quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Por um Interior (Eno) Gastronômico, na revista Senhora Mesa!


Clos des Paulilles, Banyuls, França
"Olá a todos! Estreio aqui minha participação neste espaço da Senhora Mesa, onde vamos conversar sobre vinhos, bebidas, gastronomia e outros assuntos afins.



É sempre uma grande alegria quando tenho a oportunidade de atingir um público qualificado e apaixonado, como o público que encontramos aqui no nosso Interior. Por muito tempo, a culinária típica, e mesmo a alta gastronomia, aqui praticadas, foram colocadas à margem daquela praticada na Capital nos grandes centros, nosso profissionais tinha duas opções, mudar-se para cidades maiores, ou insistir em perseguir seus sonhos aqui mesmo nesta nossa terra, como um Don Quixote das panelas, enfrentado moinhos com uma espátula nas mãos. Do outro lado do balcão, nosso público, muitas vezes de forma inocente, desmerecia o trabalho daqueles que aqui atuavam, sempre se dispondo a efetuar sue principais gastos nos grandes centros, e nutrindo uma impressão quase que patológica de que os mesmos produtos, oferecidos aqui em porções ainda maiores, eram caros demais.

Bom, nem tudo (ainda) mudou; ainda temos muitos profissionais de alto gabarito migrando para as Capitais; ainda temos preços altos e amadorismo em nossos restaurantes, ainda temos clientes que almoçam por R$ 300,00 em São Paulo, mas acham um executivo de R$ 39,90 caro aqui em casa; tudo isso ainda é realidade, mas é felizmente um cenário em fase de mudança, e para melhor.

Escrevi isso tudo como uma introdução a tônica desta coluna e a minha própria história. Nasci, vivi e vivo no interior, em Campinas; estudei, trabalhei e me desenvolvi profissionalmente aqui no interior, e foi vivendo e atuando aqui no interior que alcancei a posição de Melhor Sommelier do Brasil, vencendo o último concurso brasileiro, ano passado. Ainda que atuando de forma mais incisiva em São Paulo, ainda é aqui minha “base”, é aqui que eu aposto, no crescimento de nossa cultura eno-gastronômica; é aqui que, creio eu, o mais dinâmico dos cenários se configura, com novos nomes e novos restaurantes surgindo a cada dia.

Temos, cada vez mais, restaurantes de alto nível, boas instituições de ensino, profissionais estudiosos e dedicados, um serviço de qualidade, Cartas de Vinhos premiadas, e tudo o mais que você precisa para uma grande experiência eno-gastronômica. Temos também, cada vez mais valorizadas, nossas especialidades tradicionais, nossas comidinhas de rua e de feira, nossos quitutes de mercadão, melhores todos a cada dia, com preparações mais bem cuidadas e as melhores matérias primas.

No que se refere ao vinho em particular, cada vez mais os distribuidores e importadores voltam suas atenções para cá, fugindo, em partes, do saturado mercado paulistano, e ampliando de modo muito significativo a oferta de rótulos e de bons eventos ligados ao vinho que por aqui se realizam, permitindo que as melhores opções do mercado estejam, cada vez mais, disponíveis aos nossos consumidores.

Neste espaço, nas edições que virão, vamos falar um pouco mais sobre estes bons eventos, sobre os bons restaurantes, e as muitas possibilidades que você tem, hoje, de disfrutar de boa comida e bons vinhos, sem precisar passar da Serra do Japi, vamos falar de vinhos e de muito mais daquilo que podemos encontrar de bom em nossas cidades; e eu espero, sinceramente, poder contar com a sua companhia nesta jornada.

Até a próxima edição, deixo o meu convite, para que você conhece e aprecia melhor nossa gastronomia, nossas especialidades, nossos bons profissionais e restaurantes, valorizando aqueles que decidiram apostar suas carreiras aqui, com o simples objetivo de melhor servir-nos. Desfrute do nosso Interior (Eno) Gastronômico!"
Artigo publicado originalmente na edição de número 2 da revista Senhora Mesa!

 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Entrevista à CBN Campinas!

Segue link de entrevista que dei para o quadro Estilo de Vida, de Neusa Leoncine, na CBN Campinas! Espero que gostem!
Grande abraço
http://www.portalcbncampinas.com.br/?p=62744

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Bebendo Mais e Melhor (E por Menos!)


"Por que bebemos pouco? E por que bebemos mal? O que bebemos, afinal de contas? Nossa sociedade é, a cada dia mais, quadradinha e politicamente correta; a preocupação com a saúde tornou-se celeuma global, e nossos hábitos alimentares não ficaram imunes a estas mudanças; menos sal, menos gordura, menos calorias, menos carne, menos açúcar e... menos álcool!

Desta forma, o consumo do vinho foi, inevitavelmente, atingido. Apenas para ilustrar, na primeira metade do século XX, nossos vizinhos argentinos consumiam, em média, cerca de 100 litros por habitante/ano, enquanto que hoje são cerca de 26... Aí, países como o Brasil, com um consumo de cerca 2 litros por habitante/ano, encontram esta dificuldade adicional para fazer crescer o seu consumo, como se já não bastassem os desvarios tributários dos nossos governos.

A isso somamos ainda um importante aspecto; o cultural. O brasileiro, em geral, não vê o vinho como uma bebida do dia a dia, mas sim como uma bebida para ocasiões especiais. Essa imagem é fortemente reforçada pelo desserviço prestado por uma elite que foca a divulgação do vinho em produtos de maior valor agregado, vendendo a imagem de que vinho barato não presta. A força que esta imagem tem junto ao público pode ser ilustrada por uma situação pela qual eu passei, ao visitar um restaurante simples, próximo de minha casa, acompanhado de minha família, e decidi pedir uma garrafa de Almadén Riesling 2012, vinhos simples, porém tecnicamente bem feito, e adequado para o consumo descompromissado, afinal, custa cerca de R$ 17,00 nos supermercados por aí. Pois o pedido impressionou minha própria esposa, que não esperava que eu pedisse um Almadén...

 Nesse processo, o consumidor médio, como eu, que aprecia o vinho, e tem o desejo de fazer deste um item de consumo diário, esbarra na limitação orçamentaria; afinal, como beber vinho com frequência se vinho bom é vinho caro? (ou ao menos não tão barato assim...).

A resposta que eu tenho a esta questão, meus caros, é muito simples: e quem disse que vinho barato não é bom? O vinho, como um hábito cultural e alimentar de consumo diário, precisa ser, antes de tudo, acessível em termos de preço, mas também honesto, ou seja, entregar no mínimo aquilo que seu preço nos faz supor que ele tenha. O vinho que citei acima se encaixa perfeitamente nesta categoria.

É claro que, quando falamos de vinhos assim tão baratos, é preciso alguma atenção ao que compramos, afinal há, de fato, muitos vinhos nessa faixa de preço que deixam a desejar em termos de qualidade, mesmo para um vinho tão barato, mas os bons exemplares existem, e devem ser valorizados!

Por certo que estas palavras não têm o objetivo de incentivar você a, quando for ao seu restaurante favorito, reclamar que não há vinhos de R$ 20,00 na carta, afinal, os vinhos de preço e qualidade mais altos merecem o seu lugar acompanhando uma culinária a altura, agora, em momentos de lazer e descontração, em que você normalmente optaria por uma bebida mais barata, como uma cerveja, por que não tentaram vinho que literalmente seja para o dia a dia? Por que não pesquisar algumas opções no supermercado mais próximo? Beba mais vinho, e seja mais feliz e saudável!

Texto publicado originalmente no portal Gastrovia!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Bebendo (BEM!) Nas Alturas!


"Já é fato consumado que empresas aéreas sempre disponibilizaram um sortimento de bebidas alcoólicas de primeira linha em suas classes executiva e primeira.  Neste contexto, o vinho muitas vezes ocupa um lugar de destaque, entretanto, para a classe econômica, também é cada vez maior a oferta de produtos de boa qualidade, em especial no caso de companhias de países tradicionalmente produtores.

 

Esta crescente demanda, gera uma constante preocupação em contar com consultores externos, e muitas vezes famosos, para a elaboração de suas Cartas de Vinhos. Entre os brasileiros, temos o Dr. Arthur Azevedo, da ABS São Paulo, há vários anos responsável pela seleção de vinhos da TAM, e o Chef e Sommelier ítalo-brasileiro Dânio Braga, responsável pela seleção da portuguesa TAP.

 

Embora as seleções de vinhos para classe econômica tenham uma melhora significativa em tempos recentes, são nos assentos mais caros onde encontramos os melhores produtos e o melhor serviço, com taças de verdade, que permitem uma adequada degustação. No que se refere à degustação é importante lembrar que, no ambiente de baixa pressão da cabine de uma aeronave, nossa percepção olfativa é alterada, o que só reforça a necessidade de bons vinhos e boas taças, a fim de garantir uma experiência prazerosa ao passageiro.

 

Em uma recente (e longa) viagem ao Japão, sobre a qual falarei um pouco mais em outro artigo, tive a sorte de por um gentil convite da Qatar Airways, desfrutar do conforto de sua premiada bussines class em um dos trechos de Doha até São Paulo, e partilho com vocês algumas impressões, em especial a respeito do serviço e da seleção de vinhos.

 

Como em geral e padrão em todas as empresas, aqui o serviço é feito em taças de verdade, e não de plástico, ou ainda copos baixos de vidro, como é comum. Isso, por si só, já enriquece significativamente a experiência de degustação. Aliado a isso, a Carta de vinhos trás uma seleção cuidadosa, com produtos escolhidos das melhores procedências, e ainda informações completas sobre cada um deles como uvas, safras e informações sobre os produtores. Existe uma preocupação em cobrir estilos variados, com vinhos do novo e velho mundo, versáteis o suficiente para adaptarem-se a uma variedade de pratos e paladares.

 

Entre meus destaques da Carta da Qatar Airways, ficam os seus dois Champagnes, Bollinger Brut Rosé e Lanson Vintage 1999, um belo branco alemão, o Erdener Treppchen Spätlese Riesling do produtor Dr. Loosen, um Brunello di Montalcino mais maduro, o Castel Giocondo 2003, da Frescobaldi, e um ótimo Porto Colheita 1974, cujo nome, por absoluto e imperdoável desleixo, não anotei. Além destes, ainda havia um Bordeaux 2006 Cru Bourgeois de ótima procedência, um belo Sauvignon Blanc neozelandês, entre outros.

 

Toda a equipe de bordo estava devidamente bem orientada em relação à liturgia particular do serviço dos vinhos, atentando para volume servido, reposição, troca de taças, temperatura e etc.

 

Com o constante aumento do mercado consumidor de luxo, em especial em países em desenvolvimento como o Brasil, apresentar uma ampla seleção de serviços e produtos diferenciados, é uma necessidade premente de todas as empresas aéreas que buscam fidelizar clientes em seus assentos mais caros. Nesta equação, o vinho, produto cada vez melhor compreendido e respeitado, ocupa, sem dúvida, uma posição de destaque."
 
Texto publicado originalmente no portal Gastrovia!
 

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