segunda-feira, 27 de junho de 2011

Polvo, Tango, Frio e Altitude





E lá estávamos em Buenos Aires, no Aeroparque, as margens do Rio de La Plata, prontos para uma semana intensa. O grupo convidado pela Wines of Argentina era composto por nove pessoas, sendo estas o consultor, restauranteur e jornalista Paulo Ferreti, do Tre Ristorante e Lagar Consultoria, Simone Vaz, do Hotel Unique, Marlene Souza, do Le Pre Catelan, Vinícius Rangel, do Garcia & Rodrigues, Jocinei Melo, da Santa Adega, Alan Rocha, do Sabores Portugueses, Samuel de Oliveira, do Ostradamus e Fábio Gagliotto, da Adega Bonna Mania, além deste humilde escriba...
Após o Check In no hotel (hotel nº 1), seguimos para nossa primeira refeição, no tradicional Miramar, no centro da capital. Um restaurante antigo, simples e rústico, com um cardápio de sugestões em papel sulfite preso a uma tábua, que vocês podem ver nas fotos, porções fartas e sem frescura. Comida do dia-a-dia. Nada melhor para começar a “aclimatação”! Provei o Pulpo Galego da foto abaixo. Um polvo muito bem cozido, fartamente temperado com azeite e páprica, guarnecido de batatas cozidas, grandes e inteiras, apenas descascadas. Nada do outro mundo, mas muito gostoso.


O curioso cardápio e o Pulpo Galego do Miramar

A agradável surpresa ficou por conta do vinho; pedimos um Benegas Syrah, e para nossa surpresa a garrafa disponível era da safras 2002. Aparentemente a conservação não era das melhores, mas decidimos arriscar mesmo assim. Embora a criatura já estivesse começando a descer a ladeira, estava muito bom, evoluído, muito macio e complexo. Uma opção interessante de tinto para acompanhar meu polvo.
A seguir, programa de turista, com city tour por San Telmo, Caminito, La Boca, monumentos nacionais e alguns cochilos. O momento mais especial ficou por conta da passagem pelo estádio La Bombonera, lar do Boca Juniors, onde estava ocorrendo um partida muito especial. Naquele dia se despedia dos gramados o atacante Palermo, grande ídolo da torcida argentina pelos muitos gols que fez, e grande ídolo da torcida brasileira, pelos muitos gols que perdeu; afinal quem não se lembra daqueles três, isso mesmo, TRÊS pênaltis desperdiçados por Palermo em uma única partida contra o Brasil? Fica aqui nosso agradecimento e desejo de que o futebol argentino possa formar muitos artilheiros e batedores de pênaltis com este. Valeu Palermo!!!


Martin Palermo, Ídolo de duas nações!!!


À noite, ainda um programa turístico, com um show de Tango no tradicional Café de los Angelitos, muito bom, eu recomendo, só músicos e dançarinos profissionais, nada de pernas de pau dedicados e tirar alguns trocados dos turistas, coisa boa mesmo...


Bife de Chorizo e Tango, Alma Argentina


No dia seguinte, demos início aos trabalhos oficiais, com um seminário apresentado por Paz Levinson, melhor sommelier argentino em 2010, a respeito das diversas regiões da Argentina, com especial destaque para Salta e Patagônia, as regiões vinícolas que não teríamos a oportunidade de visitar naquela viagem. Levinson fez um completo panorama sobre a vitivinicultura de seu país, inclusive mencionando novas fronteiras de produção que começam e despontar nos departamentos de Buenos Aires e Santa Fé. Ambas as regiões, Salta e Patagônia, gozam de climas áridos. A Patagônia, ao sul, é mais fria, o que permite vinhos mais elegantes, bons espumantes, além de um bom desenvolvimento de castas de clima frio, como a Pinot Noir. Já Salta, tem como principal característica a altitude, com vinhedos que chegam até 3.100msnm. Tanta altitude, aliada a uma boa insolação e solos pobres, resulta em baixa produção de uvas, com bagos pequenos, e cascas grossas, o que leva a vinhos intensos e concentrados, de elevada qualidade.
A seguir, tivemos uma minifeira, apenas com produtores de Salta e Patagônia, visando um melhor conhecimento de seus produtos. As vinícolas presentes eram, Bodega del Fin del Mundo e Família Schroeder, de Neuquén, Patagônia, Bodega del Desierto, de La Pampa, também Patagônia, e Tukma, Félix Lavaque, El Esteco e El Porvenir, todas de Cafayate, Salta. Meu destaque especial fica por conta dos dois Torrontés da Tukma, incluindo um Gran Reserva fermentado e maturado em carvalho, o Corde Caldén, da Bodega del Desierto, muito bom, além do bom nível dos vinhos da Família Schroeder, todos acima da média. As notas completas de todos os vinhos degustados estão no post “Argentina – Notas de Degustação”.
À noite, um pulo até Palermo (o bairro, não o jogador) para um jantar em um dos melhores restaurante de Buenos Aires, o Casacruz. Ótimo ambiente e excelente comida, vale a visita. Até então, só diversão, boa comida, bons vinhos, muito conforto... Mas nada podia nos preparar para o dia seguinte...
Mas isso já é tema para o próximo post.
Abraço e até a próxima.

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