quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Douro – Porto Rozés e Quinta do Côtto

 As visitas no Douro se deram em dois dias, devido a uma particularidade de fundo histórico. A Porto Rozés, assim como muitos dos produtores de Vinho do Porto, ainda tem suas caves localizadas em Vila Nova de Gaia, embora seus vinhedos, nove ao todo, estejam distribuídos por todo o Douro, com presença nas três subzonas da região.


Após a visita as instalações da Quinta da Aveleda, no Minho, seguimos rumo oeste, para Vila Nova de Gaia, para a visita a Rozés. Fundada em Bordeaux, em 1855, por um negociante local, a Rozés permaneceu na família até o ano de 1977, e em 1999 foi adquirida pelo Grupo Vranken Pommery Monopole, proprietário de marcas como, por exemplo, o Champagne Pommery. Esta mudança trouxe, consequentemente, novas oportunidades e investimentos, conduzindo a um maior aprimoramento das técnicas produtivas da Rozés.

Hoje, além de uma gama de vinhos não fortificados, produzidos na Quinta do Grifo, a Rozés tem duas linhas de Portos, a Classic Ports, abrangendo todos os estilos e idades, e a linha Colors Collection, com garrafas mais bojudas e coloridas, focadas em novos mercados, e que trazem um Porto Reserve (vermelho), um Branco Reserve (branco) e um Tawny 10 Anos (dourado). Uma solução atraente ao consumidor moderno, visando ampliar um mercado em redução, que é o de vinhos fortificados.

As Caves da Rozés são bonitas e antigas, encravadas nas encostas de Vila Nova de Gaia, porém, estão ali hoje basicamente para receber turistas, sendo que a parte mais importante do processo produtivo, e os vinhos mais importantes, estão no Douro vinhateiro, mas isso não desmerece em nada a interessante visita, devido ao profundo significado histórico destas instalações.

Caves da Porto Rozés
Tivemos ali a oportunidade de degustar quatro vinhos, conduzidos pelo enólogo Luciano Madureira, sendo um da linha Color Collection e três Classic Ports. A notas seguem abaixo:
1 – Rozés Ruby Special Reserve
Um Ruby, com fruta intensa, especiarias, leve balsâmico, figos, amoras e ameixas. Boa doçura, boca achocolatada, macio e encorpado, com discretos taninos e média persistência.
3D+

2 – Rozés Vintage 2008
Originário de vinhas velhas no Douro Superior, produzido principalmente a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Sousão, tem frutas negras, muitas especiarias, com noz moscada e pimenta preta, leve floral. Encorpado, traz uma explosão de frutas na boca, amplo e estruturado, com taninos finos, bom equilíbrio e longa persistência. Com certeza, um vinho para a adega.
4D+

3 – Rozés Color Collection White Reserve
Lote com uma idade média de 8 anos, e uma bela coloração dourada. No nariz, frutas secas, maçã com canela, ervas e leve oxidativo. Na boca, discreta sapidez e doçura equilibrada, nozes e caramelo, tostado, com média/longa persistência.
3D+

4 – Rozés Tawny 10 Anos Infanta Isabel
Envelhecido nas caves de Vila Nova de Gaia, apresenta caramelo queimado e amêndoas tostadas, cravo, boca ampla, com melaço e castanhas, macio, equilibrado e longo.
4D

Após a degustação, seguimos para o passeio por Vila Nova de Gaia e Porto, já mencionado anteriormente, e no dia seguinte, logo pela manhã, seguimos para a Quinta do Côtto. Pertencente à família Montez-Champalimaud, a Quinta é carregada de história, havendo indícios de que a propriedade já era ocupada por volta de 1140, antes mesmo da fundação da monarquia portuguesa. Desde 1976 sob a liderança de Miguel Champalimaud, a Quinta do Côtto inaugurou o conceito dos vinhos de Quinta no Douro, ou seja, vinhos produzidos a partir de uma única propriedade, e embora tenha, por muito tempo, produzido Vinho do Porto, hoje produz exclusivamente vinhos não fortificados.
Momento Garoto Propaganda
Mesmo o Porto que ainda pode ser encontrado no mercado, o Champalimaud Vintage 2001, é um Porto que foge do normal, com menos álcool, apenas 16°, e menos doçura, um estilo todo particular. Já os vinhos que são ainda produzidos, estão divididos em duas marcas, Paço de Teixeró, produzido a partir de vinhedos no Minho, e a marca principal, Quinta do Côtto. Uma curiosidade é que a Quinta utiliza principalmente carvalho português em seus vinhos, valorizando, de certo modo, o produto nacional. Digo de certo modo, porque estamos falando do país da cortiça, e a Quinta do Côtto foi o primeiro produtor do Douro a adotar o Screwcap, que só não é utilizado em seu vinho principal, o Quinta do Côtto Grande Escolha, ironias do mundo do vinho...


Antigo Solar da Quinta do Côtto e vista geral do vale a partir da Quinta
A visita às instalações, bem com o a degustação dos vinhos, foram conduzidas pelo diretor da vinícola, Vasco Coutinho, já um frequentador assíduo nos eventos promovido pela Mistral com os vinhos da Quinta do Côtto aqui no Brasil. Seguem as notas dos vinhos:

1 – Paço de Teixeró Branco 2010
Vinho Verde, produzido com as castas Avesso (80%) e Loureiro (20%). Muito fresco, com frutas e flores brancas, peras, ligeiramente sápido, refrescante, com curta/média persistência.
3D

2 – Paço de Teixeró Rosé 2010
Produzido com Touriga Nacional e Touriga Franca. Cerejas frescas, morango e algo de romã. Fresco, equilibrado e de média persistência.
3D

3 – Quinta do Côtto Tinto 2009
Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão, de vinhedos com idade média de 20 anos, em solos xistosos. Frutas vermelhas sobremaduras, em conserva, leve defumado e algo de especiarias. Fresco e tânico, algo de rancio, fino e ainda jovem, com média/longa persistência.
3D+

4 – Quinta do Côtto Grande Escolha 2007
Touriga Nacional e Tinta Roriz de vinhas velhas, solos xistosos, com 14 meses em barricas. Frutas vermelhas frescas, madeira bem marcada, com tostado e baunilha. Intenso, com bom frescor e adstringência, taninos finos e abundantes e média/longa persistência.
4D

5 – Quinta do Côtto Grande Escolha 2001
Interessante oportunidade de provar o mesmo vinho agora mais maduro. Fruta vermelha madura, já integrada com a madeira, balsâmico, especiarias e ervas aromáticas, macio e adstringente, com muitos taninos, finíssimos, bom frescor e fim de boca lembrando café espresso, longo.
4D+

Ao fim da degustação, uma surpresa; eu, como vencedor do Portugal Wine Expert São Paulo, Thais, vice-campeã, e Jéssica, vencedora de Salvador, fomos presenteados pela Quinta do Côtto cada um com uma garrafa Magnum do Quinta do Côtto Grande Escolha 1990, um presente realmente especial. A minha está aqui aguardando pela sua hora, e prometo que quando a hora chegar compartilho aqui a experiência, ok?
Antiga cubas de fermentação a céu aberto
Muros de contenção das Vinhas Velhas da Quinta do Côtto
Depois de um agradável jantar no restaurante Castas e Pratos, em Peso da Régua, que tem uma das melhores Cartas de Vinhos da Região, deixamos no dia seguinte esta bela e, ao menos para mim, inesquecível região que é o Douro, rumo a Lisboa. Mas antes, no próximo post, uma parada estratégica na Bairrada, para provar o famoso leitão, com alguns dos melhores espumantes de Portugal. Não percam...

Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.

Grande abraço a até a próxima.

2 comentários:

  1. Boa Tarde. Gostaria de saber onde encontrar o ROZÈS RUBY PORTO, pois é de sabor inigualável. Comprei duas garrafas já a algum tempo e não consigo mais encontra-lo. Gostaria de encontrar novamente este vinho.
    Resido na grande Porto Alegre no Rio grande do Sul,BRASIL.
    Um Grande Abraço.
    Fernando Feijó Gonçalves.

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    Respostas
    1. Fernando, não encontrei informações em relação a importação do Rozés para o Brasil, mas vou continuar pesquisando e se encontrar alguma coisa informo por aqui ok?
      Abraço

      Excluir

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