segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fundação Eugénio de Almeida e o Pêra Manca 2007


Ok, sei que o vinho já está no mercado há alguns meses, mas só agora tive a oportunidade de escrever sobre o assunto...
Estive presente no início de novembro do ano passado, por meio de um gentil convite da Adega Alentejana, a um almoço no restaurante A Bela Sintra, em São Paulo, onde foi feito o lançamento da nova safra do Pêra Manca, vinho ícone da Fundação Eugénio de Almeida, e um dos grandes vinhos de Portugal, entre os mais apreciados aqui no Brasil. Tanto que o lançamento deu-se aqui antes de sua terra natal.
A Fundação, para quem não conhece, foi fundada em 1963, por Vasco Maria Eugénio de Almeida, conde de Vill'Alva, e não tem fins lucrativos, produzindo hoje uma variedade de vinhos, azeites e outros produtos agropecuários. Não vou me estender demais aqui, pois informações mais completas e precisas podem ser encontradas no site da fundação, http://fundacaoeugeniodealmeida.pt/
O Bela Sintra, como de costume, apresentou um serviço impecável, e a refeição transcorreu num agradável clima de informalidade, contando com as especiais presenças do Sr. Luis Faria Rosado, presidente de Fundação, e do Sr. Pedro Baptista, enólogo-chefe da vinícola. Ambos conseguiram apresentar seus fidalgos vinhos de forma simples e objetiva, sem perder a profundidade técnica esperada de tão ilustres anfitriões. Mas, vamos agora aos vinhos!

1 - Foral de Évora Branco 2009
Produzido com a casta Assario, nome da Malvasia Fina naquela região, é um vinho gostoso e muito agradável, com frutas amarelas e tropicais, boa acidez e estrutura, além de uma boa persistência. Fica melhor ainda com o preço! (R$ 48,10)
3D

2 - Pêra Manca Branco 2008
Em minha modesta opinião, um dos grandes brancos portugueses. Produzido com as castas Antão Vaz e Arinto, apresenta notas marcadamente minerais, aromas de frutas e flores, mel e cera, amêndoas e baunilha, bem integradas num conjunto que em boca mostra-se muito equilibrado, com bom frescor e corpo, além de um longo final.
4D

3 - Foral de Évora Tinto 2006
Um bom tinto, com frutas maduras, médio corpo, bons taninos e acidez. Bem agradável, apesar de uma pontinha de álcool.
3D

4 - Foral de Évora Tinto 2007
Este ainda não estava disponível no Brasil, e veio na mala com o pessoal da Fundação. Mais intenso que o 2006, com uma acidez mais balanceada e bem integrada. Vivo, com agradáveis notas florais.
3D
5 - Scala Coeli 2007
Vinho relativamente novo , tendo sido produzido a partir da safra 2005. A curiosidade é que o vinho é feito com diferentes castas a cada ano, com o objetivo de apresentar ao público a casta que melhor se expressou no terroir da Fundação naquele ano. O 2005 foi um Cabernet/Merlot, o 2006 um Syrah, e este 2007 100% Touriga Nacional. Trata-se de um vinho potente e complexo, com frutas maduras, figos, flores e especiarias, além de um leve toque mineral. Longo e equilibrado, mas ainda precisando de alguns anos de garrafa para mostrar o seu melhor. A quem possa interessar, o Scala Coeli 2008 será um Alicante Bouschet.
5D

6 - Pêra Manca 2007
Por fim, a grande estrela. Produzido pela Fundação Eugénio de Almeida desde 1990, o Pêra Manca tem uma história muito mais antiga, com registros que datam ainda do século XV. Era, inclusive, o vinho que Pedro Álvares Cabral trouxe em suas naus para o Brasil. O 2007 em especial ainda esta muito jovem, não sendo recomendável seu consumo imediato, mas já é uma vinho grandioso e memorável, com frutas passas, tostado, cacau, café e baunilha. Estruturado e polido, com finos e abundantes taninos, e um longo e agradável final.
5D

Todos os vinhos da Fundação Eugénio de Almeida são importados para o Brasil com exclusividade pela Adega Alentejana.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Abraço e até a próxima.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Um Pouco Sobre a Austrália


Olá, estou de volta, e com um pequeno artigo sobre a Austrália,publicado na edição nº 20 da revista Psiquê, daqui da região:

“Austrália, o país do vinho!” A frase pode parecer um pouco exagerada, mas não está tão longe da realidade. Pode parecer um pouco estranho para nós brasileiros, afinal os vinhos australianos não são assim tão comuns em nossas prateleiras, representando menos de 10% das importações anuais do Brasil, mas trata-se do 6° maior produtor mundial, e um dos principais exportadores para importantes mercados consumidores, tais como o Reino Unido, os Estados Unidos e a China. Com uma indústria vinícola relativamente jovem (as primeiras videiras foram plantadas em 1788, enquanto no Brasil chegaram em 1532), o crescimento rápido foi a tônica dos últimos anos, alcançando em 2003 a meta de AU$ 4,5 Bilhões em vendas que havia sido traçada para 2025, demonstrando, assim, grande organização, bem como capacidade de ir ao encontro dos desejos do público, com vinhos em geral confiáveis, frutados e fáceis de tomar, 75% deles produzidos por vinícolas pertencentes a apenas cinco grupos.

Outro ponto importante é a inovação, afinal estamos falando do mais moderno parque industrial vitivinícola no mundo, com tecnologia de ponta, mão de obra altamente especializada, e alguns dos principais centros de formação de enólogos, além, é claro, do constante espírito de inovação, que leva, por exemplo, ao amplo uso das tampas de rosca, ou screwcaps, em seus vinhos. Quanto à (grande) polêmica sobre o uso da cortiça ou não, este é um assunto que, se vocês não se incomodarem, vou deixar para outra ocasião, ok?

E por último, mas não menos importante, temos a Shiraz, de longe a casta mais plantada na Austrália, e que trouxe fama aos vinhos daquele país. Original do sul da França, onde recebe o nome de Syrah, esta casta encontrou nos ensolarados campos australianos o terroir ideal para a produção de vinhos amplos, ricos em frutas maduras, e com um distinto toque de especiarias. Onipresente em todo o território, os Shiraz australianos podem apresentar os mais variados estilos, mas em geral são vinhos que se dão muito bem com carnes grelhadas e com pouca gordura, como o tradicional churrasco de canguru australiano (não, não é brincadeira...), ou ainda com molhos com um toque de pimenta e/ou noz moscada, como o Prime Rib ao Poivre que servimos aqui no Olivetto.
É possível encontrar no marcado brasileiro um grande volume de vinhos corretos, porém padronizados, mas existe por outro lado uma ampla oferta de pequenos produtores, focados em vinhos de alta gama, bem como na identificação e divulgação dos diversos terroirs daquele país, e muitos destes produtos estão disponíveis aqui, entre os quais destaco Penfolds e Glaetzer, do Barossa Valley, Jim Barry, do Clare Valley e Coonawarra, e a Mitolo, do McLaren Valley. E obviamente outras castas como a Chardonnay e a Semillon para os brancos, e a Cabernet Sauvignon, em especial de Connawarra, para os tintos Além destes, muitos são os vinhos australianos que valem, ao menos, a prova, pois pode ter-se a certeza de que as chances de acerto são amplamente maiores que as de erro.

O artigo é conciso, mas espero que tenham gostado.
Grande abraço e até a próxima.

Postagem em destaque

Enoturismo em Mendoza

Como parte de nossa nova parceria com a LATAM Travel Shopping Frei Caneca , teremos no mês de Novembro/2016 um imperdível tour por alguma...