quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Bebendo Mais e Melhor (E por Menos!)


"Por que bebemos pouco? E por que bebemos mal? O que bebemos, afinal de contas? Nossa sociedade é, a cada dia mais, quadradinha e politicamente correta; a preocupação com a saúde tornou-se celeuma global, e nossos hábitos alimentares não ficaram imunes a estas mudanças; menos sal, menos gordura, menos calorias, menos carne, menos açúcar e... menos álcool!

Desta forma, o consumo do vinho foi, inevitavelmente, atingido. Apenas para ilustrar, na primeira metade do século XX, nossos vizinhos argentinos consumiam, em média, cerca de 100 litros por habitante/ano, enquanto que hoje são cerca de 26... Aí, países como o Brasil, com um consumo de cerca 2 litros por habitante/ano, encontram esta dificuldade adicional para fazer crescer o seu consumo, como se já não bastassem os desvarios tributários dos nossos governos.

A isso somamos ainda um importante aspecto; o cultural. O brasileiro, em geral, não vê o vinho como uma bebida do dia a dia, mas sim como uma bebida para ocasiões especiais. Essa imagem é fortemente reforçada pelo desserviço prestado por uma elite que foca a divulgação do vinho em produtos de maior valor agregado, vendendo a imagem de que vinho barato não presta. A força que esta imagem tem junto ao público pode ser ilustrada por uma situação pela qual eu passei, ao visitar um restaurante simples, próximo de minha casa, acompanhado de minha família, e decidi pedir uma garrafa de Almadén Riesling 2012, vinhos simples, porém tecnicamente bem feito, e adequado para o consumo descompromissado, afinal, custa cerca de R$ 17,00 nos supermercados por aí. Pois o pedido impressionou minha própria esposa, que não esperava que eu pedisse um Almadén...

 Nesse processo, o consumidor médio, como eu, que aprecia o vinho, e tem o desejo de fazer deste um item de consumo diário, esbarra na limitação orçamentaria; afinal, como beber vinho com frequência se vinho bom é vinho caro? (ou ao menos não tão barato assim...).

A resposta que eu tenho a esta questão, meus caros, é muito simples: e quem disse que vinho barato não é bom? O vinho, como um hábito cultural e alimentar de consumo diário, precisa ser, antes de tudo, acessível em termos de preço, mas também honesto, ou seja, entregar no mínimo aquilo que seu preço nos faz supor que ele tenha. O vinho que citei acima se encaixa perfeitamente nesta categoria.

É claro que, quando falamos de vinhos assim tão baratos, é preciso alguma atenção ao que compramos, afinal há, de fato, muitos vinhos nessa faixa de preço que deixam a desejar em termos de qualidade, mesmo para um vinho tão barato, mas os bons exemplares existem, e devem ser valorizados!

Por certo que estas palavras não têm o objetivo de incentivar você a, quando for ao seu restaurante favorito, reclamar que não há vinhos de R$ 20,00 na carta, afinal, os vinhos de preço e qualidade mais altos merecem o seu lugar acompanhando uma culinária a altura, agora, em momentos de lazer e descontração, em que você normalmente optaria por uma bebida mais barata, como uma cerveja, por que não tentaram vinho que literalmente seja para o dia a dia? Por que não pesquisar algumas opções no supermercado mais próximo? Beba mais vinho, e seja mais feliz e saudável!

Texto publicado originalmente no portal Gastrovia!

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