segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Degustação - Château Lafite-Rothschild 2002 e Château Haut-Brion 1999

Apenas relembrando, para quem não acompanhou meus últimos quatro posts, venho apresentando aqui um pouco mais a respeito dos vinhos degustados durante o memorável jantar ocorrido no Olivetto Restaurante e Enoteca em novembro, do qual já passei o cardápio completo em outro post.Agora, encerrando nossa seleção de tintos, mais dois belos Premier Crus, Lafite e Haut-Brion.
Inicialmente, o Château Lafite-Rothschild 2002!

Embora esta propriedade compartilhe o sobrenome com o Château Mouton, ambas são totalmente independentes, pertencendo a ramos separados da família. O Château Lafite em especial é uma propriedade muito antiga, com os primeiros registros a seu respeito datando de 1234. Porém, assim como a Château Latour, apenas no séc. XVII a propriedade passou a gozar de maior prestígio. Nesta época Lafite, Latour e Mouton pertenciam ao mesmo dono, Jacques de Ségur. No princípio do séc XVIII, seus descendentes obtém êxito em fornecer vinho para a casa real, fazendo com que Lafite se tornasse, na época, o vinho favorito da corte francesa. Testemunho da qualidade superior do vinho já nesta época, vem dos escritos do ex-presidente americano Thomas Jefferson, então embaixador da jovem república dos Estados Unidos na França. Após alguns meses de visitas e estudos dos vinhedos e vinhos de Bordeaux, Jefferson inclusive elaborou sua própria classificação de qualidade dos vinhos da região, e apontou como os melhores vinhos justamente aqueles que, mais de 70 anos depois, seriam os quatro Premier Crus Classés originais, Lafite, Latour, Margaux e Haut-Brion.
É importante frisar que durante todo este período, as trocas de comando foram frequentes, como é comum à história de muitas propriedades bordalesas. Foi apenas mais de uma década após a classificação de 1855, mais precisamente em 1868, a o Château Lafite foi adquirido pelo Barão James de Rothschild, e passou, então, a ostentar seu sobrenome.
Hoje a propriedade é administrada pelo Barão Eric, que foi o responsável pelas recentes renovações pela qual o Château passou, com melhoria em sua estrutura, avanços tecnológicos, e aquisição de outras propriedades, na França e fora dela, como por exemplo Duhart-Millon, Rieussec, Viña Los Vascos, entre outras.
Mas, dados históricos a parte, vamos ao vinho!
A safra 2002 não foi fácil, com um inverno quente e seco, e temperaturas baixas na época da floração, o que levou a quedas de rendimento, devido ao desenvolvimento desigual das videiras. Melhoras mais próximas a colheita permitiram, apesar das quantidades menores, obter-se, ainda assim, vinhos de boa qualidade, densos, com taninos fechados, e bom potencial de guarda. A coloração ainda é de um rubi intenso, com poucos sinais de evolução; o nariz é fechado, demora a se mostrar, com notas balsâmicas, especiarias doces, castanhas e um leve floral. Em boca, ótimo frescor, fino e agradável, com taninos de boa qualidade, elegantes e bem colocados, dando suporte a um longo fim de boca. Um vinho que definitivamente ainda precisa de alguns anos de adega para mostrar o seu melhor.
5D+
Em seguida, o único Premier Cru de fora do Médoc, o Château Haut-Brion!

A propriedade existe como produtora de vinhos de alta qualidade em Péssac-Léognan desde o séc XV, e desde então passou pelas mãos de cinco famílias. Vale destacar que, na "classificação" informal feita por Thomas Jefferson, Haut-Brion era seu favorito. A propriedade foi adquirida em 1934 pelo banqueiro americano, filho de uma francesa, Clarence Dilon, e é administrada desde 2008 por seu bisneto, Príncipe Robet de Luxembourg. Outra característica importante deste vinho é seu caráter único, com marcadas notas animais, que o tornam, em geral, muito fácil de ser reconhecido em meio aos demais Premier Crus, mesmo às cegas. Isto se deve a presença de Brettanomyces, uma cepa de levedura que, embora muitos considerem um defeito, em pequenas quantidades pode acrescentar uma significativa complexidade aromática ao vinho. Aqueles que defendem a presença de Brett como um componente de complexidade, usualmente citam Haut-Brion como exemplo; afinal, seria impossível imaginar este vinho sem seu marcado caráter olfativo.
A safra de 1999 em especial foi marcada por uma série de eventos meteorológicos extremos, mas resultou, ao final, em vinhos de boa qualidade. Este Haut-Brion em particular apresenta coloração rubi intensa, com discretos reflexos grená; no nariz, uvas passas, notas animais, estábulo, especiarias e flores, tudo muito bem integrado; em boca, intenso, com muitos e finos taninos, macio, potente e longo.
5D+
Bom, espero que tenham gostado. No próximo post, sobremesas, com dois vinhosinhos da região, Château Rieussec e Château d'Yquem, ambos 1998. Até lá!
Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".
Grande abraço e até a próxima!

Um comentário:

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