quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Douro – Porto Rozés e Quinta do Côtto

 As visitas no Douro se deram em dois dias, devido a uma particularidade de fundo histórico. A Porto Rozés, assim como muitos dos produtores de Vinho do Porto, ainda tem suas caves localizadas em Vila Nova de Gaia, embora seus vinhedos, nove ao todo, estejam distribuídos por todo o Douro, com presença nas três subzonas da região.


Após a visita as instalações da Quinta da Aveleda, no Minho, seguimos rumo oeste, para Vila Nova de Gaia, para a visita a Rozés. Fundada em Bordeaux, em 1855, por um negociante local, a Rozés permaneceu na família até o ano de 1977, e em 1999 foi adquirida pelo Grupo Vranken Pommery Monopole, proprietário de marcas como, por exemplo, o Champagne Pommery. Esta mudança trouxe, consequentemente, novas oportunidades e investimentos, conduzindo a um maior aprimoramento das técnicas produtivas da Rozés.

Hoje, além de uma gama de vinhos não fortificados, produzidos na Quinta do Grifo, a Rozés tem duas linhas de Portos, a Classic Ports, abrangendo todos os estilos e idades, e a linha Colors Collection, com garrafas mais bojudas e coloridas, focadas em novos mercados, e que trazem um Porto Reserve (vermelho), um Branco Reserve (branco) e um Tawny 10 Anos (dourado). Uma solução atraente ao consumidor moderno, visando ampliar um mercado em redução, que é o de vinhos fortificados.

As Caves da Rozés são bonitas e antigas, encravadas nas encostas de Vila Nova de Gaia, porém, estão ali hoje basicamente para receber turistas, sendo que a parte mais importante do processo produtivo, e os vinhos mais importantes, estão no Douro vinhateiro, mas isso não desmerece em nada a interessante visita, devido ao profundo significado histórico destas instalações.

Caves da Porto Rozés
Tivemos ali a oportunidade de degustar quatro vinhos, conduzidos pelo enólogo Luciano Madureira, sendo um da linha Color Collection e três Classic Ports. A notas seguem abaixo:
1 – Rozés Ruby Special Reserve
Um Ruby, com fruta intensa, especiarias, leve balsâmico, figos, amoras e ameixas. Boa doçura, boca achocolatada, macio e encorpado, com discretos taninos e média persistência.
3D+

2 – Rozés Vintage 2008
Originário de vinhas velhas no Douro Superior, produzido principalmente a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Sousão, tem frutas negras, muitas especiarias, com noz moscada e pimenta preta, leve floral. Encorpado, traz uma explosão de frutas na boca, amplo e estruturado, com taninos finos, bom equilíbrio e longa persistência. Com certeza, um vinho para a adega.
4D+

3 – Rozés Color Collection White Reserve
Lote com uma idade média de 8 anos, e uma bela coloração dourada. No nariz, frutas secas, maçã com canela, ervas e leve oxidativo. Na boca, discreta sapidez e doçura equilibrada, nozes e caramelo, tostado, com média/longa persistência.
3D+

4 – Rozés Tawny 10 Anos Infanta Isabel
Envelhecido nas caves de Vila Nova de Gaia, apresenta caramelo queimado e amêndoas tostadas, cravo, boca ampla, com melaço e castanhas, macio, equilibrado e longo.
4D

Após a degustação, seguimos para o passeio por Vila Nova de Gaia e Porto, já mencionado anteriormente, e no dia seguinte, logo pela manhã, seguimos para a Quinta do Côtto. Pertencente à família Montez-Champalimaud, a Quinta é carregada de história, havendo indícios de que a propriedade já era ocupada por volta de 1140, antes mesmo da fundação da monarquia portuguesa. Desde 1976 sob a liderança de Miguel Champalimaud, a Quinta do Côtto inaugurou o conceito dos vinhos de Quinta no Douro, ou seja, vinhos produzidos a partir de uma única propriedade, e embora tenha, por muito tempo, produzido Vinho do Porto, hoje produz exclusivamente vinhos não fortificados.
Momento Garoto Propaganda
Mesmo o Porto que ainda pode ser encontrado no mercado, o Champalimaud Vintage 2001, é um Porto que foge do normal, com menos álcool, apenas 16°, e menos doçura, um estilo todo particular. Já os vinhos que são ainda produzidos, estão divididos em duas marcas, Paço de Teixeró, produzido a partir de vinhedos no Minho, e a marca principal, Quinta do Côtto. Uma curiosidade é que a Quinta utiliza principalmente carvalho português em seus vinhos, valorizando, de certo modo, o produto nacional. Digo de certo modo, porque estamos falando do país da cortiça, e a Quinta do Côtto foi o primeiro produtor do Douro a adotar o Screwcap, que só não é utilizado em seu vinho principal, o Quinta do Côtto Grande Escolha, ironias do mundo do vinho...


Antigo Solar da Quinta do Côtto e vista geral do vale a partir da Quinta
A visita às instalações, bem com o a degustação dos vinhos, foram conduzidas pelo diretor da vinícola, Vasco Coutinho, já um frequentador assíduo nos eventos promovido pela Mistral com os vinhos da Quinta do Côtto aqui no Brasil. Seguem as notas dos vinhos:

1 – Paço de Teixeró Branco 2010
Vinho Verde, produzido com as castas Avesso (80%) e Loureiro (20%). Muito fresco, com frutas e flores brancas, peras, ligeiramente sápido, refrescante, com curta/média persistência.
3D

2 – Paço de Teixeró Rosé 2010
Produzido com Touriga Nacional e Touriga Franca. Cerejas frescas, morango e algo de romã. Fresco, equilibrado e de média persistência.
3D

3 – Quinta do Côtto Tinto 2009
Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão, de vinhedos com idade média de 20 anos, em solos xistosos. Frutas vermelhas sobremaduras, em conserva, leve defumado e algo de especiarias. Fresco e tânico, algo de rancio, fino e ainda jovem, com média/longa persistência.
3D+

4 – Quinta do Côtto Grande Escolha 2007
Touriga Nacional e Tinta Roriz de vinhas velhas, solos xistosos, com 14 meses em barricas. Frutas vermelhas frescas, madeira bem marcada, com tostado e baunilha. Intenso, com bom frescor e adstringência, taninos finos e abundantes e média/longa persistência.
4D

5 – Quinta do Côtto Grande Escolha 2001
Interessante oportunidade de provar o mesmo vinho agora mais maduro. Fruta vermelha madura, já integrada com a madeira, balsâmico, especiarias e ervas aromáticas, macio e adstringente, com muitos taninos, finíssimos, bom frescor e fim de boca lembrando café espresso, longo.
4D+

Ao fim da degustação, uma surpresa; eu, como vencedor do Portugal Wine Expert São Paulo, Thais, vice-campeã, e Jéssica, vencedora de Salvador, fomos presenteados pela Quinta do Côtto cada um com uma garrafa Magnum do Quinta do Côtto Grande Escolha 1990, um presente realmente especial. A minha está aqui aguardando pela sua hora, e prometo que quando a hora chegar compartilho aqui a experiência, ok?
Antiga cubas de fermentação a céu aberto
Muros de contenção das Vinhas Velhas da Quinta do Côtto
Depois de um agradável jantar no restaurante Castas e Pratos, em Peso da Régua, que tem uma das melhores Cartas de Vinhos da Região, deixamos no dia seguinte esta bela e, ao menos para mim, inesquecível região que é o Douro, rumo a Lisboa. Mas antes, no próximo post, uma parada estratégica na Bairrada, para provar o famoso leitão, com alguns dos melhores espumantes de Portugal. Não percam...

Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.

Grande abraço a até a próxima.

sábado, 20 de agosto de 2011

Douro - A Terra do Porto

Como eu havia escrito dois posts atrás, o Douro foi nossa base no norte de Portugal. Antes da visita ao Minho e a Quinta da Aveleda, nos instalamos em Peso da Régua, cidade que marca o início do Cima Corgo.

O Douro, á partir de Peso da Régua


Para quem não sabe, a Douro é a região que ocupa as margens do rio homônimo, e é dividida em três sub-regiões, de oeste para leste; o Baixo Corgo, região mais húmida e que da origem aos vinhos mais simples, que vai até Peso da Régua, o Cima Corgo, coração da região, onde estão instaladas as principais vinícolas, e que vai da Régua até Cachão da Valera, e o Douro Superior, região mais seca e inóspita, que vai até Barca D’Alva, na fronteira com a Espanha, e que mediante investimentos recentes tem dado origem, cada vez mais, a grandes vinhos.
Além dos aspectos técnicos, alguns momentos no decorrer desta viagem me emocionaram, e o primeiro deles foi a primeira vista do Douro, ao cruzar a ponte que dá acesso a Peso da Régua, com suas encostas e vinhedos, realmente de tirar o fôlego. Para ajudar, nosso hotel estava bem ao lado do rio, o que nos proporcionou um vista diferenciada todos os dias durante o café da manhã. O nome do hotel é Régua Douro, e eu recomendo para quem estiver a caminho da região.
O Douro é, do ponto de vista histórico, a mais importante região vinícola de Portugal. Demarcada pelo Marquês de Pombal em 1756, e convertida em Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, no fim do séc. XX, não perdeu sua relevância no cenário mundial, apesar dos diversos sobressaltos pelos quais passou ao longo de sua história, tais como as Guerras Napoleônicas, a filoxera, as crises financeiras e as mudanças políticas do país.
A grande referência da região ainda é o Vinho do Porto, fortificado, normalmente doce, que conquistou o mercado inglês no séc. XVIII. Até muito recentemente, embora o Porto fosse produzido no Alto Douro Vinhateiro, a maturação e engarrafamento dos vinho deveriam, obrigatoriamente, ser feita na cidade portuária de Vila Nova de Gaia. Porto, cidade do outro lado do rio, acabou ligando seu nome ao produto, porém, a orientação sul de suas encostas, com maior exposição ao sol, na favoreciam, então, a maturação de grandes vinhos. Como as estradas eram poucas, e de difícil trânsito, os vinhos eram transportados pelo rio, em barcos chamados rabelos, que até hoje ainda ocupam uma função, sobretudo decorativa, as margens do rio em Gaia.

Rabelos, em Vila Nova de Gaia

Ainda hoje muitas casas ainda mantém suas adegas em Vila Nova de Gaia, porém, a cada dia mais e mais vinícolas começam a produzir, maturar e engarrafas seus vinhos diretamente nas vinícolas, no Douro, de forma a garantir e acompanhar mais estritamente a qualidade em cada paço da produção. Durante séculos, a fama e economia da região foram abastecidas principalmente pelo Vinho do Porto, porém, a partir de meados do séc. XX começaram a surgir na região vinhos de mesa, ou seja, não fortificados, dos quais o precursor foi o Barca Velha, criado em 1952, pela Casa Ferreirinha, que leva o nome de sua principal figura histórica, também de grande importância para o Douro como um todo, Dona Antônia Ferreira.
Para não me estender em demasia, deixo a dica para aqueles que desejam conhecer um pouco mais a história de Dona Antônia que verifiquem o site da Sogrape, que desde 1987 é detentora da marca.
O fato é que, a partir do Barca Velha, muitos produtores e consumidores começaram a dar outra atenção aos vinhos de mesa do Douro, que em tempos recentes, mediante o investimento de dinheiro e energia, não só das empresas, mas também dos enólogos e demais trabalhadores envolvidos no processo, experimentaram um crescimento importante na variedade e qualidade dos produtos disponíveis, levando inclusive ao surgimento de vinícolas que simplesmente não produzem Vinho do Porto, como a Quinta do Côtto, que visitamos.














A parte dos vinhos, pudemos visitar também a margem do Douro, em Gaia, endereço de muitos restaurante e lojas ligadas a vinícolas, outra visão que me emocionou, por toda a beleza e peso histórico que aquela paisagem traz consigo. Após um breve passeio e uma breve visita a loja da C. da Silva, vinícola responsável por aquele que, em minha modesta opinião, é um dos melhores Portos Brancos no mercado, o Dalva (infelizmente sem importadora no Brasil), do qual adquiri uma garrafa do Tawny 10 Anos Branco. E logo em seguida, o centro da cidade do Porto, para provar uma especialidade local, a francesinha, uma espécie de Croque-Monsieur, mas que leva carne e embutidos no recheio, e um leve roti picante por cima. Típico, simples, calórico e saboroso.

A esquerda Porto, e a direita Vila Nova de Gaia

Uma curiosidade sobre Porto, é que, na opinião dos portugueses, a cidade tem um trânsito “infernal”, e da pra ver que os cidadãos levam isso a sério, fazendo da buzina um item indispensável, mas acreditem, comparando com a Marginal Pinheiros numa tarde de sexta-feira... é uma passeio no parque. Os motoristas de Porto não sobreviveriam uma semana em São Paulo!

O trânsito infernal da cidade do Porto...

Visitamos também Pinhão, no dia seguinte, pequena cidade no coração do Cima Corgo, de onde costumavam partir os vinhos ruma a Gaia. A cidade e conhecida por sua antiga estação de trem, que tem as paredes decoradas com belas pinturas em azulejo, que mostram um pouco da vida no Douro. Dali partimos para um agradável passeio de barco pelo rio, sempre cercado de vinhas. Realmente lindo, e imperdível para quem visita a região. Foi possível observar um aumento significativo das plantações no sistema de vinhas ao alto, que dispensa os tradicionais patamares, e implanta fileiras de videiras em linha reta e contínua, subindo as encostas. Isso facilita o acesso, a leva a produções mais homogêneas. Uma tendência moderna, mas que veio para ficar.














Acima, azulejos em Pinhão, abaixo, Vinhas Ao Alto 
No próximo post, um pouco sobre as vinícolas visitadas, Porto Rozés e Quinta do Côtto. Grande abraço e até lá.




terça-feira, 16 de agosto de 2011

Minho – Quinta da Aveleda





No Minho visitamos “apenas” a Quinta da Aveleda, só o maior produtor da região, e um dos maiores exportadores do ramo. Para quem não sabe, a Aveleda é responsável pelo vinho branco mais vendido do Brasil, o onipresente Casal Garcia.
Aliás, já me adiantando um pouco, Casal Garcia é um capítulo a parte, constituindo-se em um estudo de caso em termos de criação e posicionamento de marca. A marca foi criada em 1938, com o auxílio do enólogo francês Eugène Hélisse, e seu rótulo, que imita a trama de um bordado, é presença portuguesa facilmente reconhecida mundo a fora. Trata-se de um Vinho Verde leve e fresco, não safrado, ligeiramente adocicado e gaseificado, porém correto e agradável. Para entender um pouco melhor o volume que este produto representa, a Aveleda dispõe em suas instalações de quatro linhas de engarrafamento, e destas, uma esta dedicada em tempo integral ao engarrafamento de Casal Garcia. O vinho é feito durante todo o ano, com mostos que são conservados em baixa temperatura, e fermentados apenas próximo ao momento de lançar o produto ao mercado, a fim de manter seu típico frescor.

Um pouco da história do Casal Garcia

Mas, de volta a nossa linha de raciocínio inicial, Quinta da Aveleda... A empresa, como é hoje, surgiu em meados do século XIX, quando o proprietário das vinhas, Manuel Pedro Guedes da Silva da Fonseca, decidiu ali se instalar em definitivo, e iniciou um processo de modernização das instalações, porém, existem registros da propriedade que remontam ao século XVI. O nome Aveleda não vem da família proprietária, mas sim das Velledas, profetisas germânicas da idade média, que eram sacrificadas em honra dos deuses pagãos; supõe-se que uma destas mulheres tenha feito daquela região sua morada, dando então nome ao lugar.
A Aveleda permanece até hoje uma empresa familiar, ainda em mãos da família Guedes, e como no passado contam com a consultoria de um enólogo francês, Denis Dubourdieu, mas ao contrário de tantas outras empresas familiares, nunca abriu mão do pioneirismo e da vanguarda, sempre atenta às exigências do mercado, entretanto, não perde as características da família, como por exemplo nos jardins paradisíacos da vinícola, que não estão abertos a turistas, e que são cuidados com o mesmo afinco das vinhas. Aliás, a arte e a estética são uma preocupação que pode ser observada em todas as instalações da Aveleda, sempre ricas em pequenos detalhes, ou grandes esculturas e estruturas. Os jardins são cultivados com centenas de espécies botânicas, e abrigam uma fauna variada; contam com um belo paisagismo, e com a presença de várias estruturas/esculturas que reforçam a beleza bucólica do lugar; são as folies da Aveleda, estruturas arquitetônicas sem um fim específico, além do prazer hedonístico de admirá-las. Aliás, estas folies foram a inspiração para toda uma linha de vinhos, que embora multiregionais, recebem mais destaque pelas suas uvas do que pelo seu terroir, dentro do principio de valorizar o prazer, e não as elucidações e informações do produto.





Algumas imagens dos belos jardins da Aveleda

A Aveleda produz hoje, além do Casal Garcia, as linhas AVA, Fonte, Quinta da Aveleda, Charamba e Follies, com vinhedos no Minho, Douro e Bairrada. Produz ainda o Brandy Adega Velha, com vinhos base do Minho, que leva o nome da adega onde as barricas do destilado repousam antes do lançamento ao mercado. Após visita às instalações e aos jardins da Aveleda, degustamos vinhos de suas diversas linhas, conforme segue:

1 – Casal Garcia Branco NV (2010)
O vinho, a lenda. Corte de Trajadura, Loureiro, Arinto e Azal, frutado e floral intenso, frutas doces, off-dry, com ótimo frescor, discreta sapidez e leve agulha. Ligeira a média persistência, com sabor de beira de piscina.
3D

2 – Quinta da Aveleda Branco 2010
Corte mais nobre, com Alvarinho, Loureiro e Trajadura, resultando em um vinho aromático, com discreta mineralidade, leve agulha, muito frescor, e algo de frutas tropicais, com média persistência.
3D

3 – Follies Alvarinho 2010
A Alvarinho em pureza, com um mineral mais bem marcado, e fruta mais elegante, além de um discreto herbáceo e algo de ervas aromáticas. Bom frescor, alguma untuosidade e boa persistência.
3D+

4 – Casal Garcia Rosé NV (2010)
Obtido com as castas Vinhão, Azal Tinto e Borraçal, lembra morangos frescos, além de um leve floral, e algo de romã. Na boca, leve, fresco, com ligeira agulha, e ligeiro. Aperitivo descompromissado.
3D

5 – Charamba 2007
Produzido no Douro, com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz. Além desta degustação, já degustei às cegas, e ele se sai sempre melhor do que seu preço nos leva a imaginar. Fruta madura, leve floral e algo de especiarias. Médio corpo, com bom frescor, taninos finos e média persistência. Meio de boca com muita fruta.
3D+

6 – Casal Garcia Tinto NV (2010)
Novidade da Aveleda. Substituindo o tradicional Casal Garcia Vinho Verde Tinto, este é um vinho de mesa, produzido com Touriga Nacional e Tinta Roriz, e que visa atingir um mercado bem mais amplo. Afinal, encarar Vinho Verde Tinto, como eu disse antes, é tarefa para poucos. O vinho é intensamente frutado, com floral bem marcado e algo de madeira. Macio, com acidez de média para cima, e poucos e finos taninos. Bem correto e agradável.

3D

7 – Follies Touriga Nacional 2007
Um Touriga bairradino, com nariz elegante e intenso a frutas negras, tostado evidente e discreto floral. Bom frescor, intenso em boca, tânico, porém macio, com média/longa persistência.
4D

8 – Aguardente Adega Velha
Obtido a partir de vinhos base das castas Vinhão, Azal Tinto, Borraçal e Espadeiro, destilados em alambiques Charentais, provenientes de Cognac, França, e repousado em pipas velhas de carvalho Limousin. Coloração âmbar e brilhante, complexo e intenso, com frutas secas, bagas, flores e algo de oxidativo. Boca suave e aveludada, equilibrado e longo.
4D


As Adegas Velhas (a instalação e o produto), e a garrafa nº 1 do nobre destilado.

A impressão geral foi bem positiva, com vinhos sempre corretos e bem feitos, dentro daquilo a que se propõem. É sempre bom visitar empresas como a Aveleda, grandes, mas sem descuidar da qualidade, preocupação primordial de todo produtor sério.
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
No próximo post, Douro e Porto. Espero que tenham gostado, e até lá.
Grande Abraço

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Minho – Vinhos Verdes e Paisagens Idem



Após algumas horas de estrada, e alguns cochilos, chegamos a Peso da Régua, no coração do Douro, que seria nossa “base” no norte de Portugal. Falo um pouco mais de Peso da Régua quando chegarmos ao Douro ok? Hoje, o tema é o Minho e os Vinhos Verdes!



A típica e verdejante paisagem do Minho



O Minho é a região mais a noroeste de Portugal, tendo como limites geográficos o rio Douro ao sul, o rio Minho ao norte, ao Atlântico a oeste e a Serra do Marão ao leste. É, portanto, uma região com o clima fortemente influenciado pelo mar, e com índices pluviométricos relativamente altos (cerca de 1.200mm/ano); como resultado, a paisagem é em geral exuberante, com muito verde, daí, segundo alguns, a origem do nome de seu principal produto, o Vinho Verde.
Mas, a versão mais aceita é a de que o nome vem do fato de que os vinhos apresentam em geral uma acidez bem elevada, consequência de uma colheita ligeiramente precoce, a fim de evitar prejuízos com as chuvas em demasia. Particularmente, em me mantenho neutro na questão, e deixo você escolher a versão que mais lhe agrada...
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes é, geograficamente, a maior do país, abrangendo praticamente todo o Minho, porém é a sexta em produção. O solo é formado, na sua ampla maioria, por formações graníticas, de baixa profundidade e consistência arenosa a franco-arenosa, além de uma natural acidez elevada, características estas que ajudam a diminuir naturalmente a produção. Esta informação pode surpreender um pouco, quando se verifica a alta produção por hectare obtida por muitos produtores, devido a intervenções no relevo e incorporação de matéria orgânica no solo.
Em função de diferenças culturais e de microclimas, a Região apresenta uma divisão em 9 sub-regiões, sendo estas: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa. A mais reputada pela qualidade elevada de seus vinhos, produzidos principalmente a partir da casta Alvarinho, é Monção e Melgaço, região mais ao norte, próxima a fronteira com a Espanha. Os Alvarinhos ali produzidos em geral apresentam maior complexidade, elegância, estrutura, além de um marcado caráter mineral.
Falando em castas, além da Alvarinho, as principais brancas aqui são Loureiro, Trajadura, Azal, Avesso, Pedernã (Arinto) e Batoca, sendo a ampla maioria dos vinhos produzidos a partir de cortes. A Alvarinho, sendo a mais nobre e de mais difícil cultivo, costuma ser utilizada em cortes de vinhos de qualidade mais elevada, ou como varietal nos exemplares mais nobres da Região. Os Vinhos Verdes brancos são, em geral, leves, de baixo teor alcoólico, muito frescos, devido à elevada acidez, e discretamente frisantes, característica que só destaca seu frescor.
Já os tintos, são vinhos particulares, pois mesmo alguns exemplares de qualidade mais elevada são vinhos difíceis para os paladares menos acostumados. Daí por que a maior parte dos Vinhos Verdes tintos são consumidos internamente em Portugal. Já provei alguns e afirmo, a experiência é inesquecível, em função principalmente da alta acidez ali presente. As castas aqui são; Vinhão, Espadeiro, Borraçal, Alvarelhão, Rabo-de-Ovelha, entre outras.
Uma característica do Minho e o uso ainda muito disseminado de métodos de condução menos usuais, como as Uveiras, ou vinhas de Enforcado, método pelo qual 3 a 4 videiras são plantadas ao redor de uma árvore e crescem então livremente entrelaçadas ao seu tronco e galhos, os Arjões, no qual se utiliza as árvores ao redor da propriedade como suporte, por meio de cordões de arame, para o crescimento da videira, e as Ramadas, ou Latadas, estruturas horizontais, normalmente sobre caminhos de passagem ou outras culturas agrícolas. Todos estes sistemas têm como característica comum o aproveitamento de espaço, permitindo a sobreposição da cultura da vinha a outras culturas, situação muitas vezes necessária em áreas densamente povoadas como o é o Minho. Vale destacar que todos este métodos demandam escadas, dificuldades e riscos para a colheita, além de resultarem em uvas de baixa qualidade, enfim apenas curiosidades sobre a tradição.




Pela ordem, Enforcadeiras, Arjões e Latada

Para quem quiser conhecer mais a fundo esta região, inclusive dicas de turismo, recomendo o sita da CVR Vinhos Verdes. O site é bem completo e fácil de navegar. Ou ainda, você sempre tem a opção de pegar um avião e conhecer in loco, não é mesmo?
Espero que tenham gostado. No próximo post, Aveleda, maior produtor do Minho, e responsável por um dos vinhos mais vendidos no Brasil.
Grande abraço e até a próxima.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tejo – O ex-Ribatejo e a Vale d’Algares

Eis o Tejo, a região, não o rio...


Para aqueles que conheciam um pouco de Portugal, e já haviam se acostumado com o Ribatejo, região reconhecida pelos vinhos corretos, leves e de baixo custo, ainda não é fácil se acostumar completamente com a nova nomenclatura, porém, a fim de facilitar a penetração em outros mercados internacionais, Portugal decidiu por bem mudar o nome da região vitivinícola para Tejo, levando a uma identificação mais imediata com o rio que a corta, embora a província, ou seja, a unidade política, ainda se chame Ribatejo enfim, questões comerciais...
O Tejo é o maior rio da Península Ibérica, e um dos maiores de toda Europa, já a região, sempre foi amplamente utilizada para a agricultura, devido as suas planícies, e aos solos férteis de aluvião, mais próximos às margens do rio. Além da região das margens, chamada de Lezíria, o Tejo tem ainda mais dois tipos de solos, o Bairro, na margem direita do rio, com solos argilo-calcários e uma pequena parte de xisto, e a Charneca, na margem esquerda, com solos arenosos e de média fertilidade, naturalmente pouco produtivos. Com uma produção total de pouco mais de 500.000 hl, o Tejo oferece, como mencionei anteriormente, vinhos em geral corretos e de baixo custo, o que torna os vinhos da região atraentes ao consumidor médio.
Porém, esta declaração não significa que não haja produção de vinhos diferenciados ali, como bem pudemos observar em Vale d’Algares. É tudo uma questão de investimento e escolha dos locais corretos para os vinhedos.
A Vale d’Algares é o fruto da paixão pelo vinho de empresários do ramo imobiliário, que adquiriram uma antiga adega na pequena Vila Chã de Ourique, próxima a Santarém, e ali instalaram uma das mais modernas adegas de Portugal, com uma estrutura e arquitetura realmente impressionantes. Os vinhedos, da mesma forma, utilizam as mais modernas técnicas de manejo. A Vale d’Algares conta ainda com um centro equestre, entre os mais reputados do país.



Ok, eu sei que a foto não está muito boa... Mas as outras estavam piores... Instalações da Vale d'Algares


Mas enfim, os vinhos... A vinícola possui três gamas de vinhos, sendo a de entrada, Guarda Rios, vinhos de boa qualidade e produção cuidadosa, que pudemos degustar na bela sala de provas da vinícola, dentro da sala de barricas.

Sala de Provas, outra foto mais ou menos...


O Guarda Rios Branco é um corte de Chardonnay, Sauvignon Blanc, Fernão Pires e Alvarinho, e destas castas uma parte da Chardonnay passa pela fermentação maloláctica e pequena maturação em carvalho, conferindo assim maior complexidade ao vinho, que traz frutas frescas, cítricas, com algo de vegetal, e delicadas notas de baunilha, com bom frescor e média persistência. 3D
Já o Guarda Rios Tinto é uma vinho mais sério, proveniente principalmente de Syrah (50%) e pequenas partes de Touriga Nacional, Aragonês e Merlot, com 9 meses em barricas novas. Apresenta maior complexidade, com fruta madura, especiarias e tostados, boa estrutura e taninos finos, com média/longa persistência. 3D+
Os vinhos seguintes, já fomos obrigados e degustar em outra situação, a bordo de um barco, no rio Tejo, acompanhando uma delicada caldeirada de pescados, muito difícil. Primeiramente, a linha “D”, uma pequena seleção do enólogo, de pequenos lotes que, naquela safra em especial, são engarrafados a parte.

Simples, rústico e delicioso...


Degustamos o D Alvarinho 2010, um Alvarinho do Tejo (?!?) fermentado em carvalho (!?!) e amadurecido em carvalho (?!?!?), diferente, mas ainda conservando seu caráter varietal. Um mineral evidente, com frutas tropicais maduras e discretas notas da madeira, além de um longo final de boca. 3D+
A seguir, a linha Premium, que leva o nome da casa, começando pelo branco, Vale d’Algares Viognier 2010, 75% fermentado em barricas, com batonnage durante 6 meses. É um vinho complexo, com frutas amarelas, cera, floral e cítrico, macio, com ótima acidez, longo. 4D
E por fim o Vale d’Algares Colheita Tardia 2010, corte de Viognier e Viosinho, com mel, laranja, pêssego e abacaxi. Doçura equilibrada pela ótima acidez, e longa persistência. 3D+
Após este momento de descontração e degustação de bons vinhos, de volta a estrada, agora rumo ao norte, ao Douro e ao Minho, do qual conto um pouco no próximo post.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
Abraços e até a próxima.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Alentejo – Vinícolas Monte da Ravasqueira e Herdade dos Coelheiros

Começamos o dia pela Monte da Ravasqueira, bela propriedade localizada em Arraiolos, cidade famosa por seus tapetes. A Ravasqueira faz parte de um projeto mais amplo, que envolve a produção de azeite, mel, cortiça e a criação de cavalos lusitanos, além do enoturismo, preocupação que pudemos observar em mais de uma vinícola ao longo da viagem. Ali pudemos visitar os vinhedos, que incluem além das tradicionais castas portuguesas, como arinto, antão vaz, trincadeira e touriga nacional, mais comuns no Alentejo, outras castas menos comuns, como alvarinho, viognier, petit verdot e outras. As instalações são modernas, e a produção conta com a consultoria do talentoso enólogo Rui Reguinga.


Acima, cascas de sobreiro secando ao sol antes de seguir para o fabricante de rolhas; abaixo, montado da Ravasqueira, com seus sobreiros, oliveiras e cavalos.

Para a degustação, foram apresentados quatro vinhos, com suas notas a seguir:



1 – Monte da Ravasqueira Branco 2010
Corte de Alvarinho, Viognier e Arinto, fermentado 80% em inox e 205 em carvalho. Apresenta-se fresco, com notas de cítricos, maçãs, pêssegos e ervas, com um discreto amargor no final e média/longa persistência.

3D+


2 – Monte da Ravasqueira Rose 2010
Obtido a partir das castas Alfrocheiro, Aragonês e Touriga Franca. Intenso, floral e frutado, tutti-frutti, agradável e fresco.

3D+


3 – Monte da Ravasqueira Tinto 2010
Syrah, Alicate Bouschet, Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira, Touriga Franca e Petit Verdot, resultando num vinho aromático e complexo, mas ainda um pouco nervoso pela juventude, com algo de floral na boca. Muitos taninos, finos, mas ainda jovens, com média/longa persistência. Precisa de tempo...

3D+


4 – Vinha das Romãs 2008
Principalmente Syrah e Touriga Nacional, com pequenos acréscimos de Alicate Bouschet e Touriga Franca, passando nove meses em barricas novas. Fruta bem madura, integrada com a madeira, baunilha e especiarias, com bom frescor e adstringência, muitos e finos taninos, muito longo.

4D+


Pudemos também provar o azeite, produzido apenas em pequenas quantidades, para venda no local, muito aromático e equilibrado. Uma curiosidade ficou por conta da ampla coleção de carroças e charretes do proprietário, algumas com mais de 200 anos, todas restauradas e catalogadas, num museu dentro da vinícola.

Vinhedos da Ravasqueira



Em seguida, fomos a Herdade dos Coelheiros, propriedade familiar com cerca de 800 hectares, e que além de bons vinhos, produz azeites, cortiça, e conta com o maior pomar de nogueiras da Europa, produzindo nozes de 6 variedades diferentes. Quanto aos vinhos, a Herdade conta desde o início com a consultoria do Mestre António Saramago, que, para nossa surpresa, guiou-nos em nossa visita.




Entrada da Herdade dos Coelheiros e o Mestre António Saramago


Para aqueles por algum motivo obscuro não conheçam António Saramago, saibam que se trata, apenas, de um dos maiores enólogos em atividade, não só em Portugal, mas em todo o mundo. Formado em Bordeaux, entre outros, pelos grandes enólogos Peynaud e Riberau-Gayon, surpreende tanto pelo seu grande talento e pelas suas grandes criações, como pela sua humildade e acessibilidade, algo infelizmente não tão comum entre os grandes nomes do mundo do vinho.
As instalações da Herdade são muito organizadas e modernas, contando inclusive com uma ampla câmara fria, onde repousam as barricas dos vinhos brancos que deverão fermentar ali. Os vinho são fermentados por parcelas, conforme suas características particulares, para só depois serem feitos os cortes. São utilizadas castas regionais, com algo de chardonnay, syrah, merlot e cabernet sauvignon, porém, os vinhos principais da casa, tanto tintos como brancos, já tem predominância das castas francesas, tendo em vista que tanto o proprietário da Herdade, quanto o enólogo Saramago são francófilos assumidos.




O tranquilo repouso dos vinhos da Herdade


Degustamos ao todo nove vinhos, quase toda a linha da vinícola, conforme segue:


1 – Ciranda Branco 2009
Antão Vaz, Roupeiro e Arinto, com frutas amarelas e ervas, ótima acidez, algo de lima, média persistência.

3D


2 – Vinha da Tapada Branco 2010
Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, mais floral, com alguma fruta, boca fresca e macia, sápido, com média/longa persistência.

3D


3 – Tapada de Coelheiros Branco 2009
Roupeiro, Arinto e Chardonnay, parcialmente fermentado em carvalho, com mineral bem marcado, e fruta bem integrada, com um leve lácteo, bom frescor e longa persistência.

4D


4 – Tapada de Coelheiros Chardonnay 2009
100% fermentado em barricas novas de carvalho francês, é o “borgonha alentejano” de Saramago, complexo, com tostado e manteiga, mel, mineral, fruta austera. Em boca, amplo e macio, fresco, longo, com retro olfato de ervas e especiarias.

5D


5 – Ciranda Tinto 2010
Trincadeira, Aragonês e Syrah, frutado intenso, leve floral, fresco, com poucos taninos e média persistência.

3D


6 – Vinha da Tapada Tinto 2009
Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Syrah e Castelão. Bom fruta, algo de azeitonas e bacon, defumado, fresco, com taninos finos, longo.

3D+


7 – Tapada de Coelheiros Tinto 2007
Cabernet Sauvignon, Trincadeira e Aragonês, austero, com cassis e especiarias, madeira discreta, com taninos finos e abundantes e longa persistência.

4D


8 – Branca de Almeida Tinto 2007
Merlot, Trincadeira e Alicante Bouschet, com doze meses em carvalho. Fruta negra madura, notas animais, couro, floral, leve tostado e especiarias, fresco, macio, taninos finos, final longo e aveludado.

4D+


9 – Tapada de Coelheiros Garrafeira 2007
Cabernet Sauvignon e Aragonês, complexo e delicado, frutas negras e especiarias, em boca, mais frutas vermelhas, como framboesas, amplo, com bom corpo e frescor, taninos finíssimos e longa persistência.

5D


Depois dos vinhos, um pouco da culinária alentejana, com salada de feijões e atum, salada de grão de bico e bacalhau, orelhas de porco ao vinagrete, e um intenso cozido de pé de porco, com bastante coentro, tudo com baixo teor de gorduras e poucas calorias, coisas de Portugal...



Uma refeição leve e equilibrada...


Deixamos a Herdade e Coelheiros então com destino a0 centro da já citada Arraiolos, que goza de um cenário bem com a cara do Alentejo, para uma visita a sede da Wine Academy, empresa de enoturismo e formação de José Santanita, e organizadora do Portugal Wine Expert, para, a seguir, voltarmos à estrada, rumo ao Tejo, região da qual falaremos nos próximos posts.
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
Abraços e até a próxima.

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