sábado, 20 de agosto de 2011

Douro - A Terra do Porto

Como eu havia escrito dois posts atrás, o Douro foi nossa base no norte de Portugal. Antes da visita ao Minho e a Quinta da Aveleda, nos instalamos em Peso da Régua, cidade que marca o início do Cima Corgo.

O Douro, á partir de Peso da Régua


Para quem não sabe, a Douro é a região que ocupa as margens do rio homônimo, e é dividida em três sub-regiões, de oeste para leste; o Baixo Corgo, região mais húmida e que da origem aos vinhos mais simples, que vai até Peso da Régua, o Cima Corgo, coração da região, onde estão instaladas as principais vinícolas, e que vai da Régua até Cachão da Valera, e o Douro Superior, região mais seca e inóspita, que vai até Barca D’Alva, na fronteira com a Espanha, e que mediante investimentos recentes tem dado origem, cada vez mais, a grandes vinhos.
Além dos aspectos técnicos, alguns momentos no decorrer desta viagem me emocionaram, e o primeiro deles foi a primeira vista do Douro, ao cruzar a ponte que dá acesso a Peso da Régua, com suas encostas e vinhedos, realmente de tirar o fôlego. Para ajudar, nosso hotel estava bem ao lado do rio, o que nos proporcionou um vista diferenciada todos os dias durante o café da manhã. O nome do hotel é Régua Douro, e eu recomendo para quem estiver a caminho da região.
O Douro é, do ponto de vista histórico, a mais importante região vinícola de Portugal. Demarcada pelo Marquês de Pombal em 1756, e convertida em Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, no fim do séc. XX, não perdeu sua relevância no cenário mundial, apesar dos diversos sobressaltos pelos quais passou ao longo de sua história, tais como as Guerras Napoleônicas, a filoxera, as crises financeiras e as mudanças políticas do país.
A grande referência da região ainda é o Vinho do Porto, fortificado, normalmente doce, que conquistou o mercado inglês no séc. XVIII. Até muito recentemente, embora o Porto fosse produzido no Alto Douro Vinhateiro, a maturação e engarrafamento dos vinho deveriam, obrigatoriamente, ser feita na cidade portuária de Vila Nova de Gaia. Porto, cidade do outro lado do rio, acabou ligando seu nome ao produto, porém, a orientação sul de suas encostas, com maior exposição ao sol, na favoreciam, então, a maturação de grandes vinhos. Como as estradas eram poucas, e de difícil trânsito, os vinhos eram transportados pelo rio, em barcos chamados rabelos, que até hoje ainda ocupam uma função, sobretudo decorativa, as margens do rio em Gaia.

Rabelos, em Vila Nova de Gaia

Ainda hoje muitas casas ainda mantém suas adegas em Vila Nova de Gaia, porém, a cada dia mais e mais vinícolas começam a produzir, maturar e engarrafas seus vinhos diretamente nas vinícolas, no Douro, de forma a garantir e acompanhar mais estritamente a qualidade em cada paço da produção. Durante séculos, a fama e economia da região foram abastecidas principalmente pelo Vinho do Porto, porém, a partir de meados do séc. XX começaram a surgir na região vinhos de mesa, ou seja, não fortificados, dos quais o precursor foi o Barca Velha, criado em 1952, pela Casa Ferreirinha, que leva o nome de sua principal figura histórica, também de grande importância para o Douro como um todo, Dona Antônia Ferreira.
Para não me estender em demasia, deixo a dica para aqueles que desejam conhecer um pouco mais a história de Dona Antônia que verifiquem o site da Sogrape, que desde 1987 é detentora da marca.
O fato é que, a partir do Barca Velha, muitos produtores e consumidores começaram a dar outra atenção aos vinhos de mesa do Douro, que em tempos recentes, mediante o investimento de dinheiro e energia, não só das empresas, mas também dos enólogos e demais trabalhadores envolvidos no processo, experimentaram um crescimento importante na variedade e qualidade dos produtos disponíveis, levando inclusive ao surgimento de vinícolas que simplesmente não produzem Vinho do Porto, como a Quinta do Côtto, que visitamos.














A parte dos vinhos, pudemos visitar também a margem do Douro, em Gaia, endereço de muitos restaurante e lojas ligadas a vinícolas, outra visão que me emocionou, por toda a beleza e peso histórico que aquela paisagem traz consigo. Após um breve passeio e uma breve visita a loja da C. da Silva, vinícola responsável por aquele que, em minha modesta opinião, é um dos melhores Portos Brancos no mercado, o Dalva (infelizmente sem importadora no Brasil), do qual adquiri uma garrafa do Tawny 10 Anos Branco. E logo em seguida, o centro da cidade do Porto, para provar uma especialidade local, a francesinha, uma espécie de Croque-Monsieur, mas que leva carne e embutidos no recheio, e um leve roti picante por cima. Típico, simples, calórico e saboroso.

A esquerda Porto, e a direita Vila Nova de Gaia

Uma curiosidade sobre Porto, é que, na opinião dos portugueses, a cidade tem um trânsito “infernal”, e da pra ver que os cidadãos levam isso a sério, fazendo da buzina um item indispensável, mas acreditem, comparando com a Marginal Pinheiros numa tarde de sexta-feira... é uma passeio no parque. Os motoristas de Porto não sobreviveriam uma semana em São Paulo!

O trânsito infernal da cidade do Porto...

Visitamos também Pinhão, no dia seguinte, pequena cidade no coração do Cima Corgo, de onde costumavam partir os vinhos ruma a Gaia. A cidade e conhecida por sua antiga estação de trem, que tem as paredes decoradas com belas pinturas em azulejo, que mostram um pouco da vida no Douro. Dali partimos para um agradável passeio de barco pelo rio, sempre cercado de vinhas. Realmente lindo, e imperdível para quem visita a região. Foi possível observar um aumento significativo das plantações no sistema de vinhas ao alto, que dispensa os tradicionais patamares, e implanta fileiras de videiras em linha reta e contínua, subindo as encostas. Isso facilita o acesso, a leva a produções mais homogêneas. Uma tendência moderna, mas que veio para ficar.














Acima, azulejos em Pinhão, abaixo, Vinhas Ao Alto 
No próximo post, um pouco sobre as vinícolas visitadas, Porto Rozés e Quinta do Côtto. Grande abraço e até lá.




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