quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Alentejo – Vinícolas Monte da Ravasqueira e Herdade dos Coelheiros

Começamos o dia pela Monte da Ravasqueira, bela propriedade localizada em Arraiolos, cidade famosa por seus tapetes. A Ravasqueira faz parte de um projeto mais amplo, que envolve a produção de azeite, mel, cortiça e a criação de cavalos lusitanos, além do enoturismo, preocupação que pudemos observar em mais de uma vinícola ao longo da viagem. Ali pudemos visitar os vinhedos, que incluem além das tradicionais castas portuguesas, como arinto, antão vaz, trincadeira e touriga nacional, mais comuns no Alentejo, outras castas menos comuns, como alvarinho, viognier, petit verdot e outras. As instalações são modernas, e a produção conta com a consultoria do talentoso enólogo Rui Reguinga.


Acima, cascas de sobreiro secando ao sol antes de seguir para o fabricante de rolhas; abaixo, montado da Ravasqueira, com seus sobreiros, oliveiras e cavalos.

Para a degustação, foram apresentados quatro vinhos, com suas notas a seguir:



1 – Monte da Ravasqueira Branco 2010
Corte de Alvarinho, Viognier e Arinto, fermentado 80% em inox e 205 em carvalho. Apresenta-se fresco, com notas de cítricos, maçãs, pêssegos e ervas, com um discreto amargor no final e média/longa persistência.

3D+


2 – Monte da Ravasqueira Rose 2010
Obtido a partir das castas Alfrocheiro, Aragonês e Touriga Franca. Intenso, floral e frutado, tutti-frutti, agradável e fresco.

3D+


3 – Monte da Ravasqueira Tinto 2010
Syrah, Alicate Bouschet, Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira, Touriga Franca e Petit Verdot, resultando num vinho aromático e complexo, mas ainda um pouco nervoso pela juventude, com algo de floral na boca. Muitos taninos, finos, mas ainda jovens, com média/longa persistência. Precisa de tempo...

3D+


4 – Vinha das Romãs 2008
Principalmente Syrah e Touriga Nacional, com pequenos acréscimos de Alicate Bouschet e Touriga Franca, passando nove meses em barricas novas. Fruta bem madura, integrada com a madeira, baunilha e especiarias, com bom frescor e adstringência, muitos e finos taninos, muito longo.

4D+


Pudemos também provar o azeite, produzido apenas em pequenas quantidades, para venda no local, muito aromático e equilibrado. Uma curiosidade ficou por conta da ampla coleção de carroças e charretes do proprietário, algumas com mais de 200 anos, todas restauradas e catalogadas, num museu dentro da vinícola.

Vinhedos da Ravasqueira



Em seguida, fomos a Herdade dos Coelheiros, propriedade familiar com cerca de 800 hectares, e que além de bons vinhos, produz azeites, cortiça, e conta com o maior pomar de nogueiras da Europa, produzindo nozes de 6 variedades diferentes. Quanto aos vinhos, a Herdade conta desde o início com a consultoria do Mestre António Saramago, que, para nossa surpresa, guiou-nos em nossa visita.




Entrada da Herdade dos Coelheiros e o Mestre António Saramago


Para aqueles por algum motivo obscuro não conheçam António Saramago, saibam que se trata, apenas, de um dos maiores enólogos em atividade, não só em Portugal, mas em todo o mundo. Formado em Bordeaux, entre outros, pelos grandes enólogos Peynaud e Riberau-Gayon, surpreende tanto pelo seu grande talento e pelas suas grandes criações, como pela sua humildade e acessibilidade, algo infelizmente não tão comum entre os grandes nomes do mundo do vinho.
As instalações da Herdade são muito organizadas e modernas, contando inclusive com uma ampla câmara fria, onde repousam as barricas dos vinhos brancos que deverão fermentar ali. Os vinho são fermentados por parcelas, conforme suas características particulares, para só depois serem feitos os cortes. São utilizadas castas regionais, com algo de chardonnay, syrah, merlot e cabernet sauvignon, porém, os vinhos principais da casa, tanto tintos como brancos, já tem predominância das castas francesas, tendo em vista que tanto o proprietário da Herdade, quanto o enólogo Saramago são francófilos assumidos.




O tranquilo repouso dos vinhos da Herdade


Degustamos ao todo nove vinhos, quase toda a linha da vinícola, conforme segue:


1 – Ciranda Branco 2009
Antão Vaz, Roupeiro e Arinto, com frutas amarelas e ervas, ótima acidez, algo de lima, média persistência.

3D


2 – Vinha da Tapada Branco 2010
Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, mais floral, com alguma fruta, boca fresca e macia, sápido, com média/longa persistência.

3D


3 – Tapada de Coelheiros Branco 2009
Roupeiro, Arinto e Chardonnay, parcialmente fermentado em carvalho, com mineral bem marcado, e fruta bem integrada, com um leve lácteo, bom frescor e longa persistência.

4D


4 – Tapada de Coelheiros Chardonnay 2009
100% fermentado em barricas novas de carvalho francês, é o “borgonha alentejano” de Saramago, complexo, com tostado e manteiga, mel, mineral, fruta austera. Em boca, amplo e macio, fresco, longo, com retro olfato de ervas e especiarias.

5D


5 – Ciranda Tinto 2010
Trincadeira, Aragonês e Syrah, frutado intenso, leve floral, fresco, com poucos taninos e média persistência.

3D


6 – Vinha da Tapada Tinto 2009
Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Syrah e Castelão. Bom fruta, algo de azeitonas e bacon, defumado, fresco, com taninos finos, longo.

3D+


7 – Tapada de Coelheiros Tinto 2007
Cabernet Sauvignon, Trincadeira e Aragonês, austero, com cassis e especiarias, madeira discreta, com taninos finos e abundantes e longa persistência.

4D


8 – Branca de Almeida Tinto 2007
Merlot, Trincadeira e Alicante Bouschet, com doze meses em carvalho. Fruta negra madura, notas animais, couro, floral, leve tostado e especiarias, fresco, macio, taninos finos, final longo e aveludado.

4D+


9 – Tapada de Coelheiros Garrafeira 2007
Cabernet Sauvignon e Aragonês, complexo e delicado, frutas negras e especiarias, em boca, mais frutas vermelhas, como framboesas, amplo, com bom corpo e frescor, taninos finíssimos e longa persistência.

5D


Depois dos vinhos, um pouco da culinária alentejana, com salada de feijões e atum, salada de grão de bico e bacalhau, orelhas de porco ao vinagrete, e um intenso cozido de pé de porco, com bastante coentro, tudo com baixo teor de gorduras e poucas calorias, coisas de Portugal...



Uma refeição leve e equilibrada...


Deixamos a Herdade e Coelheiros então com destino a0 centro da já citada Arraiolos, que goza de um cenário bem com a cara do Alentejo, para uma visita a sede da Wine Academy, empresa de enoturismo e formação de José Santanita, e organizadora do Portugal Wine Expert, para, a seguir, voltarmos à estrada, rumo ao Tejo, região da qual falaremos nos próximos posts.
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.
Abraços e até a próxima.

Um comentário:

  1. Estou visitando o site pela primeira vez e gostei bastante !

    Já adicionei o site nos favoritos para estar acompanhando sempre as novidades !

    Parabéns e Sucesso !
    www.okamix.com.br

    ResponderExcluir

Não se esqueça de deixar o seu contato para eventuais respostas, ok?

Postagem em destaque

Enoturismo em Mendoza

Como parte de nossa nova parceria com a LATAM Travel Shopping Frei Caneca , teremos no mês de Novembro/2016 um imperdível tour por alguma...