposta entre os bons Châteaux de Bordeaux, apresentava uma coloração já discretamente evoluida, com reflexos grená em sua coloração rubi de média/alta intensidade. No nariz, fruta fresca, muita especiaria, notas florais, e já alguns aromas terciários, como couro. Uma paleta de aromas que se mostra aos poucos, conforme o vinho respira. Já em boca, um vinho fresco, vivo, com médio corpo, com taninos muito finos, e uma longa persistência.
5D

Agora, atravessando o rio, rumo a Saint-Émilion, rumo ao Château Cheval Blanc.

Aqui uma particularidade, pois trata-se do único grande vinho de Bordeaux a utilizar um percentual superior a 50% de Cabernet Franc em seu corte. Lembrando que o solo da margem direita do rio que corta Bordeaux leva as uvas em geral a uma maturação mais lenta, o que favorece em particular a Merlot, casta de maturação mais precoce que a Cabernet Sauvignon. E foi neste terroir em particular que o Château Cheval Blanc, propriedade criada na sua configuração atual em 1871, atingiu bons resultados com a Cabernet Franc, "irmã" menos encorpada e mais delicada da Cabernet Sauvignon, e que normalmente entra em pequenas quantidades nos vinhos da região, apenas para acrescentar um pouco de frescor e notas aromáticas mais frescas e florais.
A propriedade é classificada desde 1954 com Premier Grand Cru Classé "A", classificação concedida ao vinhedo, e não ao vinho, de modo que o segundo vinho, Le Petit Cheval, também ostenta e denominação Grand Cru Classé em seu rótulo.
O 1999 em especial leva um pouco a mais de Merlot que o normal, em função de particularidades climáticas da safra que favoreceram a maturação adequada desta casta. Apresenta uma coloração rubi com reflexos grená, já denotando alguma evolução, que se confirma no nariz, com fruta vermelha madura, café espresso, caramelo e notas balsâmicas. Em boca, boa acidez, com uma pontinha de álcool, taninos muito finos e longa persistência, com discreta predominância das notas balsâmicas no retro olfato.
4D+
Bom, por hoje é só! Desejo um 2012 pleno de alegrias e realizações para todos que me acompanham por aqui, e nos vemos no próximo post, com Mouton-Rothschild e Latour.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande abraço e até a próxima.

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