segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tejo – O ex-Ribatejo e a Vale d’Algares

Eis o Tejo, a região, não o rio...


Para aqueles que conheciam um pouco de Portugal, e já haviam se acostumado com o Ribatejo, região reconhecida pelos vinhos corretos, leves e de baixo custo, ainda não é fácil se acostumar completamente com a nova nomenclatura, porém, a fim de facilitar a penetração em outros mercados internacionais, Portugal decidiu por bem mudar o nome da região vitivinícola para Tejo, levando a uma identificação mais imediata com o rio que a corta, embora a província, ou seja, a unidade política, ainda se chame Ribatejo enfim, questões comerciais...
O Tejo é o maior rio da Península Ibérica, e um dos maiores de toda Europa, já a região, sempre foi amplamente utilizada para a agricultura, devido as suas planícies, e aos solos férteis de aluvião, mais próximos às margens do rio. Além da região das margens, chamada de Lezíria, o Tejo tem ainda mais dois tipos de solos, o Bairro, na margem direita do rio, com solos argilo-calcários e uma pequena parte de xisto, e a Charneca, na margem esquerda, com solos arenosos e de média fertilidade, naturalmente pouco produtivos. Com uma produção total de pouco mais de 500.000 hl, o Tejo oferece, como mencionei anteriormente, vinhos em geral corretos e de baixo custo, o que torna os vinhos da região atraentes ao consumidor médio.
Porém, esta declaração não significa que não haja produção de vinhos diferenciados ali, como bem pudemos observar em Vale d’Algares. É tudo uma questão de investimento e escolha dos locais corretos para os vinhedos.
A Vale d’Algares é o fruto da paixão pelo vinho de empresários do ramo imobiliário, que adquiriram uma antiga adega na pequena Vila Chã de Ourique, próxima a Santarém, e ali instalaram uma das mais modernas adegas de Portugal, com uma estrutura e arquitetura realmente impressionantes. Os vinhedos, da mesma forma, utilizam as mais modernas técnicas de manejo. A Vale d’Algares conta ainda com um centro equestre, entre os mais reputados do país.



Ok, eu sei que a foto não está muito boa... Mas as outras estavam piores... Instalações da Vale d'Algares


Mas enfim, os vinhos... A vinícola possui três gamas de vinhos, sendo a de entrada, Guarda Rios, vinhos de boa qualidade e produção cuidadosa, que pudemos degustar na bela sala de provas da vinícola, dentro da sala de barricas.

Sala de Provas, outra foto mais ou menos...


O Guarda Rios Branco é um corte de Chardonnay, Sauvignon Blanc, Fernão Pires e Alvarinho, e destas castas uma parte da Chardonnay passa pela fermentação maloláctica e pequena maturação em carvalho, conferindo assim maior complexidade ao vinho, que traz frutas frescas, cítricas, com algo de vegetal, e delicadas notas de baunilha, com bom frescor e média persistência. 3D
Já o Guarda Rios Tinto é uma vinho mais sério, proveniente principalmente de Syrah (50%) e pequenas partes de Touriga Nacional, Aragonês e Merlot, com 9 meses em barricas novas. Apresenta maior complexidade, com fruta madura, especiarias e tostados, boa estrutura e taninos finos, com média/longa persistência. 3D+
Os vinhos seguintes, já fomos obrigados e degustar em outra situação, a bordo de um barco, no rio Tejo, acompanhando uma delicada caldeirada de pescados, muito difícil. Primeiramente, a linha “D”, uma pequena seleção do enólogo, de pequenos lotes que, naquela safra em especial, são engarrafados a parte.

Simples, rústico e delicioso...


Degustamos o D Alvarinho 2010, um Alvarinho do Tejo (?!?) fermentado em carvalho (!?!) e amadurecido em carvalho (?!?!?), diferente, mas ainda conservando seu caráter varietal. Um mineral evidente, com frutas tropicais maduras e discretas notas da madeira, além de um longo final de boca. 3D+
A seguir, a linha Premium, que leva o nome da casa, começando pelo branco, Vale d’Algares Viognier 2010, 75% fermentado em barricas, com batonnage durante 6 meses. É um vinho complexo, com frutas amarelas, cera, floral e cítrico, macio, com ótima acidez, longo. 4D
E por fim o Vale d’Algares Colheita Tardia 2010, corte de Viognier e Viosinho, com mel, laranja, pêssego e abacaxi. Doçura equilibrada pela ótima acidez, e longa persistência. 3D+
Após este momento de descontração e degustação de bons vinhos, de volta a estrada, agora rumo ao norte, ao Douro e ao Minho, do qual conto um pouco no próximo post.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
Abraços e até a próxima.


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