quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Setúbal – Herdade da Comporta

Para terminar, de volta ao começo...


Conforme eu havia dito lá atrás, começamos o giro pelo continente pela Península de Setúbal, ao sul de Lisboa, porém, como o encerramento foi ali também, deixei para abordar a região aqui no final.

A Península do Setúbal é composta pela região que se estende ao sul de Lisboa, do outro lado da foz do Tejo. Até recentemente, parte da região era denominada Terras do Sado, mas, assim como Ribatejo e Estremadura se tornaram, respectivamente, Tejo e Lisboa, Terras do Sado assumiu o nome da formação geográfica mais ao norte da região, a tal Península de Setúbal. O clima aqui é atlântico, com solos argilo-calcáreos, próximo a Serra da Arrábida, e arenosos nos vales.

A região tem duas DOCs; Setúbal, de onde vem o Moscatel de Setúbal, vinhos de sobremesa fortificado, de elevada qualidade quando bem feito, e Palmela, onde se obtém os melhores resultados com a casta tinta Castelão (também conhecida como Periquita). A região guarda algum pioneirismo na produção de vinhos mais modernos, com uso inclusive de castas internacionais, como no Quinta da Bacalhôa, um Cabernet Sauvignon entre os tintos portugueses mais conhecidos por aqui.

Começamos a explorar a região pela Herdade da Comporta. Localizada ao sul da Baía de Setúbal, trata-se de uma das maiores propriedades rurais contínuas de Portugal, com mais de 12.000ha, que incluem praias, aldeias, e grande plantações de arroz, principal cultura da Herdade. Neste cenário o vinho ocupa um pequeno espaço, com apenas 30 ha plantados, e planos de ampliação até, no máximo, 40 ha. As plantações estão em um pequeno vale, a poucos quilômetros de distância do mar, e são compostas principalmente das tintas Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Touriga Franca, e, em menor quantidade, as brancas Antão Vaz e Arinto. O solo ali é arenoso, como na maior parte da região, porém composto de uma areia mais pesada, com características de drenagem e composição mineral diferenciadas.
Solos arenosos da Herdade da Comporta
Já a cantina, é moderna e bem cuidada. A área de recepção das uvas fica fora da cantina, e tubulações a ar puxam as uvas selecionadas, levando-as diretamente para as desengaçadeiras, e daí, por gravidade, para as cubas e lagares em inox, que contam com robôs para a pisa das uvas. Após a fermentação, com temperaturas controladas, os vinhos seguem para pipas de 500 litros, de carvalho francês e americano, ondem repousam ao som de canto gregoriano (mais marketing para turistas do que razões técnicas...).
Modernas instalações da cantina
Foto meio fora de foco da sala de barricas. Para a próxima viagem preciso providenciar uma máquina com tripé...

Os vinhos forma degustados durante um agradável almoço no restaurante regional Pinheiro Novo. A curiosidade fica por conta do proprietário do restaurante, um jovem brasileiro, concentrado em fazer uma comida regional sem firulas, mas precisa e bem-feita.
Restaurante Pinheiro Novo
Os vinhos degustados foram:

1 – Parus Branco 2009
100% Antão Vaz, agradável e equilibrado, com notas cítricos e abacaxi. Falta um pouquinho de acidez, mas por outro lado resulta num branco bem macio, de média/longa persistência.
3D+

2 – Parus Tinto 2008
Prioritariamente Alicante Bouschet (80%), com pequenas quantidades de Aragonez e Touriga Nacional. Fino e complexo, com toques contidos de madeira, como especiarias e tostados. Fruta madura, macio, de bom corpo e média/longa persistência.
3D+

Após uma breve parada na praia particular da Herdade (na qual nós não tivemos tempo de nadar...) seguimos nossa viagem, rumo a Évora, da qual já falei em outro post.
Uma visão do Paraíso... Fora do nosso alcance.
Uma curiosidade a respeito do nome Herdade, muito comum em propriedades rurais do Alentejo, e Quinta, muito comum no norte de Portugal. No norte, densamente povoado, as propriedades eram, em geral, pequenas e familiares, quase um quintal muito grande, vindo daí o nome quinta. Já no sul, mais árido e pouco povoado, quando a coroa portuguesa precisa de apoio para a guerra, oferecia aos que a apoiavam largas porções de terra, que seriam, a partir de então, hereditárias, passadas de uma geração para a outra, e daí o nome Herdade.

Mas, Herdades e Quintas a parte, nó próximo post encerro este giro por Portugal, com o jantar na casa do Mestre António Saramago.

Dúvidas sobre o meu sistema de pontuação? Leia o post “Degustações e Pontuações”.

Grande abraço e até lá.

2 comentários:

  1. Pois então,...
    Estava degustando suas informações, me pareceu que vc tem a intenção de por um fim, pelo menos momentaneamente, lí do fim até o 1º post, li de vinhos que nunca tinha ouvido falar e muitos que já tive a oportunidade de desfrutar(já mais imaginei as notas que obtiveram), bom o que gostaria de falar é que lendo seu post inicial voce poderia realmente ter a certeza já idealizou sua idéia inicial. Bom, se sim agradeço imensamente as informações compartilhadas e se não aguardarei novas e valiosas informações.
    O que é aquela mesa na Ventisquero, mio dios!!

    Sei lá cada vez que penso em vino, penso na toscana!

    Vai lá fala um pouco desse vinhos!!!

    Muito bom. Parabéns.

    abs. Bernardo.

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  2. Olá Bernardo
    Agradeço a atenção dispensada ao blog. Fique tranquilo, que o que vai acabar é só o relato de minha viajem a Portugal, o blog continua... Inclusve com bons vinhos toscanos...
    Grande Abraço
    Diego

    ResponderExcluir

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