terça-feira, 2 de março de 2010

Degustação - Tannats das Stagnaris
















Tive nesta semana a oportunidade, sempre interessante, de provar dois vinhos da mesma cepa e país lado a lado. No caso, tratavam-se de dois Tannats uruguaios, de duas bodegas distintas mas com uma curioso semelhança (depois eu explico).






A Tannat é uma cepa de origem francesa, da região de Madiran, e que até bem pouco tempo, e salvo poucos e cuidadosos produtores, nunca produziu grandes resultados em seu país natal, porém, já há alguns anos, tem se mostrado a cepa emblemática do Uruguai, devido a sua boa adaptação ao terroir de nosso vizinho cisplatino, após sua implantação em 1874, pelo imigrante basco Harriague (que também é um dos nomes pelo qual a casta é conhecida).






Depois da divulgação, por meio do programa Globo Repórter, de uma pesquisa que indicava que a Tannat é a cepa tinta com maior quantidade de substâncias benéficas a saúde, começou uma pequena "moda" de consumo de Tannat no Brasil, o que despertou a atenção de importadoras que antes não contavam com este produto em seu portfólio. Na verdade, todo cepa tinta é benéfica a saúde, porém a Tannat tem quantidades ligeiramente superiores destas substâncias. Como nem mesmo os cientistas conseguiram explicar com precisão o mecanismo por meio do qual estas substâncias agem, não há razão imediata para abandonar nosso Pinot ou Cabernet, tratando-se, apenas, de uma boa justificativa para descobrir os encantos desta casta.





A Tannat, em geral, dá origem a vinhos retintos, encorpados, cheios, e muito tânicos, embora estes taninos sejam muito finos quando o produtor faz um bom trabalho. Caso dos dois vinhos que comentarei a seguir. A curiosidade sobre estes vinhos, como o plural no título do post leva a supor, é que as duas bodegas tem o mesmo nome; uma se chama Bodega Stagnari e a outra Antigua Bodega Stagnari. Pelo menos no que consta no site de ambas as empresas, não há nenhuma ligação, mas suponho que devam tratar-se de dois ramos distintos de uma mesma família.





O primeiro é o Stagnari Tannat Viejo 2007, da Bodega Stagnari, importado pela Cantu. Trata-se de uma vinho com 12 meses de passagem por barricas, que apresenta uma bela coloração rubi intensa, com reflexos violáceos e discreto halo de evolução. Os aromas são de frutas em compota, em especial amoras, com a barrica bem marcada em notas tostadas e de coco intensas. Na boca é um vinho de boa acidez e adstrigência, com taninos abundantes e finos, sem demonstrar seus 14° alcoólicos, com um corpo médio + e média persistência. Um vinho muito agradável, e que eu classifico como 3D.





Já o segundo vinho é o Cantharus Seleccion Tannat 2007, da Antigua Bodega Stagnari, importado pela Giuseppe Naccari, de Sorocaba, que além dos uruguaios está prometendo uma seleção de vinhos peruanos para muito em breve. O vinho é também rubi, porém com um pouco menos de intensidade. No nariz é bem fechado, demandando uma decantação prévia, ou algum tempo de adega. A passagem por barricas é menor, logo estas notas se apresentam de forma mais discreta. Após algum tempo o vinho se abre com notas de café, malte, frutas vermelhas maduras, e um discreto toque herbáceo. Na boca é seco, com boa acidez, boa adstrigência e bastante tânico, mais que o Tannat Viejo, porém com taninos muito finos. Na boca aparecem sabores e aromas frutas intensos, e o retrogosto é bem longo e agradável, evocando notas tostadas e castanhas. É um vinho ao qual eu dou a classificação 4D.





Só faço um pequeno parênteses para esclarecer um pequeno detalhe. Embora o segundo vinho, após uma degustação cuidadosa, tenha recebido um avaliação superior, o Stagnari Tannat Viejo é um vinho mais acessível, mais fácil de entender e gostar. Como sommelier, é um vinho que eu recomendaria sem medo a um cliente. Já o Cantharus é um vinho mais fechado e austero, e que embora tenha mais qualidades, demanda alguma compreensão de suas particularidades por parte de que o prova.





Mas, foi uma degustação bem positiva, que demonstrou a grande qualidade e evolução desta cepa que, esperamos, virá ainda a conquistar um espaço maior em nossas taças.





Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".





Grande Abraço e até a próxima.

5 comentários:

  1. 4D boa avaliação, soube identificar as qualidade reais de um bom vinho, gostaria de falar sobre esta semelhança no nome das bodegas, é realmente da mesma familia trata se de dois irmão a mulher cuida da Stragnari e o irmão homem cuida da Antigua Bodega Stagnari a qual produz vinhos alta gama, trata se dos vinhos do Uruguai mais premiados.
    Maiores Informações Importadora Giuseppe Naccari contato 33187713 / 33291315
    Sommelier Comercial Giovana D´Ippolito

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  2. Ok Giovana. Valeu pela colaboração. Continue acompanhando.
    Abraço

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  3. Eu sendo um sommelier tambem já fiz esta comparação com os vinhos Viejo e Cantharus realmente são bem diferentes pois Viejo eu considero um vinho popular para o dia a dia e o Cantharus já é um vinho para os conhecedores aquele que sabem distinguir a alta qualidade do produto.
    Att
    Aluisio

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  4. Só um pequeno comentário a respeito da origem Tannat ela não e do Cahors ela e do Mandiran que fica na mesma região que fica no Sudoete da França.

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  5. Ops! Um pequeno lapso, já corrigido. A casta originaria da região de Cahors é a Malbec. Obrigado pelo toque.
    Abraço

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