terça-feira, 22 de setembro de 2020

Nova York - Revista Escanção

 

A cidade de Nova Iorque, mais precisamente a ilha de Manhattan, é a primeira imagem que a maioria de nós tem em mento quando se fala em Estados Unidos da América, como uma cidade cosmopolita e agitada, centro financeiro e endereço de alguns dos melhores restaurantes daquele país. Aqueles que tem o vinho como profissão certamente pensarão em vinho também, mas no consumo, nas muitas e estreladas cartas de vinhos que encontramos por lá.

A produção de vinhos não é nem de longe o primeiro pensamento. Vinhos dos Estados Unidos são, vai de regra, sinônimo de Califórnia, no outro lado do país, ou, também na costa Oeste, Oregon e Washington.

Ledo engano imaginar que Nova Iorque seja apenas um centro consumidor, engano esse causado, em parte, pelo nosso engano em imaginar que “Nova Iorque” seja apenas uma referência a cidade e nos esquecemos eu a cidade é apenas a pontinha Sul de um Estado, de dimensões significativas e grande produtor de vinhos.

Sim, para muitos pode ser uma surpresa essa informação, mas os estado de Nova Iorque é o terceiro maior produtor dos Estados Unidos, atrás apenas da Califórnia e de Washington, a frente de produtores mais conhecidos como Oregon e Virginia.

O detalhe é que grande parte da produção aqui é de vinhos simples, feitos com uvas americanas e pouco adaptados ao consumo por arte de degustadores mais experientes, entretanto já desde os anos 1970 cresceu significativamente o número de vinícolas focadas na produção de vinhos finos, com excelentes resultados, que fazem jus às exigências mais estritas.

Encontraremos aqui algumas importantes regiões produtoras, com um total de cerca de 15.000ha. Logo ao leste de Manhattan encontramos Long Island, que tem sua produção concentrada no extremo leste, onde o Oceano Atlântico exerce importante influência, mitigando os efeitos do inverno e aliviando a humidade do verão com brisas constantes. São mais de 1200ha de vinhedos em duas áreas de produção (AVA nos Estados Unidos, sigla de American VIticultural Area) a saber: North Fork of Long Island e The Hamptons.

The Hamptons é um destino famosos por seus casarões de veraneio, sempre agitados nos meses de calor, logo os vinhedos existem, mas são poucos, devido ao grande valor que a terra tem aqui. Consequentemente a maior parte da produção esta concentrada na AVA North Fork of Long Island, onde condições climáticas privilegiadas garantem um ciclo de maturação longo e quente o suficiente para amadurecer castas como Cabernet Sauvignon de forma confiável. Os melhores exemplares da região são obtidos com as castas Cabernet Franc, Chardonnay, Merlot, Riesling e Sauvignon Blanc, mas a variedade local é grande e inclui mesmo castas como Dornfelder, Friulano, Vermentino, Alvarinho, Grüner, entre outras.

As demais áreas de produção do estado ficam ao Norte, rumo ao Canadá. Bem próximo à cidade, encontraremos a AVA Hudson River Region, que compreende as áreas de cultivo nas margens do rio Hudson. Os primeiros vinhedos foram plantados aqui ainda no séc. XVII e a mais antiga vinícola americana em operação contínua está ali, Brotherhood Winery, fundada em 1839. Aqui temos apenas cerca de 200ha, com os melhores resultados advindos de castas mais adaptadas ao clima mais frio, principalmente Cabernet Franc, Chardonnay, Pinot Noir e a hibrida Baco Noir, muito popular aqui.

Mas aquela que tem chamado mais atenção é a região de Finger Lakes AVA, com duas sub zonas, Cayuga Lake AVA e Seneca Lake AVA. Com um total de mais de 3600ha de vinhedos, a região conta com importantes expoentes do cultivo de variedades viníferas de clima frio. Aqui encontramos excelentes vinhos feitos com velhas conhecidas como Riesling, Cabernet Franc e Chardonnay, mas também com as menos comuns Gewürztraminer e Rkatsiteli. A produção aqui só é possível devido aos lagos, profundos, estreitos no sentido leste/oeste e longos no sentido norte/sul, assemelhando-se às marcas deixadas por garras arranhando a terra, daí seu nome.

Estes lagos foram formados pelo deslocamento de geleiras ao final da última Era do Gelo e o clima mais ameno em suas margens sempre foi um atrativo para a produção de frutas e também uvas, porém o enfoque sempre foi em variedades americanas ou hibridas até que em 1962 o imigrante ucraniano Konstantin Frank iniciou sua produção na vinícola homônima. Evidentemente, em uma área de clima assim frio, também vamos encontrar deliciosos vinhos de sobremesa feitos com uvas congeladas, os ice wines.

A região conta ainda com outras duas AVAs, Niagara Escarpment, com foco nas brancas Chardonnay e Vidal Blanc, e Lake Eire, esta compartilhada com Ohio e Pennsylvania, com cerca de 8.000ha de vinhedos apenas em Nova Iorque, porém dedicados principalmente a variedade americana Concord, que produz vinhos simples, sucos e geleias.

 

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