sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vinhos Espanhóis com Andreas Larsson na Casa do Porto.


Conforme eu havia adiantado, após a Aula Magna de Andreas Larsson na ABS, seguimos para uma degustação de vinhos espanhóis na Casa do Porto, na Alameda Franca, onde seus proprietários, Péricles e Rodrigo, nos acolheram com grande simpatia.
Logo na chegada, um Welcome Drink diferente; ao invés de espumante, cerveja. Mas não qualquer cerveja, e sim uma cerveja produzida pelo método Champenoise, onde ocorre uma segunda fermentação em garrafa, conferindo o perlage a bebida, seguido de um período de amadurecimento, que confere maior complexidade ao produto. A cerveja era a Einsenbahn Lust, de Blumenau, e é uma das únicas três cervejas no mundo produzidas por este método; apresenta bom corpo, paladar leve, e uma agradável conjunto de aromas, onde se destacam as frutas. Mais leve do que seria de se esperar de uma cerveja com 11,5° alcoólicos.
Passando a degustação dos vinhos, que foi comandada por Larsson e a qual estavam presentes, entre outros, Didu Russo, Arthur Azevedo, Jorge Carrara e César Adames, começamos com uma bela surpresa, uma amostra de barrica do Chateau Valandraud 2009! Trata-se de um dos grandes vinhos de Saint-Emilion, produzido com maestria por Jean-Luc Thunevin, mais especial ainda por tratar-se da tão comentada safra 2009, que tem sido comparada às grandes safras de 2005, 2000, 1982 e outras. O vinho era denso e encorpado, apresentando intensos aromas frutados, e taninos vivos e abundantes. Com uma bela acidez, já demonstra que, com a continuidade de seu amadurecimento em barricas, alcançará grande equilíbrio e qualidade. Classifico este vinho como 5D.
A seguir, os espanhóis. Foram sete tintos e um vinho doce, a maioria orgânicos e/ou biodinâmicos, e são novidades no portfólio da Casa do Porto, e inclusive alguns nem tem preço definido ainda. O serviço dos vinhos foi conduzido com maestria pelo meu amigo, o competente sommelier Ariel Perez.
1 - Mancuso 2004 - 100% Garnacha - Região:Valdejalon
Menta bem marcante, leve toque oxidado, fresco, com média acidez e boa adstrigência, longo.
4D
2 - Zerberos de Pagos Galayos 2006 - 100% Garnacha - Região:Castilla y Leon
Para alguns, eu entre eles, o melhor da série, com agradáveis notas de fruta em compota, intenso mineral, suculento e encorpado, com boas complexidade, equilíbrio e duração em boca.
5D
3 - César Príncipe 2006 - 100% Tempranillo - Região:Cigales
Ainda um pouco fechado, com frutas negras e especiarias, taninos finos, longo e agradável.
4D
4 - Vizar Selección 2006 - 50% Tempranilo 50% Syrah - Região:Castilla y Leon
Fruta madura no nariz, com tostado e especiarias. Na boca apresenta uma fruta mais fresca, taninos finos, e uma nota de cacau no retrogosto.
5D
5 - Alzania Cuvée 2006 - 100% Syrah - Região:Navarra
Nariz fresco, discreto vegetal, pimenta, boa acidez e longa duração.
3D
6 - Ramiro's 2006 - 100% Tempranillo - Região:Ribera del Duero
Um pouco fechado, com tostados e baunilha, taninos doces e finos, com geleia e côco na boca.
4D

7 - Antonino Izquierdo 2006 - 95% Tempranillo 5% Cab. Sauvignon - Região:Ribera del Duero
Fruta madura, própolis, tabaco, bom corpo, longo e equilibrado.
5D

8 - Mas Estela Solera 1991 - 100% Garnacha
Defumado, notas oxidadas, amêndoas, frutas secas, casca de laranja, muito longo, redondo.
5D
Deixando de lado a harmonização, o cardápio do almoço foi baseado em ingredientes típicos nacionais, com o objetivo de apresentar novos aromas e sabores ao sommelier sueco, visitando o Brasil pela primeira vez. A Paella passou por uma releitura nas mãos da Chef Thais Bulgareli, que além dos tradicionais camarões adicionou tambaqui, pequi, carne de sol, pupunha e algo mais, resultando em um prato curiosamente agradável e exótico. Embora de difícil harmonização, em minha opinião o peculiar sabor do pequi caiu bem com as notas aromáticas e a acidez relativamente baixa da Garnacha. Na sobremesa, uma trilogia de sorvetes, com cupuaçu, açaí e taperebá ( ou cajá, ou cajamanga), que não combinaram em nada com o vinho, mas estavam muito gostosos. Larsson ficou especialmente encantado com o açaí, sabor que ele achou muito exótico.
Ainda se seguiram outros eventos com Larsson no Brasil, que embarca amanhã para Santiago, para o Concurso de Melhor Sommelier do Mundo. Neste dois em que participei, ficou a visão de uma pessoa simpática, que em nenhum momento permite que sua posição suba a cabeça, e que está sempre pronto a partilhar seus conhecimentos e experiências.
Espero que tenham gostado deste pequeno relato, e até a próxima.
Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande Abraço

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não se esqueça de deixar o seu contato para eventuais respostas, ok?

Postagem em destaque

Enoturismo em Mendoza

Como parte de nossa nova parceria com a LATAM Travel Shopping Frei Caneca , teremos no mês de Novembro/2016 um imperdível tour por alguma...