sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Degustação - Mouchão 1979 no Olavo


Neste post vou repercutir um assunto e repetir uma foto já utilizada em outro blog. Estive na última quarta no simpático Olavo Restaurante e Tasca do Chef Rogério Silva, acompanhado dos amigos e também blogueiros Alexandre (Diário de Baco) e Cristiano (Vivendo Vinhos) para bater papo, trocar ideias e provar alguns vinhos.

Nossa grande estrela acabou sendo o Mouchão 1979 em questão, garrafa que já estava em minha adega há alguns meses pedindo para ser aberta. Um belo português do Alentejo, produzido com castas locais, sendo dominante a Alicante Bouschet. Declarei à Revista Menu, edição de nov/09, que um grande desafio para um sommelier é abrir o vinho na hora certa. Estou convencido que, emocionalmente, não existe hora certa senão aquela em que você se sente a vontade para provar aquele vinho, porém, tecnicamente falando, todo vinho tem o seu ápice, e é neste ápice que, num mundo perfeito e cor-de-rosa, todas as garrafas seriam abertas.

Assim como deveria ser um crime abrir uma garrafa de Barca Velha logo que ela chega ao mercado, igualmente triste é guardar um vinho especial com carinho por vários anos e, ao abri-lo, descobrir que o mesmo já se foi. Quando decidi levar este Mouchão ao nosso encontro, precavido, sugeri aos amigos que levassem sua garrafas também, afinal, um vinho com 31 anos, por mais que tenha sido corretamente armazenado, sempre pode trazer uma surpresa desagradável. Mas, felizmente, não foi o que aconteceu. O vinho estava soberbo...

Sua coloração ainda apresentava notas rubi, apenas com um reflexo atijolado nas bordas. O halo aquoso sequer era tão grande quanto seria de se esperar. Sua coloração demonstrava maturidade, mas ainda com a energia da juventude.

No nariz fruta muito concentrada, compota, geléia, couro, especiarias e um toque de sous-bois, grande complexidade e intensidade. Na boca, um vinho quase licoroso, potente e direto, com boa acidez, taninos vivos e um final quase interminável.

Um grande vinho, que recebe em minha escala a classificação 6D.

Após este grande vinho, que foi devidamente degustado sem a companhia de comida. Enveredamos pelo cardápio do Olavo, provando um ótimo bolinho de polenta com jamon e queijo manchego, onde a nota rançosa do queijo integra muito bem o conjunto, como entre-métier, uma amostra de um gostoso risotto de calabresa de javali e vinho tinto, e já como prato principal, sugeri que confiássemos na veia criativa do Chef Rogério que, conforme eu esperava, não nos decepcionou. Provamos um pequeno menu-degustação, com cupim em baixa temperatura em redução de cerveja preta com polenta de espinafre (muito bom), lombo de cordeiro em redução de vinho tinto e cogumelos (excelente) e carré de cordeiro em crosta de ervas com aligot, uma fonduta de dois queijos (fantásticos). Foram grandes pratos, para coroar uma grande noite, regada a um grande vinho...

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações"

Abraço a todos, a até a próxima...

4 comentários:

  1. Bem Diego, foi um prazer visitar seu blog, primeiro pelas suas colocações que denotam realmente conhecimento sobre o vinho e por esta jóia postada, 1979, e com esta vivacidade, realmente foi muito bem adegado. Parabéns continue nos presenteado com seus posts !

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  2. Valeu pela força. Continue acompanhando, teremos muitos bon vinhos pela frente...
    Grande Abraço

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  3. Oi Diego, tomei ano passado um Mouchão 1963, que infelizmente já tinha dobrado os joelhos. Era um vinho apenas bebível, sem força e muito fraco de aromas, uma acidez quase vinagrante. Não acho que o Mouchão seja um vinho que aguente tanto tempo de guarda, mesmo esse 79 que você tomou inspirou dúvida antes de abrir não foi?

    Abraço.

    Eugênio Oliveira
    www.decantandoavida.com

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  4. Eugênio, está é a segunda garrafa do Mouchão 79 que abro, e as duas estavam perfeitas. Tenho referências também de pelo menos outras 4 garrafas deste vinho e safra que estava perfeitas. O risco de um vinho tão antigos ter algum problema com certeza existe, mas aí o importante é a procedência, saber como e onde este vinho foi guardado. O meu veio da garrafeira da Herdade do Mouchão, o que dá a segurança de que, salvo contaminação por TCA, o vinho estará ok. Agora, um 1963, aí já é muito antigo mesmo. Mesmo o 1979 que eu provei deveria ter não mais que 5 anos pela frente. Porém, outras safras que provei do Mouchão (1985 e 1990) mostram um vinho sim com um grande potencial de guarda. Dê uma olhado no Post do 1990 acima...
    Abraço e continue colaborando...

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