quinta-feira, 18 de março de 2010

Degustação - Cobos 2006


Cobos 2006, 99pts do Sr. Robert Parker, mas.... e daí? É um vinho que realmente vale os mais de R$ 600,00 que custa?

Conforme mencionei em um post anterior, acredito que o vinho não é uma ciência, não cabendo, portanto, pontuações precisas. Afinal, como diferenciar, às cegas, um vinho que recebeu nota 98+ de uma que recebeu 99? Porém, o mercado absorveu de bom grado o sistema de pontuação adotado hoje, principalmente,por Robert Parker e pela Wine Spectator Magazine, utilizando altas pontuações como justificativa para campanhas de marketing agressivas e preços exorbitantes. E é este o caso deste Cobos 2006, importado pela Grand Cru.

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que gostei do vinho, o vinho é sim muito bom, mas R$ 600,00?!?! Aí é demais. O Cobos 2006 é, até o momento, o vinho sul-americano com maior pontuação na imprensa internacional, mas, em minha modesta opinião, não é tão bom quanto o Carmin de Peumo 2003 Concha y Toro (97pts Robert Parker, 5D em minha avaliação) ou o Nicolas Catena Zapata 2004 (98+pts Robert Parker e também 5D em minha avaliação).

Mas, Robert Parker a parte, vamos ao vinho. O Cobos 2006 apresenta uma coloração rubi intensa, com pronunciado reflexo violáceo, discreto halo de evolução e lágrimas finas e abundantes. No nariz é um vinho ainda fechado, precisando de alguns anos de garrafa para mostra todo o seu potencial, mas já apresenta muita fruta em compota, alcaçuz, especiarias e baunilha, bem como notas florais e uma pontinha de álcool, que lembra um pouco um Porto. Na boca, é seco, com uma acidez boa, porém um pouquinho a menos do que o necessário, sem amargor, com boa adstrigência a taninos finos, embora muito poucos. Os 15,5° de álcool sobram, demandando uma decantação de não menos que 1 hora para suavizá-lo, é um vinho bem encorpado e de final longo e agradável.

Embora o vinho não apresente nenhum defeito grave, estava, em minha opinião, um pouquinho desequilibrado, faltando acidez e estrutura para suportarem todo o corpo e álcool, desequilíbrio este que não compromete de modo muito significativo a degustação, porém não era o esperado em um vinho de mais de R$ 600,00.

Acredito que, com alguns anos de garrafa, este vinho pode, em minha escala de avaliação, alcançar a nota 5D, mas hoje classifico-o como 4D.

Dúvidas sobre meu sistema de pontuação? Leia o post "Degustações e Pontuações".

Abraço e até a próxima.

4 comentários:

  1. Confrade,

    Análise isenta e muita equilibrada. Gosto do Parker, mas o assessor dele vem periodicamente para Argentina e o Chile e andou distribuindo umas notas no mínimo incompatíveis para alguns vinhos!

    Abraço

    www.blogdojeriel.com.br

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Jerial, obrigado pela colaboração. Bom saber que conto com a audiência de outros blogueiros consagrados...
    Abraço

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  4. Diego experimentei o Cobos Malbec neste final de semana no restaurante Rosa Negra em B. Aires, 1100 pesos na mesa e 650 para levar, é bom mas concordo com sua opinião de preço muito salgado.

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